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#EleNão! versus #EleSim!

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
MONTSERRAT CABALLÉ, uma das maiores sopranos de todos os tempos, encantou os maranhenses no Teatro Arthur Azevedo, onde deixou gravado o eco de oitavas perfeitas no recital, de tirar o fôlego da plateia, realizado em 4 de dezembro de 1993
MONTSERRAT CABALLÉ, uma das maiores sopranos de todos os tempos, encantou os maranhenses no Teatro Arthur Azevedo, onde deixou gravado o eco de oitavas perfeitas no recital, de tirar o fôlego da plateia, realizado em 4 de dezembro de 1993 (PH01)

Milhares de mulheres no Brasil e no Exterior foram às ruas no dia 29 de setembro para expressar repúdio à candidatura de Bolsonaro com a campanha # EleNão! Acabaram contribuindo para impulsionar o caráter plebiscitário da eleição. Um dia depois, simpatizantes do concorrente do PSL promoveram passeatas e carreatas de apoio ao deputado, com #EleSim! A partir desse dia, Bolsonaro só subiu nas pesquisas.

Calou-se a voz celestial de Montserrat Caballé
Montserrat Caballé, a soprano espanhola amplamente contada como uma prima-donna de todos os tempos, pela pureza transcendente de sua voz, pela abrangência de seu repertório e pela adoração delirante de seus fãs, morreu no sábado em Barcelona. Ela tinha 85 anos.
Verdadeira lenda da cultura universal, Montserrat foi das principais cantoras de ópera do século XX. E era uma presença internacional duradoura e vibrante, aparecendo na Metropolitan Opera, na qual ela cantou 98 vezes; no Covent Garden, em Londres; no La Scala, de Milão, e – por que não? no Teatro Arthur Azevedo, em São Luís, bem como na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona. Foi, também, amplamente ouvida em recitais, por muitos anos fazendo uma aparição anual no Carnegie Hall, em Nova York.
Caballé foi, segundo os críticos, uma das sublimes representantes de um tipo de diva mais frequentemente associada a uma era de ouro antiga: ardentemente real, aparentemente inescrutável, uma presença maior que a vida, atribuída a um status divino por seu público reverencial.
“La Superba”, a imprensa mundial a chamou, elevando-a à participação em um triunvirato internacional de sopranos que também incluía “La Divina” (Maria Callas) e “La Stupenda” (Joan Sutherland).
O status exaltado de Caballé foi ganho em virtude do vasto número de papéis sob seu comando (mais de 100, um número quase inédito, da frota, de Mozart prateado ao peso de Richard Strauss e do peso de Wagner); a duração de sua vida teatral (ela cantou publicamente até os 60 anos, mais de uma década depois da idade normal de aposentadoria de um cantor); e a onda de adoração na qual seus fãs rotineiramente surfavam.
Seus recitais eram frequentemente interrompidos no meio da música - depois de ela ter lançado uma passagem especialmente intricada ou escalado em uma altura particularmente ousada - com aplausos selvagens, batidas de pés e gritos de “Brava!”. Em certa ocasião, no Avery Fisher Hall em Nova York, uma briga de socos quase explodiu na plateia, com fãs incontroláveis gritando de um lado e puristas irritados, exigindo silêncio, do outro. Mas acima de tudo – e é isso que moveu seus fãs ao ardor em primeiro lugar – havia a voz em si.
Por pura glória vocal, revisores escreveram: poucas vozes, se houver, poderiam rivalizar com a de Caballé. Ela possuía uma soprano lírica que, embora leve e cintilante, não era desprovida de peso. Era famosa por sua flexibilidade fluvial e por uma translucidez etérea que poucas vozes podiam igualar. Durante quase meio século, os críticos invocaram adjetivos para descrever o som da Sra. Caballé que seria uma hipérbole impressionante para quase qualquer outra pessoa: “límpido”, “líquido”, “cintilante”, “mercúrio”, “celestial”, “sobrenatural” “Aveludado”, “voluptuoso”, “brilhante”, “arrebatador”.
Para a revista Stereo Review, Montserrat possuía uma das vozes mais bonitas já emitidas de uma garganta humana. Ela era especialmente apreciada por sua habilidade de criar pianissimos assombrosos e sustentáveis ​​– as passagens mais silenciosas que estão entre os testes mais exigentes da habilidade de um cantor, envolvendo a força do diafragma e o controle da respiração semelhante ao de um atleta.
Todas essas qualidades tornaram sua voz particularmente adequada ao repertório do bel canto, consistindo de obras elegantes e filigranadas de italianos do século XIX, como Rossini, Donizetti e Bellini. Como resultado de sua destreza nesse gênero, Caballé foi reconhecida por ter ajudado a promover um renascimento do bel canto nos palcos de ópera e concerto ao redor do mundo em meados do século e além.
Ela também era adepta de outros gêneros, contando entre seu repertório alemão lieder; as canções dramáticas espanholas conhecidas como zarzuelas; as óperas de Verdi, pelas quais ela era amplamente conhecida; Salomé de Richard Strauss, que ela chamou de seu papel favorito de ópera; e a parte do título em “Lucrezia Borgia”, de Donizetti, que a levou ao estrelato internacional após uma performance em 1965.
Os sobreviventes de Caballé incluem seu marido, o tenor espanhol Bernabé Martí, com quem se casou em 1964, depois de cantar Pinkerton com seu Cio-Cio-San; um filho, Bernabé Jr.; e uma filha, Montserrat Martí, também cantora de ópera, que aplaudi no Teatro São Pedro, em Porto Alegre.
Em 1993, quando Edison Lobão era governador do Maranhão e reformou o Teatro Arthur Azevedo, a casa foi reaberta no dia 4 de dezembro, tendo a soprano Montserrat Caballé como a principal atração da noite.
Na plateia, o médico maranhense e um dos nossos maiores estudiosos de óperas Ivanildo Ewerton, que saiu do teatro em êxtase por ter ouvido aquela voz de características invulgares, sobretudo pela capacidade da soprano de reduzir a intensidade da voz nas notas mais agudas, muito vizinhas do dó de peito que um cantor daquelas características não produz.
E Ivanildo, que morreu tragicamente ainda muito jovem, estava certo. Nas vezes que aplaudi a soprano em Barcelona, em Lisboa ou em Nova York, constatei que Monserrat Caballé apianava a voz ao nível de não se ouvir uma mosca na sala, como se diz, porque de uma perfeição tal que era estranho uma voz tão forte ter esse tipo de características.
A Diva, talvez pelo excesso de peso, tinha evidentes limites dramáticos, mas, especialmente nos divinos pianissimi, era uma voz celestial.
***
Em tempo: o funeral de Monserrat Caballé realiza-se nesta segunda-feira, às 12h, em Barcelona.

Fake news
Mentira sempre houve, é verdade, mas fake news (notícias falsas) são fenômeno diferente. Na internet, jorra a mentira disfarçada de notícia, para manipular opiniões.
É o princípio do lobo em pele de cordeiro: usurpa-se a credibilidade do jornalismo para fins nefastos.
E o pior é que as fake news se multiplicaram em velocidade impressionante nas redes sociais. Apesar das checagens da mídia tradicional, os boatos continuaram em alta, envolvendo adversários, a Justiça Eleitoral e a votação eletrônica.

Longe do propósito
Acompanhar o último debate na TV entre os candidatos à Presidência da República, quinta-feira à noite, exigiu muito esforço para superar o sono.
Não passou de reprise dos anteriores. As mesmas perguntas, as mesmas respostas, as mesmas provocações e o mesmo Festival de Pegadinhas.
Houve troca de acusações e profusão de autoelogios.
Ao mesmo tempo, ausência do que grande parcela queria: propostas viáveis.

Origens
Três dos 13 postulantes à presidência são descendentes de libaneses: Guilherme Boulos, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin.
Os antepassados de Michel Temer também vieram do país mediterrâneo.
Há quem garanta que existem hoje 10 milhões de brasileiros descendentes de libaneses.

Há 22 anos
Prevista no Código Eleitoral de 1932, a urna eletrônica começou a ser utilizada em 1996. O equipamento já passou por cinco modificações até chegar ao modelo atual. A máquina inventada no Brasil é referência para processos eleitorais em todo o mundo. Paraguai e Argentina já utilizaram nossas urnas.
É claro que unanimidade não existe. Mesmo que seja contestada por alguns, e esse é um direito, falta a formalização de processo no Judiciário contra as urnas eletrônicas e com provas da desconfiança.
Não ocorreu até agora.

Evangélicos
Nunca a religião teve tanto peso numa campanha. Jair Bolsonaro amalgamou a preferência de milhões de evangélicos, em grande parte por um tema pouco ressaltado, mas fundamental para eles.
A defesa do Estado de Israel e o compromisso de transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, promessas que animaram os evangélicos americanos, defensores de Donald Trump.
Na comunidade judaica brasileira, há setores contrários e favoráveis a Bolsonaro. Mas a política externa teve, sim, impacto na disputa interna.

TRIVIAL VARIADO

Nunca numa eleição tantos candidatos defenderam o direito de “o cidadão de bem” comprar uma arma para se defender. Jair Bolsonaro fez do gesto de atirar com arma de fogo um dos símbolos de sua campanha.
Preso em Curitiba, o ex-presidente Lula comandou, da cadeia, a estratégia da campanha do PT e esticou até o limite o anúncio de Fernando Haddad como seu substituto na chapa.
Escolhido para substituir o ex-presidente Lula na chapa, Fernando Haddad ganhou, pela segunda vez, o apelido de poste. Em toda a campanha, fez questão de se apresentar como o escolhido de Lula, o que, de um lado, rendeu votos e, de outro, afastou eleitores.
Com a proibição das doações empresariais, as campanhas foram financiadas com recursos próprios, do fundo eleitoral e de doações de pessoas físicas.
No início da campanha, o mercado financeiro tinha dois candidatos: Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles. Como nenhum dos dois decolou, optou por Bolsonaro. Quando o capitão ampliou a vantagem sobre Haddad, o dólar caiu e a bolsa subiu.
Déia e Luiz Campos Paes votaram ontem em São Luís e logo após embarcaram para São Paulo. De lá seguem para Belém, onde participam, mais uma vez, da tradicional Festa do Círio de Nazaré.
Um verdadeiro festival de roupas verde e amarelo no almoço de domingo na Cabana do Sol da Ponta do Farol. Natália e José Maria Milhomem, Manuela Peixoto, Tiana e Clorisval Gomes Pereira com a filha Liana, entre muitos que circularam por lá.

DE RELANCE

Criações artificiais
Há muitos tipos de condicionadores. Os mais famosos são o de cabelos. Um para cada tipo. Como dizem modelos em anúncios de TV, tem textura translúcida ultrafina e revitaliza os fios. Outro condicionador famoso é o de ar, que contribui para o conforto das pessoas. Proporciona um ambiente cujas condições se mantêm constantes, dentro dos padrões de temperatura adequada. Existem ainda os condicionadores de metais. O produto forma uma barreira potente de proteção contra o desgaste de peças de motores, reduzindo o atrito.

Quem decide pelos eleitores
Agora, consagra-se no mercado o condicionador de votos. O agente fundamental se denomina pesquisa. Os eleitores não precisam pensar muito nem se submeter a dúvidas. Basta acompanhar os resultados das entrevistas para decidir. Mesmo que os levantamentos sejam feitos apenas entre 10 mil eleitores, no universo de 147 milhões e 300 mil. Não importa. Esse condicionador veio para ficar, porque tem o poder de antecipar o futuro e a maioria gosta de escolher os que as pesquisas garantem que vão ganhar.

Boca fechada
O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martin, fez um alerta para os magistrados brasileiros: juízes devem evitar manifestações políticas. “A recomendação visa prevenir que magistrados pratiquem atos que possam ser caracterizados como infração disciplinar apta a ensejar a instauração de procedimento administrativo junto à Corregedoria Nacional de Justiça”, afirmou o corregedor.

Habeas corpus rápido
O Brasil teve ontem o primeiro turno das eleições mais imprevisíveis de todos os tempos. Se as previsões dos institutos de pesquisa ficarem longe dos resultados finais, serão perdoados em três ou quatro dias. A memória é curta. Voltarão a condicionar em 2020.

Mantiveram distância
Os eleitores ficaram sabendo muito pouco sobre o que os candidatos projetam na área do ensino. Sem o conhecimento, a nação não se consolida. Durante a campanha, preferiram picuinhas, esquecendo que a educação é o bem maior de uma sociedade. Quando os cidadãos são alfabetizados, garante-se um país desenvolvido e justo.

Silêncio dos candidatos
Os dois líderes nas pesquisas foram os que menos falaram no primeiro turno. Lula, representado por Fernando Haddad, está na cadeia. Por decisão da Justiça, não pôde dar entrevistas. Jair Bolsonaro dispunha de nove segundos de tempo na TV. Passou boa parte da campanha internado e calado, depois de levar uma facada.

Sem partidos
Parece paradoxal que os candidatos com mais tempo de TV tenham, de acordo com as pesquisas, naufragado. Essa eleição consagrou o princípio da construção das marcas pessoais. Lula vem fazendo isso há décadas. O fenômeno Bolsonaro começou anos atrás, impulsionado também pelas redes sociais. Tudo acentuado pelo colapso dos partidos, que perderam a capacidade de representação. Aliás, não se pode menosprezar a força da TV, apesar do surgimento de novos players. Mas é um erro pensar que ela resolve tudo sozinha. Até porque, embalados pelas suas circunstâncias, Bolsonaro e Lula são recordistas em mídias espontâneas na TV.

Cadeia e facada
Esta eleição está sendo da cadeia e da facada. Observem bem: chegou ao fim, ontem, a primeira parte de uma das mais violentas campanhas eleitorais da história brasileira. Tanto, que seus eixos foram a carceragem da PF em Curitiba e o hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Virou piada
Em baixa no mundo inteiro, o comunismo virou assunto na campanha brasileira, puxado por candidatos de direita. Tratado como uma ameaça em caso de vitória de um esquerdista, virou piada depois que militantes mais radicais chamaram de “comunistas” figuras como Fernando Henrique Cardoso, João Doria, o papa Francisco, a Alemanha e a revista The Economist.

Para escrever na pedra:
“Fica nitidamente claro que é melhor vencer, mas mesmo perder uma campanha é uma experiência e tanto. É muito, muito melhor do que não disputar de jeito nenhum”. São palavras consoladoras de John Kenneth Galbraith para quem perdeu a eleição de domingo.

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