Naufraga embarcação contratada pela Vale para retirar balsas de rio
Rebocador colidiu com banco de areia; tripulantes conseguiram chegar à terra firme; mineradora afirmou que empresa responsável pelo rebocador elabora plano de reverter a situação
Uma embarcação de uma empresa contratada pela Vale para retirar seis balsas abandonadas no rio Mearim, em Arari, naufragou, na tarde da última segunda-feira, dia 22. O rebocador colidiu com um banco de areia. Cinco tripulantes conseguiram chegar à terra firme e foram socorridos pela Guarda Municipal e por populares na comunidade de Flexeiras-Arari. Só houve danos materiais.
A embarcação estava a caminho para retirar uma das balsas que está encalhada na foz do Igarapé do Nema, que compromete a pesca na área. Nessa região, o curso d’água foi comprometido pela balsa, pois a água que entra e sai, em um processo natural, agora está com seu volume acima do normal, o que representa risco de mortandade para os peixes que se reproduzem nesse trecho do rio. No referido ponto, já é possível ver o avanço do mururu, planta típica da região, diminuindo o espaço para respiração dos cardumes.
A Vale confirmou o incidente e afirmou que a empresa Starmar (contratada para rebocar as balsas), responsável pelo rebocador que adernou em um banco de areia, informou já realizar análise das condições do rebocador envolvido na ocorrência para elaborar o plano de salvatagem da embarcação. As autoridades marítimas e instituições competentes foram devidamente comunicadas e, junto à Vale, acompanham a questão.
Relembre
Abandonadas após uma obra contratada pela Vale, seis balsas à deriva estão causando riscos de tragédias no rio Mearim, em Arari, e comprometem a pesca de famílias ribeirinhas e pescadores locais. As embarcações foram usadas durante a construção de uma ponte ferroviária sobre o rio Mearim, concluída em 2016, como parte da obra de duplicação da Ferrovia Carajás.
Mais afetados, proprietários de embarcações do povoado Arraial, em Arari, temem pelo seu patrimônio e por suas vidas, pois as balsas, depois que se desprenderam dos pontos onde estavam paradas, passaram a se deslocar pelo rio, causando estragos por onde passam. Por causa do comprimento, de cerca de 80 metros, e da largura das balsas, os donos de barcos, a maioria pescadores, não têm como segurá-las, o que aumenta o perigo de colisões.
Denúncia
O caso foi denunciado por O Estado no dia 16 de outubro. Posteriormente, a Vale afirmou, por meio de nota, que fará a retirada das balsas do rio. De acordo com a mineradora, as embarcações são de responsabilidade de empresas subcontratadas pela empreiteira Novus, a qual teria firmado um contrato com a Vale, para a construção de uma ponte ferroviária sobre o rio Mearim. A Vale informou também que, mesmo depois de terem sido acionadas diversas vezes, as empresas proprietárias das embarcações não tomaram uma decisão. “Considerando o pedido das comunidades e poder público, a própria Vale atuará para resolver a questão de maneira definitiva e depois acionará os responsáveis pelas balsas abandonadas na Justiça”, diz um trecho da nota.
Ainda conforme a Vale, a retirada das balsas será realizada em duas etapas. As embarcações serão remanejadas para local seguro do rio Mearim, sem risco às comunidades ou à navegação. Em paralelo à fase de remanejamento, a Vale está definindo com os órgãos competentes a melhor estratégia de remoção definitiva das balsas. Todo o trabalho será realizado com o acompanhamento da Marinha do Brasil, por meio das Capitanias dos Portos do Maranhão e Pará.
SAIBA MAIS
As balsas estavam presas por cabos, que se romperam com o tempo. Três delas estão atracadas às margens do rio, outra encalhou nas proximidades do Igarapé do Nema. A Secretaria de Meio Ambiente de Arari havia comunicado que já estava providenciando medidas administrativas e judiciais contra a Vale, para reparar os danos.
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