Editorial

A transição para si mesmo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

O governador Flávio Dino (PCdoB) certamente não se dará ao trabalho de montar uma equipe para acompanhar a transição do seu primeiro mandato para o segundo, como fez com a administração anterior, alvo de perseguições, constrangimentos e até de ameaças de prisão nos meses que antecederam a mudança de governo e no período inicial da gestão comunista. Uma devassa nos últimos quatro anos de governo seria uma medida necessária, diante dos escândalos que se sucederam de 2015 até a presente data, alguns com ampla repercussão nacional. Mas tal providência é impensável para os atuais donos do poder, que certamente inaugurarão mais uma fase de mando sem prestar contas dos abusos e malfeitos ocorridos desde que assumiram o comando do Estado.

Sem a obrigação de transmitir o cargo, Flávio Dino terá um fim de primeiro mandato tranquilo, bem diferente do ambiente policialesco que criou para tentar incriminar sua antecessora, Roseana Sarney, e toda a sua equipe de auxiliares. Auditorias, sindicâncias, procedimentos administrativos e outros instrumentos de apuração foram largamente utilizados para tentar fazer crer que os comunistas haviam herdado uma terra arrasada.

Depois de meses de investigação, a força-tarefa articulada por Dino não só se deparou com a frustração, diante da falta de indícios de irregularidade, como deixou no ar a indisfarçável sensação de falta de traquejo para iniciar o governo, tamanha a inexperiência e a falta de competência técnica dos nomes escalados para a difícil missão.

Quanto à transição do primeiro para o segundo mandato de Flávio Dino, o ideal seria a intervenção de uma estrutura isenta, capaz de levantar, senão todos, mas, pelo menos, os principais ilícitos, e tipificá-los, de acordo com a lei, com vistas a uma futura punição.

Não faltariam exemplos de más práticas de administração pública, desde os aluguéis camaradas, com reformas milionárias dos imóveis locados bancadas pelo governo, à denúncia de desvio de R$ 18 milhões da saúde por meio de contratações fraudulentas de trabalhadores e empresas, que levou à prisão 14 servidores da pasta pela Polícia Federal, dentre os quais uma ex-subsecretária e um médico. Este último suicidou-se meses depois, em meio ao trauma e ao constrangimento público que o envolvimento no esquema lhe causou.

A julgar pelos escândalos protagonizados pelo atual governo, que abalaram o Maranhão - e algumas vezes o Brasil -, o correto seria uma averiguação aprofundada de todos os gastos e outras movimentações registradas no primeiro mandato comunista. Seria uma oportunidade e tanto para Flávio Dino provar suas boas intenções para com os maranhenses, mais uma vez seduzidos por um discurso que até hoje não se confirmou na prática.

Mas ninguém é tão ingênuo a ponto de acreditar que o governador daria esse tiro no pé.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.