Discussão

Suicídio: realidade crescente entre os jovens é alvo de discussão

No Maranhão, mais de 300 pessoas tiraram a própria vida no ano passado; faixa etária de 15 a 29 anos é a mais acometida

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Especialistas de diversas áreas participaram de forma integrativa a fim de discutir o que é necessário saber sobre o suicídio
Especialistas de diversas áreas participaram de forma integrativa a fim de discutir o que é necessário saber sobre o suicídio (seminario)

Considerando a realidade do mundo, do país e do estado, o Ministério Público do Maranhão, por meio do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAOp-DH), em conjunto com órgãos públicos e entidades da sociedade civil, realizou durante a última sexta-feira (28), o Seminário Estadual de Prevenção ao Suicídio e Valorização da Vida, que aconteceu no Auditório da Procuradoria Geral de Justiça, em São Luís. A convite, especialistas de diversas áreas participaram de forma integrativa a fim de discutir o que é necessário saber sobre a realidade, que acomete, principalmente, os jovens.

“Durante todo este mês, intitulado setembro amarelo, várias instituições trabalharam, em seu próprio órgão, a temática do suicídio. Com isso, vimos a necessidade de culminar todas as instituições e trabalhos realizados neste seminário. Presentes estiveram psicólogos, psiquiatras, professores e alunos, para que se apropriem da questão do suicídio. O Maranhão não foge à regra de outros estados, e passa por essa realidade de saúde pública, que é o suicídio. Portanto, buscamos realizar, não só alusivo ao mês, mas aquilo que acontece corriqueiramente, ações como essa a fim de prevenir o suicídio”, ressaltou a promotora de justiça e coordenadora do CAOp-DH, Lana Pessoa.

De acordo com estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), por ano, cerca de 800 mil pessoas, no mundo, recorrem ao suicídio. Já no Brasil, por ano, chega-se ao número alarmante de 12 mil pessoas mortas. O estudo revela, ainda, que o Brasil é o 8º país do mundo onde mais jovens tiram a própria vida. O índice de suicídios na faixa etária dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes e representa a segunda maior causa de morte entre jovens dessa faixa etária. No Maranhão, no ano passado, foram registrados 314 casos de suicídio, dado que representa uma realidade, também, alarmante e que requer, portanto, mais atenção.

“Nós podemos vencer essa realidade e combater a perspectiva do crescimento do número de casos de suicídio. Também precisamos saber e aceitar que só a personalidade das pessoas, como forma de culpá-la ou chamá-la de fraca, ao recorrer ao suicídio, não soa muito bem, e, tampouco, é conveniente tratar de tal forma. O suicídio se justifica por quaisquer outras barreiras, menos fraqueza!”, frisou a psiquiatra Carla Lúcia Penha Cardoso, ao palestrar, sob uma perspetiva médica, acerca na questão atual do suicídio e seus desafios.

A psiquiatra declarou, ainda, que faz-se necessário discutir, de forma incessante, acerca do suicídio, para que as pessoas tenham mais conhecimento sobre a questão e para que se conheça, com mais propriedade, o assunto. “A questão é falar para prevenir! Precisamos, inclusive, estimular isso, que as pessoas falem o que sentem, o que passam. Precisamos desmistificar a ideia que muitas pessoas ainda têm sobre essa realidade, que se populariza erroneamente na sociedade”.

Seminário
O seminário teve sua abertura às 8h30 e terminou às 17h30. Durante o dia, foram discutidos pontos que entornam a questão do suicídio. Falou-se, além da atualidade e desafios do suicídio, sobre os cuidados e valorização da vida, sobre as redes de atenção psicossocial e saúde básica, que precisam aperfeiçoar-se cada vez mais para melhor servir, assim como se aperfeiçoa para diagnosticar alguém com enfermidades físicas; discutiu-se, também, sobre vulnerabilidade familiar, como possível fator para consumar o suicídio; prevenção do suicídio nas escolas e diversos outros pontos que envolvem o assunto.

Risco de suicídio
Várias questões podem culminar para o suicídio, desde aspectos psicológicos, os quais se reúnem a: perdas recentes; pouca resiliência (capacidade de se adaptar à má sorte ou às mudanças); personalidade impulsiva, agressiva ou de humor instável; ter sofrido abuso físico ou sexual na infância; e desesperança, desespero ou desamparo. Assim como, também, o suicídio pode relacionar-se a condições de saúde limitante como: doenças orgânicas incapacitantes; dor crônica; doenças neurológicas (epilepsia, Parkinson, Hungtinton); trauma medular, tumores malignos; e AIDS.

Medidas preventivas
A melhor forma de evitar o suicídio é prevenindo-o! Se dispor a dialogar com as pessoas de sua confiança é sempre uma boa saída, assim como procurar, essencialmente, atendimento médico psicossocial; não deixar a pessoa sozinha, sob nenhuma hipótese e dificultar o acesso aos meio para cometer suicídio é, ainda, uma forma de livrar a pessoa da situação.

SAIBA MAIS

O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Basta acessar o site ou ligar para 188.

O Ministério Público do Maranhão (3219 1600); Centro de Apoio de Direitos Humanos (3219 1945); Ouvidora MPMA (0800 098 1600); Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão (3218 8700); Ouvidoria da Saúde (160); Secretaria de Saúde do Município (3214 7300); Ouvidoria Municipal de Saúde (0800 2800 8877); CRAS – Centro de Referência de Assistência Social (135); e CAPS – Centro de Atenção Psicossocial (3222 9858) também são locais especializados e opções de ajuda capacitada.

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