Gastos

Candidatos declaram gastos de R$ 3 milhões com WhatsApp

Foram contratados serviços de disparo de até 1 milhão de mensagens de uma só vez de uma série de empresas e até a compra de listas de telefones, o que é ilegal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
(WhatsApp)

SÃO PAULO - Candidatos nas eleições deste ano declararam oficialmente gastos de ao menos R$ 3 milhões para impulsionar, em grande escala, conteúdo de suas campanhas por meio do WhatsApp. Foram contratados serviços de disparo de até 1 milhão de mensagens de uma só vez de uma série de empresas e até a compra de listas de telefones - o que é ilegal.

O valor está subnotificado. Para fazer o levantamento, a reportagem considerou somente os casos em que o próprio candidato especificou o nome "WhatsApp". Mas é comum que as campanhas paguem por esse mesmo tipo de trabalho e o descrevam como "impulsionamento." Neste caso, o total de despesas foi de R$ 67 milhões até o momento - a maior parte foi para o Facebook, o que não é ilegal. Os dados também ainda estão sendo atualizados.

A legislação eleitoral (Lei das Eleições) impede que empresas cedam cadastros eletrônicos em favor de candidatos. O WhatsApp já excluiu centenas de milhares de contas no período eleitoral deste ano no Brasil por este tipo de prática.

O candidato que mais gastou com o serviço de maneira declarada foi Geraldo Alckmin (PSDB), que afirmou ao TSE ter gasto R$ 991 mil com a contratação da PagEletro para o disparo de mensagens via WhatsApp. O proprietário da empresa, Pedro Freitas, diz que só foi responsável pelo disparo de conteúdo a partir de um banco de dados da campanha. Alckmin foi procurado, mas não comentou.

Por R$ 50 mil, o candidato ao Senado Dinis Pinheiro (Solidariedade-MG) contratou o envio de 1 milhão de mensagens - número mais alto dentre os candidatos. A reportagem não conseguiu contatá-lo.

Alexandre Nascimento Ferreira, proprietário da Proximesenger Tecno, afirma que trabalhou em cerca de 35 campanhas este ano. Ferreira diz que já foi abordado até para o compartilhamento de fake news, mas negou o serviço.

Segundo funcionário de outra empresa, há listas oferecidas a partir de informações compradas de fornecedores de bancos de dados, privados ou públicos, que podem ser filtrados até por cidades-alvo.

Os serviços oferecidos são diversos. Há de "assessoria de inteligência" a "aluguel de plataforma informatizada" que faz esse tipo de serviço. Outra forma de viralizar as informações é por meio de SMS - foram feitas ao menos 144 compras do tipo. Em uma das empresas consultadas, o envio de 20 mil mensagens custa R$ 139,90 por mês. Depois disso, paga-se mais R$ 4,90 a cada 1 mil extras.

Em reunião no TSE, PT pede pressa em ações que denunciam fake news

Em reunião no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), ao lado de representantes de partidos que apoiam a chapa do candidato a presidente Fernando Haddad (PT) no segundo turno das eleições 2018, pediu à presidente da Corte, ministra Rosa Weber, medidas rápidas em resposta à ação em que o PT atribui crimes eleitorais contra a candidatura petista e a favor da campanha presidencial do deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ).

A ação do PT pede que sejam investigadas as acusações de que empresas compraram pacotes de disparos em larga escala de mensagens no WhatsApp contra a legenda e a campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência da República - caso revelado pelo jornal Folha de S. Paulo.

A prioridade que o partido pede é em relação aos pedidos liminares de quebra de sigilo de empresas e também de realização de buscas e apreensões para comprovar e aprofundar as informações. Segundo o advogado da coligação, Eugênio Aragão, a ministra Rosa Weber disse que o tribunal dará alguma resposta ainda nesta sexta-feira, 19, em relação à ação apresentada na quinta-feira, 18, pelo PT.

"Precisamos de ações porque estamos vendo verdadeiramente uma fraude ao sistema eleitoral. Na reunião, eu saí preocupada com a passividade do tribunal. O momento é crítico. Está havendo disseminação de conteúdos de forma ilegal e a partir de caixa 2, influenciando as eleições. A ministra falou que o tribunal vai trabalhar no prazo normal e respeitando o devido processo legal. Como algumas decisões podem depender de ir ao tribunal pleno, propusemos que o pleno do TSE funcione permanentemente até o dia da eleição, para decidir sobre as ações de todos os interessados", disse Gleisi Hoffmann.

A presidente do PT argumentou na conversa com a ministra Rosa Weber que o WhatsApp está tomando medidas sobre o tema, como banir diversas contas desse tipo de empresas de mensagens em massa e impedir firmas de enviar comunicação em massa via aplicativo.

Antes desta ação, o PT já tinha apresentado duas ações de investigação judicial eleitoral para que o TSE apure suposto abuso de poder econômico para favorecer a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) e o declare inelegível.

O PSOL, que também ajuizou uma ação sobre fake news, e o PCdoB estiveram representados na reunião. O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, falou que é necessário o TSE tomar imediatamente medidas capazes de impedir a disseminação de notícias falsas. Um dos pedidos do PSOL é para o TSE determinar que o WhatsApp restrinja o encaminhamento de mensagens de 20 pessoas para 5. "Isso foi importante na Índia", disse, citando casos em que mensagens falsas levaram a linchamentos coletivos no país asiático.

"Teria tempo de ter impacto. Há uma massa de eleitor que tá formando sua preferência eleitoral a partir de informação falsa. Se elas deixarem de ser disseminadas, é possível que tenha resultado eleitoral que possa ao menos permitir o eleitor tomar sua decisão de forma consciente", disse o presidente do PSOL.

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