Quebra

Rússia diz que saída dos americanos de tratado nuclear deixa o mundo mais perigoso

Porta-voz russo acrescentou que Putin disse várias vezes que a saída do tratado de desarmamento "obrigará a Rússia a tomar medidas para garantir sua própria segurança"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

MOSCOU - A presidência da Rússia advertiu nesta segunda-feira (22) que a saída dos Estados Unidos do tratado de armas nucleares intermédias (INF, na sigla em inglês) tornará o mundo "mais perigoso".

“A intenção de deixar o tratado (INF) certamente causa preocupação, já que tal medida, assim que for colocada em prática, tornará o mundo mais perigoso” disse Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, aos veículos de imprensa.

Peskov garantiu que o presidente russo, Vladimir Putin, espera que o conselheiro de segurança dos Estados Unidos, John Bolton, lhe dê amanhã, terça-feira, explicações sobre as verdadeiras intenções da Casa Branca.

O porta-voz acrescentou que Putin disse várias vezes que a saída do tratado de desarmamento "obrigará a Rússia a tomar medidas para garantir sua própria segurança".

"Se esses sistemas se desenvolvem, então serão necessárias as ações de outros países, entre eles a Rússia, para restabelecer o equilíbrio (de forças) neste terreno", afirmou Peskov.

O porta-voz presidencial negou categoricamente que a Rússia esteja violando o INF e insistiu que o Kremlin sempre foi fiel ao tratado, mas também reconheceu que o mesmo apresenta "problemas".

"Muitos países na Ásia e em outras regiões desenvolvem sistemas que podem ser qualificados como mísseis de pequeno e médio alcance. Em suma, apenas a Rússia e os EUA continuam sendo os principais países responsáveis pela estabilidade e segurança globais", afirmou Peskov.


Processo

Além disso, o porta-voz do Kremlin destacou que o ato de sair de um acordo como o INF, que foi assinado em 1987 pelos EUA e a antiga URSS e que deveria ser renovado em 2021, não é uma questão de um dia, já que é um processo longo que pode levar até seis meses.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, destacou que a reação nos EUA às afirmações feitas sobre o INF pelo presidente americano, Donald Trump, são "contraditórias" e garantiu que Moscou julgará a postura de Washington "não por suas intenções", mas por "decisões manifestadas com clareza".

Lavrov ressaltou que a Rússia expressou seu desejo de "prolongar" a vigência do tratado para além de 2021, mas lembrou que, na semana passada, Putin advertiu que qualquer passo em matéria estratégica terá reação e que "a paridade" nuclear "será mantida em qualquer circunstância".

Bolton iniciou hoje conversas em Moscou com o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Nikolai Patrushev, e depois também se reunirá com Lavrov e Yuri Ushakov, assessor de Putin.

O líder russo receberá Bolton nesta terça (23) para tratar de assuntos como desarmamento, Síria, Ucrânia e as relações bilaterais, que estão em um nível cada vez mais baixo devido às sanções adotadas por Washington contra Moscou.

A segunda visita de Bolton à capital russa em menos de seis meses acontece pouco depois que Trump anunciou sua intenção de deixar o tratado de eliminação de mísseis nucleares de médio e curto alcance (INF) após acusar a Rússia de transgredi-lo.

O tratado, considerado um acordo-chave para o desarmamento nuclear, foi assinado em Washington no dia 8 de dezembro de 1987 pelo presidente soviético Mikhail Gorbachov e o chefe de Estado americano Ronald Reagan

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