Polêmicas

Na ONU, presidente do Irã rebate críticas de Donald Trump

Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, ontem, Hassan Rouhani criticou ações de Donald Trump para desfazer acordos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

NOVA YORK - O presidente do Irã, Hassan Rouhani, afirmou na tarde de ontem, 25, que os Estados Unidos, "pelo menos a administração atual, parecem determinados a tornar ineficazes todas as instituições internacionais". Em seu discurso na 73ª edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, ele reclamou da posição de Trump de abandonar o acordo nuclear multilateral com o Irã – feito durante o governo Obama –, mas depois sugerir novas negociações bilaterais logo depois de impor novas sanções contra o país.

"Como o Irã pode entrar em um acordo com uma administração que viola as políticas de seu antecessor?", afirmou ele. "Começar um diálogo passa por acabar com as ameaças e sanções injustas que nega os princípios da ética e da lei internacional."

Rouhani criticou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por ter se retirado do acordo nuclear multilateral firmado com o Irã, em maio. O acordo, negociado pelo antecessor de Trump, Barack Obama, fez o Irã se comprometer a limitar suas atividades nucleares em troca do alívio em sanções internacionais.

Na manhã de ontem, o Irã foi atacado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse que os líderes iranianos fazem parte de uma "ditadura corrupta" e buscam semear "caos, morte e destruição". De acordo com Trump, diante desse quadro, os EUA lançam uma campanha de pressão econômica para impedir o acesso do Irã a fundos para desenvolvimento regional. Pedem, além disso, que as nações aliadas isolem as lideranças iranianas, enquanto ainda houver agressões.

Encontro

Pelo Twitter, Trump também afirmou ontem que não planejava um encontro com Rouhani. O presidente do Irã, então, usou seu tempo de fala na ONU para convidar Trump a voltar à mesa de negociação multilateral e afirmou que, para retomar o diálogo, não seria necessário uma oportunidade para posar para fotos.

"Os dois lados podem ouvir um ao outro aqui mesmo, nessa assembleia", continuou ele, afirmando que começaria ali o diálogo com os EUA.

"Estou começando o diálogo aqui e digo, em termos inequívocos, que a questão da segurança internacional não é um brinquedo da política doméstica americana. As Nações Unidades não são parte da administração dos Estados Unidos."

"Não podemos dar espaço para que respire e cresça a linha de pensamento que faz dos outros reféns ao criar insegurança artificialmente", disse o presidente do Irã. "Confrontar o multilateralismo não é um sinal de força, mas um sintoma de fraqueza de intelecto. Revela uma inabilidade para entender um mundo complexo e interconectado."

'Ameaça por ameaça'

Em seu discurso, o presidente do Irã disse que é irônico que o governo americano nem mesmo esconde seu plano para derrubar o mesmo governo que ele convida para as negociações, e afirmou que sanções e extremismo são "dois lados da mesma moeda".

Para ele, a política americana em relação ao Irã "tem sido errada desde o começo", e sua abordagem de resistir aos desejos do povo iraniano está fadada ao fracasso", afirmou Rouhani, que criticou a posição da administração Trump de, dois meses após abandonar o acordo multilateral, anunciar a intenção de iniciar negociações bilaterais com o Irã. "Nenhum estado ou nação pode ser levada à mesa de negociação à força", disse ele. "Concordamos que, no fim do dia, não existe jeito melhor do que o diálogo. Convidamos vocês para voltar à mesa de negociação que vocês abandonaram."

De acordo com Rouhani, o que o Irã quer é envolve relações externas "sem guerra, sem sanções, sem ameaças, sem bullying, apenas agir de acordo com a lei e cumprir as obrigações".

"Nossa proposta é clara: compromisso por compromisso, violação por violação, ameaça por ameaça, passo por passo, em vez de conversa por conversa", afirmou ele, acrescentando ainda que o Irã defende a paz em todo o Oriente Médio, condena o terrorismo e apoia a aplicação das regras dos organismos internacionais.

Assembleia Geral da ONU

O evento reúne representantes de mais de 190 países para um debate geral. Na 73ª edição, a pauta principal é refletir sobre como a ONU e as lideranças globais podem garantir sociedades mais igualitárias, pacíficas e sustentáveis.

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