Lançamento

Zé Dirceu, ex-ministro da Casa Civil de Lula, lança livro de memórias em SL

O fundador do PT, em entrevista coletiva, falou a respeito do momento político eleitoral do Brasil garantindo que a população elegeria Lula em primeiro turno se não houvesse a "prisão política"

Carla Lima/Subeditora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
José Dirceu autografou biografia em São Luís
José Dirceu autografou biografia em São Luís (José Dirceu)

O ex-deputado e também ex-chefe da Casa Civil do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Dirceu, lançou ontem, em São Luís, a primeira edição de seu livro de memórias. O ex-petista, condenado por corrupção – que segundo ele, foi uma injustiça – falou com a imprensa em entrevista coletiva sobre a situação política eleitoral do país reforçando a tese de que seu ex-partido sofreu um golpe, o que deixou o Brasil em uma profunda crise política e econômica.

Aos 72 anos e fora da prisão após cinco anos, Zé Dirceu volta à cena não mais como um articulador político ou o homem forte do governo de Lula que – segundo ele, em 24 horas, foi cassado e condenado – mas agora como um cidadão que aproveitou seu tempo na “injusta prisão” para escrever suas memórias.

Memórias que passam desde sua infância em Minas Gerais até os tempos que iniciou na vida política como líder estudantil, força de resistência à ditadura militar, fundador do PT, coordenador das várias campanhas de Lula à Presidência da República ao chefe da Casa Civil. Além de mostrar sua trajetória, Dirceu resgata a cada capítulo de sua vida, uma parte da história do Brasil, principalmente dos tempo da ditadura em que foi preso, viveu por sete anos fugido e outros três em exílio em Cuba.

Em São Luís, Zé Dirceu reuniu a imprensa para falar da primeira edição de seu livro. No entanto, pelo papel que desenvolveu – e que nos bastidores é comentado que ainda desenvolve – o ex-petista acabou falando a respeito do momento político eleitoral do Brasil.

Dirceu esclareceu que mesmo tendo tido influência política e de comando no PT, atualmente é um cidadão somente sem qualquer força ou participação na campanha eleitoral do presidenciável petista, Fernando Haddad.

“Claro que quando sento para conversar com amigos do PT de décadas, o que digo sempre tem importância, tem peso. Não posso dizer que não tenho influência. Mas isto é algo informal. Na verdade, passei cinco anos preso e neste tempo não tive qualquer participação política”, disse Dirceu.

Na perspectiva do ex-petista, o “golpe” contra o governo do PT demonstra não surtir o efeito que os articuladores esperavam já que a população demonstrou que elegeria Lula no primeiro turno por todo o trabalho desenvolvido nos anos em que o PT comandou o país.

“O povo brasileiro entendeu que tudo não passa de uma prisão política contra Lula. Por isso, que Lula não aceita prisão domiciliar ou tornozeleira eletrônica ou perdão presidencial. Porque ele sabe que a prisão é política. E por que o povo entende isto? Porque sabe da importância para a vida de cada um no governo do PT. A importância social”, afirmou.

O ex-chefe da Casa Civil do governo do PT disse ainda que uma das passagens do livro dele diz respeito ao Caso Lunus, época em que a ex-governadora Roseana Sarney era vista como pré-candidata à Presidência da República. Segundo Dirceu, o episódio é mais uma demonstração do uso político pela Polícia Federal, que fez uma “operação política” contra Roseana. “A posição da Roseana era boa nacionalmente e isto levou a uma operação política contra ela neste caso Lunus. É mais uma demonstração de armação”, afirmou.

Zé Dirceu falou ainda da necessidade de haver uma reforma política e tributária no Brasil. Segundo ele, sem isto, é difícil haver avanços no país. E os avanços não somente do ponto de visto econômico, mas também social.

“Há muita gente dizendo que houve avanços na ditadura do ponto de vista econômico. Sim, houve. Entretanto, foi um avanço que não chegou a população. Houve concentração de renda, crescimento do país desordenado, aumento da pobreza. E tudo isto poderia ser revertido com os avanços conseguidos com a constituinte. No entanto, agora, depois do golpe, todos os avanços conseguidos vem sendo acabados como o caso do SUS e Educação”, disse Dirceu.

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