Doença rara na visão

Jovem com ceratocone passará por cirurgia em novembro

Intervenção cirúrgica de Alessandro Asevedo Gusmão, oferecida pelo Hospital de Referência Oftalmológica (HRO), após reportagem de O Estado, será para tratamento de crosslinking

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Está marcada para o dia 8 de novembro a cirurgia de Alessandro Asevedo Gusmão, recepcionista de 24 anos acometido de ceratocone. No primeiro momento, a intervenção cirúrgica, oferecida pelo Hospital de Referência Oftalmológica (HRO), após reportagem de O Estado, será para tratamento de crosslinking no olho esquerdo, menos afetado pela doença, que é considerada rara e pode causar a perda total da visão. Posteriormente, ele passará por um transplante de córnea no olho direito (mais atingido pela patologia), o qual será realizado no Hospital Oftalmológico de Sorocaba (Banco de Olhos), em São Paulo.

“Minha expectativa com a cirurgia é que eu possa enxergar melhor, a ponto de conseguir ter uma vida normal, porque sou muito limitado a algumas coisas, por enxergar mal. Não reconheço pessoas, em alguns casos. Quero estudar e trabalhar normalmente. Só enxergo a tela de um computado ou de um celular com um zoom muito alto”, relatou Gusmão.

A cirurgia será realizada pelo médico Raphael Freitas, oftalmologista com subespecialidade em córnea e cirurgia refrativa, que, antes de todo o processo, realizou uma avaliação mais precisa sobre o caso. “Alessandro tem um ceratocone muito severo no olho direito e a única opção é o transplante. Já no olho esquerdo, o caso está moderado e, para evitar a progressão da doença, vamos fazer o procedimento do crosslinking, oferecido pelo HRO. Alessandro já foi diagnosticado com a doença há três anos, mas foi preciso investigar o grau da enfermidade”, explicou.

“É uma sensação de felicidade e um pouco de medo ter que passar por todos esses procedimentos. Estou muito satisfeito, porque eu poderia perder a minha visão. Já não sabia mais o que fazer, porque na Rede Pública de Saúde eu não consegui nada. Estava muito receoso de perder a minha visão. Além disso, quero poder trabalhar e estudar, sem dificuldades de enxergar”, esperançoso, relatou Alessandro Asevedo Gusmão, que atualmente trabalha como recepcionista no Hospital São Domingos.

O Estado acompanha a história de Alessandro Asevedo Gusmão, desde o último dia 20 de junho. Na época, ele estava desempregado e fazia um apelo, para conseguir fazer a cirurgia. Alessandro relatou as suas dificuldades para buscar por atendimentos diariamente. “Já tentei buscar ajuda em tudo que vocês imaginarem. Fui na Defensoria Pública do Estado (DPE) tentar um encaminhamento, mas até agora nada resolvido. Às vezes, não tenho nem passagens para me deslocar às unidades de saúde. Mas vou lutar até o fim, para não perder a minha visão e ficar livre dessa doença”, garantiu naquele dia.
Ele ainda criou uma “vaquinha” online, no site vakinha.com.br, com o objetivo de arrecadar um valor de R$ 3 mil para tentar fazer um procedimento que amenizasse o agravamento da patologia. “Agradeço muito a todas as pessoas que ajudaram. Toda verba que consegui arrecadar até o momento, continua na conta. Terei que custear a viagem para São Paulo e os colírios, após a cirurgia para tratamento de crosslinking. Caso não utilize tudo, vou ajudar outra pessoa que esteja em uma situação complicada como a minha”, finalizou Gusmão.

SAIBA MAIS

Crosslinking
O crosslinking é um novo tratamento cirúrgico que permite aumentar a resistência da córnea, deixando-a mais estável. Por meio dessa técnica, é possível retardar ou até parar os danos causados pelo problema, evitando, assim, a perda da acuidade visual e até a necessidade de um futuro transplante de córnea. Estima-se que 21% dos pacientes de ceratocone acabam precisando do transplante. A nova técnica poderá baixar esse número.
Fonte: coioftalmologia
Ceratocone
Ceratocone é uma doença genética, de caráter hereditário e evolução lenta, que se manifesta mais entre 10 e 25 anos, mas pode progredir até a quarta década de vida ou estabilizar-se com o tempo. A enfermidade pode atingir os dois olhos de maneira assimétrica, ou seja, o distúrbio pode afetar mais um olho do que o outro, segundo informações do Dr. Draúzio Varella. No ceratocone, o tecido transparente em forma de cúpula que cobre o olho (córnea) afina e se projeta para fora em forma de cone. Sua causa é desconhecida.

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