Editorial

Adoecimento mental e comportamental

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Cargas de trabalho excessivas, exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções, cobranças excessivas por alcance de metas de trabalho, comunicação ineficaz, falta de apoio da parte de chefias e colegas e assédio psicológico ou sexual, violência de terceiros, são as principais fatores de risco de adoecimento mental e comportamental.

Esse é um problema que afeta milhares de brasileiros todos os dias, como revela levantamento da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda. Ano passado foram concedidos 178.268 auxílios-doença, acidentários e previdenciários, em decorrência de transtornos mentais e comportamentais. Boa parte desse adoecimento tem ligação com o ambiente de trabalho e com as condições apresentadas pelo empregador ao funcionário.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), os transtornos psicológicos são alguns dos fatores que mais afastam profissionais de suas atividades. Somente entre 2012 e 2016, por exemplo, foram registrados 55,3 mil casos de trabalhadores licenciados devido a esse problema, sendo 28 mil por transtorno de ansiedade ou depressão.

No atual mundo corporativo, de competitividade agressiva e cobranças por produtividade e metas, contribui para o adoecimento mental e psíquico do indivíduo. A situação é muito preocupante, pois como bem explica a enfermeira e especialista em saúde mental Virgínia Rozendo de Brito, “uma pessoa que está sofrendo um adoecimento mental não consegue ser produtiva ou eficiente. Do ponto de vista econômico, ter várias pessoas em sofrimento psíquico intenso significa ter uma diminuição da produtividade no país”.

É importante, pois, que a organização propicie um ambiente que respeite e proteja os direitos básicos civis, políticos, socioeconômicos e culturais, o que é fundamental para a promoção da saúde mental. Sem a segurança e a liberdade asseguradas por esses direitos, torna-se muito difícil manter um elevado nível de saúde mental. Assim, cabe ao gestor conscientizar os líderes de como administrar o trabalho sem agredir o bem estar do funcionário.

Geralmente pessoas que estão passando por essa situação de transtornos mentais e comportamentais, tendem a ter ansiedade, a depressão recorrente e fobias. O problema é que na maioria dos casos a empresa não enxerga esse quadro de seu funcionário e se omite de não reconhecer o adoecimento mental como causa para o afastamento, ao não comunicar a ocorrência ao Instituto Nacional do Seguro Nacional (INSS), por meio do preenchimento da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT), conforme previsto pela legislação. Claro que há exceções, nem todas as empresas agem dessa forma.

E nada mais oportuno que discutir essa questão e chamar a atenção das empresas, autoridades de saúde pública neste mês em que se comemora o Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro).

A data foi criada em 1992, pela Federação Mundial para Saúde Mental. O objetivo dessa celebração é de aumentar a conscientização sobre as questões na área e estimular a discussão sobre os transtornos mentais, aumentando os investimentos na prevenção, na promoção e no tratamento.

Um cuidado que passa pela própria pessoa afetada pelo problema, de reconhecer os sinais de que não está bem, de que precisa conversar com seus gestores, expor sua situação e imediatamente procurar um especialista.


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