Empresas familiares

Planejamento sucessório depende de família e gestão

Encontro na Federação das Indústrias informou que levantamento com mais de 280 líderes empresariais mostrou que apenas 19% têm um plano de sucessão em vigor e 70% das empresas não resistem à morte do seu fundador

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
(sucessão familiar)

Aproximadamente 70% das empresas no mundo são familiares e para as próximas duas gerações esse percentual pode aumentar. No Brasil, a vida média das empresas é de nove anos. A apenas 30% das empresas familiares vão passar o comando para a segunda geração, 12% passam o comando para a terceira e apenas 1% chegam à 5ª geração. Essa “passagem” dos negócios de família de uma geração para a outra é uma das atribuições do planejamento sucessório. Recente levantamento com mais de 280 líderes empresariais ressaltou que apenas 19% têm um plano de sucessão em vigor e 70% das empresas não resistem à morte do seu fundador.
Dezenas de empresários maranhenses foram sensibilizados e receberam orientações sobre as vantagens e formas de execução do planejamento sucessório durante o 22º Encontro com Empresários, promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (Fiema), em São Luís.
“O planejamento sucessório é um procedimento multidisciplinar e interdisciplinar que envolve três esferas de aplicação: familiar, patrimonial e de gestão, focando em uma redução da carga tributária, uma transferência da gestão para manter a renda, os empregos e os negócios funcionando. Porém, para que isso aconteça, é preciso que se façam diversos acompanhamentos. Não se trata de um processo fechado, com uma fórmula”, destacou Fabiano Ferreira Lopes, advogado e contador e um dos palestrantes do encontro.
O desafio da sucessão esta intrinsecamente ligada ao planejamento. Neste sentido, o sucesso ou fracasso da sucessão está no entendimento dos fundadores de que existem dois ambientes distintos; a empresa e a família, que se confunde, se entrelaçam e, por meio dessa percepção tornam o processo sucessório uma etapa de suma importância para sua evolução entre os mundos corporativo, societário e familiar.
Neste contexto, a sucessão familiar torna-se um desafio difícil, pois trata de como será garantida a continuidade da empresa, muito mais do que se falar em escolher uma nova figura de liderança; significa a continuidade de um sonho e a estrutura financeira de diversas famílias que dependem daquela empresa.
Além do advogado, também foram parceiros na realização do evento, os especialistas Gustavo Dal Molin de Oliveira, 7º Tabelião de notas de São Luís, com a palestra “O Papel do Tabelião no Planejamento Sucessório”; e Ivaldo Correa Prado Filho, presidente da Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial do Maranhão e sócio do Escritório Ivaldo Praddo Advocacia Empresarial.
O presidente da Fiema, Edilson Baldez das Neves, destacou no encontro que a discussão do tema, levantado em uma das reuniões de diretoria da Federação, visa aprimorar os serviços e preparar as empresas para o desenvolvimento do Estado. “As estatísticas mostram que as empresas estão com a vida curta. Isso significa que o empresário tem dificuldade em passar para os sucessores as diretrizes e o desenvolvimento das empresas. Estamos aqui nos familiarizando com temas antes tidos como tabus. Essa é uma grande oportunidade para ampliar conhecimento e oferecer mecanismos para a continuidade da indústria maranhense”, reforçou Baldez.

Sucessão
O momento da sucessão é complexo e às vezes até traumático. O primeiro passo a ser dado é a identificação do real interesse dos sucessores em tocar o negócio. Em caso negativo, e na impossibilidade de continuidade ou falta de interesse do fundador, uma das saídas é vender o empreendimento, o que certamente tem um peso emocional grande.
A insistência com familiares que não se identificam tende a levar o negócio ao fracasso no curto prazo. Em caso de interessados dentro da família - geralmente os filhos - a estratégia de continuidade deve ser definida.
Para o consultor Dagoberto Silva, o fundador e ex-dirigente deve aceitar ‘passar o bastão’ e não mais interferir no negócio, dando liberdade para que novas ideias e decisões sejam colocadas em prática. Os sucessores precisam ser (ou estar) preparados, sendo sugerida a obtenção de conhecimentos por meio de capacitações e consultoria. As regras de atuação de cada um precisam estar claras, assim como a remuneração individual e autoridade.
“Para todos os casos sugere-se ainda a criação de um conselho, do qual o criador do negócio pode fazer parte junto com os demais sucessores (estando a frente ou não da empresa). Caberá ao conselho acompanhar as decisões estratégicas, com poder de intervir em casos extremos, mas preponderantemente com função consultiva. A inclusão de pessoas externas também contribui para maior neutralidade do grupo”, ressaltou Dagoberto Silva.

Exemplo positivo

O grupo J. Gonçalves, que acaba de completa 95 anos de mercado e é referência no fornecimento de materiais elétricos no estado, esteve representado no encontro pelos diretores José Gonçalves dos Santos Neto e José Gonçalves dos Santos Filho, respectivamente, terceira e quarta geração, e parabenizaram a Fiema por discutir o tema que é tão importante.
“Para todo empresário esse tema é importantíssimo. Para nós é fundamental vivenciar esse conteúdo repassado pela Fiema para que nos ajude a fazer a sucessão e as transições necessárias para continuar perpetuando e dando continuidade a empresa”, destacou José Gonçalves dos Santos Neto.
“Na nossa empresa a sucessão foi tranquila e está consolidada. Sempre abordamos o tema da sucessão e vamos trabalhar uma governança corporativa, para as futuras gerações, já que a base de herdeiros é grande”, finalizou o empresário José Gonçalves dos Santos Filho.

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