Privilégios

Privilégios: Dino usa estrutura do Executivo para beneficiar amigos

Filho do ministro Raul Jungman é assessor especial do Governo, com salário de R$ 10 mil; pai de Duarte Júnior, ex-presidente do Procon, também está na gestão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Ministro Raul Jungmann esteve com Flávio Dino em abril deste ano, mês em que Bruno Jungmann foi nomeado
Ministro Raul Jungmann esteve com Flávio Dino em abril deste ano, mês em que Bruno Jungmann foi nomeado (Flávio Dino)

O uso da estrutura do Governo do Maranhão em benefício de apadrinhados, aliados e amigos do governador Flávio Dino (PCdoB) é alvo de nova denúncia. Reportagem publicada ontem, no portal imirante.com, revelou a nomeação de Bruno Costa Jungmann, filho do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, no Executivo estadual, com salários de cerca de R$ 10 mil mensais.
Bruno Jungmann foi nomeado no dia 2 de abril de 2018 para o cargo de assessor especial de apoio institucional. O posto é vinculado à Secretaria de Estado da Comunicação Social e Assuntos Políticos (Secap), pasta que volta hoje ao comando de Márcio Jerry (PCdoB). Da posse até este mês, Jungmann já recebeu cerca de R$ 70 mil dos cofres públicos do Maranhão.

Relações
Raul Jungmann, ministro do governo Michel Temer (MDB), foi colega de Parlamento de Flávio Dino durante o mandato do comunista na Câmara Federal.
Coincidentemente, no mês de abril deste ano, exatamente quando foi publicada a nomeação de Bruno Jungmann na estrutura do Executivo, o ministro realizou uma visita de cortesia a Flávio Dino no Palácio dos Leões. O registro foi feito pela mídia institucional do Governo do Maranhão e distribuída à imprensa no dia 14 daquele mês.

Citação
Em 2017, Flávio Dino foi alvo de um pedido de abertura de inquérito no âmbito da Lava Jato, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após ter sido delatado por José de Carvalho Filho, executivo da Odebrecht. Ele afirmou que Dino teria recebido
R$ 200 mil para uso eleitoral e identificou o comunista como “Cuba” na planilha de pagamentos da empresa.
De acordo com o delator, o dinheiro teria sido pago, em forma de caixa dois, para que o comunista defendesse interesses da empreiteira em Cuba, ao relatar um projeto de lei na Câmara Federal. Na ocasião da defesa, Flávio Dino citou que jamais havia relatado o projeto de lei, “porque acreditava que a matéria era natimorta por absoluta inefetividade”.
Na peça, Dino usou a justificativa e o voto do então deputado Raul Jungmann - seu colega de Parlamento - para rechaçar a relação com a Odebrecht. A citação a Jungmann está inserida na página 5 da peça de Dino, assinada pelos advogados Rafael Thomaz Favetti e Guilherme Favetti, encaminhada à PGR. O pedido de investigação contra Dino foi rejeitado, posteriormente, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). l

O outro lado

A Secretaria de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos (Secap) informou que Bruno Jungmann está lotado no escritório de Representação Institucional do Governo, em Brasília, e cumpre expediente regular. Bruno também foi contatado. Questionado sobre as funções do cargo, carga horária semanal e eventual visita dele ao Maranhão, admitiu que trabalha na pasta e disse que qualquer outra informação deveria ser solicitada à Secap.

Outros casos apontam para privilégios na gestão comunista

Além do filho do ministro da Segurança Pública, outros casos de privilégios chamam atenção na gestão Flávio Dino.

Hildelis Silva Duarte, pai do ex-presidente do Procon e deputado eleito, Duarte Júnior (PCdoB), é nomeado como assessor sênior no Instituto de Previdência do Servidor do Estado do Maranhão (IPREV), com salários de R$ 2.822,00.

Maria Virgínia de Andrade, esposa do secretário de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular, Francisco Gonçalves, foi nomeada em janeiro de 2015 assessora especial do governador, com salários de simbologia ISO, com gratificações que podem chegar a 100%.

Em 2017 ela chegou a assumir o posto de secretária do Trabalho e Economia Solidária. Em 2015 o nome da então assessora de Chico Gonçalves chegou a ser citado em reportagens que tratavam de privilégios e possíveis casos de nepotismo na gestão comunista.

Outros casos surgiram no primeiro ano de mandato de Flávio Dino e foram alvo de reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada no dia 30 de janeiro de 2015.

Joslene da Silva Rodrigues, mulher de Márcio Jerry. Ela foi nomeada, na ocasião, chefe de gabinete do governador.

Joslea Rodrigues, cunhada de Márcio Jerry, foi nomeada secretária-adjunta de Saúde.

Ana Karla Silvestre Fernandes, mulher do ex-governador José Reinaldo Tavares (PSDB), foi nomeada em 2015 corregedora-geral do Estado. Tavares era aliado de Dino na ocasião, mas hoje são adversários.

Liz Ângela Gonçalves de Melo, irmã de Mauro Jorge Gonçalves de Melo, então presidente do Interma, foi nomeada naquele ano secretária-adjunto de representação institucional em Brasília.

Marcos Antônio Camargo Caminha, ex-sócio de Rodrigo Lago, foi nomeado chefe da assessoria especial da Secretaria de Transparência e Controle.

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