Vendedores ambulantes da Rua Grande, maior espaço de comércio a céu aberto de São Luís, tentaram aproveitar o feriado do Dia do Comerciário, transferido para o dia de ontem (22), para faturar um pouco mais. No entanto, o baixo fluxo de consumidores não satisfez vendedores autônomos. Na região central, poucos proprietários optaram por abrir lojas, seguindo recomendações legais.

José Rodrigues atua no comércio alternativo da Rua Grande há cerca de 30 anos vendendo bolsas e mochilas. Em relação ao ano passado, o ambulante observou uma queda significativa nas vendas. “Cheguei aqui por volta de 8h, já são 10h e o movimento continua fraco. No ano passado, em uma hora dessa, já tinha vendido bastante. Vim este ano com a mesma expectativa, mas parece que não vai ser possível”, contou o autônomo.

A estratégia dos vendedores é disponibilizar produtos para os consumidores que já conhecem o costume. “Quem vem só vem comprar”, afirmou Robson Almeida, vendedor ambulante, que destacou também a queda no setor. “No ano passado, vendi entre R$ 150,00, R$ 200,00. Pretendo vender bem até o fim do dia, mas o movimento está bem abaixo do esperado. Muito vendedor deixou de abrir a barraca hoje”, ressaltou.

Nas vias transversais e paralelas, como a Rua da Paz, alguns lojistas optaram por abrir as portas, como o empresário Antônio Batista, proprietário de uma loja de eletrônicos. “Nós dispensamos os funcionários, mas como tínhamos pagamentos agendados para hoje, abrimos. O distribuidor não quer saber se é feriado ou não. Mas nos preocupamos em seguir a legislação e apenas nós, os proprietários, trabalharemos hoje”, explicou.

Demais pontos comerciais, exceto farmácias, mantiveram as lojas fechadas, seguindo o acordo da Convenção Coletiva de Trabalho, onde a penúltima segunda-feira do mês de outubro é dedicada às comemorações do Dia do Comerciário e considerada de repouso remunerado para os empregados, de acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA). Hoje (23), o funcionamento é normal.

ORIGEM DO DIA DO COMERCIÁRIO

O Dia do Comerciário nasceu no século passado e tem origem na luta dos trabalhadores do comércio por melhores condições de trabalho e de vida. Na década de 30, começaram a surgir as primeiras associações e uniões (que depois transformariam em sindicatos) de empregados no comércio e a luta dos trabalhadores contra os abusos a que eram submetidos pelos empregadores. Nessa época, os comerciários eram obrigados a cumprir jornadas de trabalho superiores a 12 horas diárias e trabalhar aos domingos e feriados sem direito a folga, além de conviverem com a ameaça de demissão, caso reclamassem. Foi por meio das organizações dos trabalhadores que no dia 29 de outubro de 1932, cinco mil comerciários, no Rio de Janeiro, organizaram uma grande manifestação e seguiram em passeata em direção ao Palácio do Catete, onde foram recebidos pelo então presidente da República, Getúlio Vargas. Nesse encontro, os comerciários entregaram ao presidente as reivindicações da jornada de trabalho de oito horas diárias e repouso remunerado aos domingos.

O presidente de República acabou cedendo aos seus pedidos e assinou no mesmo dia o Decreto de Lei 4.042, no qual se determinava que aqueles que trabalham com comércio só devem trabalhar 8 horas diariamente, além de ter descanso remunerado aos domingos. Este fato transformou a categoria dos comerciários em precursores da luta dos trabalhadores na conquista da jornada de trabalho de oito horas diárias e repouso aos domingos e feriados. Como o decreto presidencial foi publicado no dia 30 de outubro, esse dia ficou marcado como o “Dia do Comerciário” e a reivindicação da categoria foi, posteriormente, estendida a todos os trabalhadores do Brasil.

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