Em caravana

Milhares de hondurenhos marcham rumo aos EUA

Trump ameaça suspender ajuda a país centro-americano se grupo de migrantes em fuga da pobreza não for contido

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Mulher segura bebê durante longo trajeto de migrantes que marcham de Honduras para os EUA
Mulher segura bebê durante longo trajeto de migrantes que marcham de Honduras para os EUA (Reuters/ Fuga)

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos , Donald Trump, ameaçou cortar fundos de ajuda destinados a Honduras se o país da América Central não detiver uma caravana de pessoas que viaja neste momento em direção ao território americano.

Fugindo da violência e da pobreza, mais de 3 mil migrantes percorrem um caminho rumo ao Norte, tendo já cruzado a fronteira de Honduras para a Guatemala na segunda-feira. O governo de Washington advertiu o grupo para não tentar entrar nos EUA por via terrestre sem os devidos documentos.

"Os Estados Unidos informaram fortemente o presidente de Honduras que, se a grande caravana de pessoas que está rumando para os Estados Unidos não for detida e levada de volta a Honduras, não se dará mais dinheiro ou ajuda a Honduras, entrando em vigor imediatamente!", escreveu Trump no Twitter.

A caravana mais do que dobrou de tamanho desde sábado, quando inicialmente 1.300 pessoas partiram da violenta cidade de San Pedro Sula, no norte hondurenho, para o que foi chamado de "Marcha do Imigrante". Famílias completas - que incluem bebês, crianças, jovens e adultos - planejam solicitar o status de refugiados no México ou seguir viagem aos EUA. Imagens mostram uma multidão carregando mochilas e acenando bandeiras de Honduras no caminho. Relatos dão conta de que muitos dos participantes cantam o hino nacional hondurenho, rezam e entooam "Sim, nós podemos".

Segundo um dos organizadores da marcha, Bartolo Fuentes, que é ex-deputado do Partido Liberdade e Refundação, de oposição, muitas pessoas se unem à caravana ao longo do seu caminho. Fuentes foi detido na manhã de ontem, 16, por policiais na Guatemala no meio da multidão.

O trajeto é percorrido em automóveis e a pé. Fuentes diz que não está sendo oferecido nada às pessoas para participarem do movimento, e que elas são movidas pelo desejo de fugir da pobreza e da violência. Já o presidente de Honduras, o direitista Juan Orlando Hernández, sugeriu que a caravana é promovida por rivais políticos.

No caminho, os migrantes encontraram mobilizações policiais na Guatemala, mas conseguiram prosseguir a viagem. Alguns moradores das regiões percorridas oferecem água aos viajantes, e a Cruz Vermelha prestou atendimento médico àqueles que desmaiaram por causa do calor. Organizações sociais pedem ao governo guatemalteco que garanta a proteção dos direitos dos imigrantes.

Países da América Central, de onde milhares de pessoas fugiram nos últimos anos, estão sendo cada vez mais pressionados pelo governo Trump para aumentarem seus esforços de contenção da emigração em massa em direção aos Estados Unidos. A embaixada americana em Honduras expressou "séria preocupação" pelo grupo, que viaja com "falsas promessas" de que poderá ingressar no território americano.

No mesmo tom, o Ministério de Relações Exteriores de Honduras disse que lamentava a mobilização de cidadãos "sob a falsa promessa de obter visto na fronteira mexicana". A chancelaria mexicana, por sua vez, lembrou no sábado aos cidadãos estrangeiros que não expede permissões de trânsito no seu território para a entrada num país vizinho.

Plano de Aliança

Honduras, Guatemala e El Salvador impulsam com o apoio dos EUA um Plano de Aliança para a Prosperidade do Triângulo Norte da América Central, com o objetivo declarado de aumentar esforços pelo desenvolvimento e pela segurança nestes países, de maneira a buscar desacelerar a imigração. As populações das três nações sofrem com a violência, o narcotráfico e a pobreza, acentuada por insuficientes índices de crescimento econômico e pela corrupção.

Em abril, Trump já ameaçara retirar a ajuda oficial a Honduras e outros países por conta de uma caravana semelhante que também partira do país centro-americano. O grupo chegou perto da fronteira americana, com alguns dos seus membros desistindo ao longo do caminho e outros se espalhando para tentar cruzar a fronteira por conta própria.

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