Abusos sexuais

Papa se reúne com cardeal americano em meio a escândalo

Encontro com presidente da conferência episcopal dos EUA acontece 48 horas depois de ter ordenado investigação sobre o ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick. Em agosto, pontífice foi acusado de ignorar caso de assédio

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Papa Francisco aperta a mão do cardeal Daniel DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston
Papa Francisco aperta a mão do cardeal Daniel DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston (AFP/Papa)

VATICANO - O papa Francisco se reuniu com o presidente da conferência episcopal dos Estados Unidos ontem, enquanto seus partidários expressaram apoio à forma como o pontífice administrou um suposto caso de abuso sexual por um cardeal americano.

Francisco conversou nesta segunda,8, com o cardeal Daniel DiNardo e com outras altas autoridades da conferência episcopal no Vaticano, 48 horas depois de ter ordenado uma investigação dos arquivos do Vaticano sobre o ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, que renunciou a seu cargo em julho.

DiNardo elogiou no domingo as "medidas adicionais tomadas pelo papa Francisco para garantir que os fiéis estejam protegidos do demônio das agressões sexuais".

O caso de McCarrick causou tumulto em agosto, quando o arcebispo Maria Vigano, um ex-núncio do Vaticano em Washington, culpou o papa de ignorar as acusações de que McCarrick havia abusado de um adolescente há décadas.

O papa também foi criticado por ter supostamente ignorado as sanções que havia imposto seu antecessor, Bento XVI, ao arcebispo McCarrick, algo desmentido no domingo pelo prefeito do Vaticano para a Congregação dos Bispos.

O cardeal canadense Marc Ouellet disse no domingo que este "ataque injustificado" era uma "armação político privada de fundamento real para incriminar o papa".

E acrescentou que ele mesmo disse a Vigano que McCarrick "deveria obedecer certas condições e restrições devido aos rumores sobre seu comportamento passado".

Depois de deixar o cargo de arcebispo de Washington em 2006, McCarrick "foi exortado" pelos embaixadores do Vaticano "a não viajar e não fazer aparições públicas para não provocar outros rumores que circulavam sobre ele", explicou.

"É falso apresentar as medidas tomadas como 'sanções' decretadas pelo papa Bento XVI e anuladas pelo Papa Francisco", ressaltou Ouellet em sua carta aberta a Vigano.

Se sanções não foram impostas na época, foi porque "não havia, como agora, evidências suficientes sobre sua alegada culpabilidade", disse ele.

Suspeitas

No entanto, Ouellet admitiu que, em sua opinião, "algumas suspeitas fornecidas por testemunhas deveriam ter sido investigadas mais a fundo", embora "o prelado em questão tenha se defendido com destreza quanto às dúvidas geradas sobre ele".

Francisco não comentou até agora as acusações de Vigano, mas sua ordem para uma investigação mais aprofundada nos arquivos do Vaticano sobre McCarrick foi sua resposta ao caso.

Em um comunicado, o Vaticano havia explicado que a arquidiocese de Nova York recebeu em setembro de 2017 a denúncia de um homem acusando o cardeal McCarrick de tê-lo abusado sexualmente nos anos 1970.

O papa então ordenou a abertura de uma investigação preliminar, que foi, posteriormente, assumida pela Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por analisar os casos de abuso sexual dentro do clero.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.