Violência

PM afasta soldado do CTA por agressão a um cidadão

Fato ocorreu segunda-feira, em um posto, Itapiracó; vítima, agredida a socos e baleada está hospitalizada; ações envolvendo policiais já vitimaram seis cidadãos

Ismael Araújo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28
Momento em que o militar agrediu o cidadão com um soco no rosto
Momento em que o militar agrediu o cidadão com um soco no rosto

SÃO LUÍS - A cúpula da Secretaria de Segurança Pública (SSP) afastou, nesta sexta-feira, 28, o soldado e lutador de jiu-jitsu, Eduardo da Luz Soares, lotado no Centro Tático Aéreo (CTA), por ter agredido fisicamente e baleado na perna, Anderson Pereira da Silva. O fato ocorreu na madrugada de segunda-feira, em uma conveniência de um posto de combustível no bairro do Itapiracó. Ações desastrosas realizadas por profissionais da área de segurança pública do Maranhão já vitimaram seis cidadãos, baleados ou mortos, em menos de três anos.

Soldado Eduardo da Luz empunha sua arma para atirar em Anderson Pereira
Soldado Eduardo da Luz empunha sua arma para atirar em Anderson Pereira

Eduardo da Luz Soares, que ingressou na corporação militar em 2016, está sendo investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da Polícia Militar. Ele estava em companhia de mais dois homens, nomes não revelados, quando agrediu e atirou em Anderson Pereira da Silva, que é funcionário público.

“Foi determinado a Delegacia Geral da Polícia Civil para apurar esse caso e a Polícia Militar vai instaurar, também, uma sindicância pela Corregedoria da Polícia Militar”, afirmou o secretário Jefferson Portela, da segurança pública, durante entrevista na manhã desta sexta-feira para a rádio Mirante AM.

O coronel Ismael Fonseca, comandante do CTA, também foi ouvido e informou que o soldado Da Luz, como é conhecido, foi afastado de suas funções no CTA e encaminhado ao comandado da Polícia Militar para adoção dos procedimentos penais e administrativos. “A postura adotada e os atos praticados pelo servidor em questão são inadmissíveis e injustificáveis. Motivo pelo qual o soldado já foi desligado do CTA”, declarou Ismael Fonseca.

Ainda segundo informações do coronel, o soldado Da Luz vai responder tanto na esfera militar, com a abertura da sindicância, quanto pela Polícia Civil, com abertura de um inquérito. “A sindicância vai ser realizada pela Corregedoria da Polícia Militar”, explicou o coronel.

“A postura adotada e os atos praticados pelo servidor em questão são inadmissíveis e injustificáveis. motivo pelo qual o soldado já foi desligado do Centre Tático Aéreo”Coronel Ismael Fonseca, comandante do CTA

Investigação

Esse caso, na esfera civil, está sendo investigado no 6º Distrito Policial, na Cohab, como crime de agressão grave pelo delegado Nilo Trindade, que informou, na manhã desta sexta-feira, 28, foram ouvidas algumas testemunhas e nos próximos dias o acusado será interrogado. A polícia também está trabalhando a fim de identificar os outros dois envolvidos nessa ação criminosa.

O delegado declarou que há informações de que o policial militar e mais dois homens teriam ingerido bebida alcoólica no domingo, 23, e na madrugada do dia seguinte. Eles foram até a conveniência onde agrediram fisicamente a vítima na frente de várias pessoas. O militar, além de realizar a agressão física, ainda efetuou três tiros em via pública e duas balas atingiram a perna da vítima.

Vítima

Anderson Pereira ainda nesta sexta-feira, 28, permanecia internado em um hospital da capital com o rosto apresentando fraturas e duas balas alojadas na perna. Um áudio com a voz da vítima que está circulando na rede social, informa que ele não conhecia o militar e não tinha nenhuma rixa com ele.

Ele disse que apenas reclamou do comportamento do militar no tratamento a um homem que estava na conveniência, e logo depois foi agredido fisicamente e baleado. No áudio, Anderson Pereira pede que as autoridades resolvam essa problemática e apliquem a punição que o agressor mereça.

Ele afirma, ainda, que o policial tentou matá-lo. “Um cidadão como esse não tem condições psicológicas de exercer a função de militar ou até mesmo portar arma de fogo. Há qualquer momento ele pode matar um pai de família. Esse homem não tem controle. Peguei um soco no rosto que apaguei completamente”, disse a vítima.

Vídeo

O vídeo que está circulando na rede social, principalmente no WhatsApp apresenta dois momentos. Em um deles mostra perfeitamente o policial militar desferindo um soco no rosto de Anderson Pereira na presença da funcionária da conveniência. A vítima caiu no chão desacorda e ensanguentada. Em seguida, aparece a vítima tentando se levantar com o auxílio de uma pessoa.

No outro momento, o vídeo mostra o soldado da Polícia Militar subindo em uma motocicleta com uma lata de cerveja na mão e logo depois, em companhia de outros dois homens, desfere socos e pontapés na vítima. Também é visível nas imagens, o policial militar empunhando uma arma de fogo, correndo em direção a vítima e efetuando os disparos.

Federação

O presidente da Federal Maranhense de Jiu-Jitsu, Wellyton Menezes, afirmou que a categoria não coaduna com esse tipo de comportamento adotado pelo soldado Da Luz, que vai sofrer as penalidades. “Indivíduos como esses não representam a nossa modalidade e a direção da Federação vai anunciar em breve as medidas cabíveis em relação a esse caso”, declarou Wellyton Menezes.

Delegado na prisão

O delegado Marcelo Magno Ferreira Sousa, lotado na delegacia de Vitorino Freire, ainda nesta sexta-feira, 28, estava preso em uma das celas da unidade prisional da Polícia Civil, na Cidade Operária, acusado de ter matado Joeberth de Jesus Silva, de 36 anos, na noite de terça-feira, 25, naquela cidade.

O caso está sendo investigado pela Superintendência de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), com apoio do delegado regional de Bacabal, Carlos Renato. Há informações de que a vítima estava sob efeito de bebida alcoólica e ao tentar invadir o camarote do cantor que se apresentaria no evento do aniversário de Vitorino Freire, acabou baleado e morto pelo delegado.

Mais ocorrências

No ano passado ocorreram três mortes e tendo profissionais da área de segurança pública como os principais acusados. Um dos casos ocorreu no dia 14 de outubro, na avenida Litorânea e a vítima foi o funcionário do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), Ademar Moreira Gonçalves, de 36 anos, que foi a morto a tiros por um policial civil.

No dia 15 de outubro, o sargento da Polícia Militar Cândido Neto Vieira, lotado no 3º Batalhão da Polícia Militar, em Imperatriz, teria matado a tiros Tarcísio Mota Miranda, de 30 anos, e baleado uma mulher dentro de um bar, na Avenida Bernardo Sayão, no centro da cidade. O delegado Eduardo Galvão, regional de Imperatriz, informou que o militar, apresentando sinais de embriaguez, foi até o Bar do Martinho com o objetivo de comprar bebida alcoólica, mas não foi atendido pelo proprietário e acabou efetuando vários tiros em direção ao estabelecimento comercial, um deles atingiu a vítima.

No dia 7, também de outubro, Jamilson Cleiton Machado foi morto a tiros no Centro Histórico desferidos por um policial civil, identificado como Júlio Batista. O acusado chegou a ser preso em flagrante e o caso está sendo investigado pela Delegacia Geral da Polícia Civil.

Na madrugada de 15 de dezembro de 2016, Karina Brito Ferreira, de 24 anos, foi morta, e a sua irmã, Kamila, de 29 anos, baleada por militares, na cidade de Balsas. De acordo com a polícia, elas estavam vindo de um velório e foram confundidas como bandidos pelos policiais, que estavam a procura de assaltantes de banco, no interior do estado.

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