Sínodo no Vaticano

Papa se emociona ao receber pela primeira vez bispos chineses

Encontro de bispos ocorre sob a sombra dos recentes escândalos de abusos sexuais na Igreja Católica

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

VATICANO - O papa Francisco se emocionou ontem na missa de abertura de uma reunião de bispos no Vaticano, que pela primeira vez contou com a presença de dois bispos chineses. Assista no vídeo acima.

"Hoje, pela primeira vez, estão aqui conosco dois bispos da China continental. Vamos dar a eles as nossas calorosas boas-vindas", disse o papa na Praça São Pedro, sendo interrompido por aplausos e emocionando-se.

A presença dos chineses foi possível graças a um acordo histórico firmado pelo Vaticano no início deste mês que melhorou os laços com o governo comunista chinês. O acordo, que demorou 10 anos para ser alcançado, concede ao Vaticano seu desejo antigo de opinar na escolha dos bispos chineses, mas críticos o rotularam como uma capitulação ao governo comunista.

Na China, os cerca de 12 milhões de católicos se dividiram em uma igreja clandestina leal ao Vaticano e a Associação Católica Patriótica supervisionada pelo Estado.

Mais de 250 outros bispos de todo o mundo participarão do encontro de um mês, e cerca de 40 jovens foram convidados a participar como observadores. Os sínodos ocorrem a cada poucos anos para tratar de um tópico específico.

Embora o título oficial do sínodo seja "Jovens, Fé e Discernimento Vocacional", os recentes escândalos globais de abusos sexuais na Igreja Católica se faz sentir nos bastidores, e muitos acreditam que será parte da pauta informal dos debates.

A Igreja está implicada em uma crise de abusos sexuais em países que incluem Chile, Alemanha, Estados Unidos e Austrália, e o Vaticano sabe que precisa reconquistar os jovens desencantados.

Credibilidade do sínodo

O sínodo começou um dia depois de uma nova enquete do Centro de Pesquisas Pew revelar que a confiança na maneira como o Papa está lidando com a crise despencou entre os católicos norte-americanos.

Indicando a pressão extraordinária que a Igreja está sofrendo por causa dessa crise, o cardeal Charles Chaput, arcebispo do estado norte-americano da Filadélfia, pediu que o "sínodo da juventude" fosse cancelado para que o Vaticano pudesse se concentrar nos preparativos de outra reunião de bispos, sobre a prevenção de abusos sexuais e que será realizada em fevereiro do ano que vem.

O cardeal Joseph Tobin, arcebispo de Newark, em Nova Jersey, ficou em casa para lidar com as consequências do escândalo, e o bispo holandês Robert Mutsaerts, de Den Bosch, boicotou o encontro dizendo que o sínodo carece de credibilidade.

Fé da próxima geração

Na abertura do sínodo, o papa exortou líderes católicos a não deixarem que a fé da próxima geração seja extinta "por nossas limitações, erros e pecados".

"Que o Espírito nos dê a graça de ser uma memória que é diligente, viva e eficiente, que não se permite extinguir de uma geração para a outra ou ser esmagada pelos profetas da perdição e do infortúnio, por nossas limitações, erros e pecados", disse Francisco em sua homilia.

Francisco disse esperar que o encontro, que termina em 28 de outubro e resultará em um documento papal, seja "ungido pela esperança".

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