GRIPE

Influenza: contágios de idosos são mais graves e frequentes

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as internações por gripe de pessoas a partir de 65 anos variam de 54% a 70%; especialistas de São Luís chamam atenção para os cuidados com este público

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Incômodo no sistema respiratório, febre alta, fadiga e dor de garganta são os sintomas mais frequentes em casos de gripe. Dados nacionais e locais apontam, entre a população, os idosos como os mais acometidos pelo vírus influenza, o que requer cuidados especiais, desde a higiene pessoal aos lugares frequentados pelo segmento da terceira idade.
De acordo com o clínico-geral e diretor do serviço de Emergência do Hospital São Domingos, Luiz Ângelo Viveiros de Souza, de cada mil idosos atendidos no setor, 100 apresentam quadro de gripe, seguindo uma tendência mundial apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que destacou que as internações por gripe, em pessoas a partir de 65 anos, variam de 54% a 70%.

“É importante que os familiares se mantenham atentos para os sintomas da influenza em idosos. Nesses casos, é essencial procurar um médico, já que, a partir dos 60 anos, nosso organismo torna-se mais fragilizado, fazendo com que a gripe seja mais danosa”, explicou Luiz Ângelo Viveiros.
Mas é preciso esclarecer algumas dúvidas frequentes, antes de buscar atendimento médico, principalmente distinguir resfriados de gripes. “Resfriado é uma virose respiratória leve, na qual se tem coriza, febre baixa, causadas por vírus que não possuem vacinas imunizantes. Diferentemente da gripe, que é causada pelo vírus da influenza e provoca doenças mais graves, com sintomas como febre elevada e complicações que podem ir de sinusite à encefalite e pneumonia”, explicou o clínico-geral.

Consequências
Desta forma, as consequências podem ser ainda mais graves ou até fatais em idosos, devido à fragilidade do sistema imunológico deste grupo, tornando mais frequente a necessidade de internações. Na rede Hapvida Saúde, cerca de 40% dos idosos que chegam à emergência com quadro gripal acabam sendo internados para observação e controle dos sintomas, em especial quando estes já evoluíram a ponto de agravar a situação, com o comprometimento da capacidade respiratória. Além disso, os idosos podem levar mais tempo para se recuperar, podendo até mesmo evoluir para óbito.

A OMS estima que, em todo o mundo, 385 milhões de idosos apresentam risco elevado para complicações da influenza. Entre os quadros de evolução e agravamento da gripe, o otorrinolaringologista André Lago, do Hapvida, diz que a síndrome respiratória é uma das mais preocupantes. Pode deixar os pacientes mais vulneráveis, inclusive, a infecções bacterianas.

“Basta imaginar o seguinte: um idoso, que tem dificuldade para respirar pelo nariz por causa das secreções, acabará puxando mais o ar pela boca, sem que esse ar seja filtrado. Nesse momento, as bactérias entram no organismo e podem causar inflamações infecciosas na região da amígdala, da garganta. Infecções bacterianas são tratadas com antibiótico, que podem diminuir ainda mais a resistência imunológica dos pacientes. Por isso, todo cuidado é necessário ao menor sinal de gripe em idosos”, esclareceu.

Outro ponto destacado refere-se às características locais. Com temperaturas predominantemente elevadas, São Luís proporciona ainda mais chances de contágio pelos vírus da gripe, como explicou o clínico geral, Luiz Ângelo Viveiros de Souza. “Os vírus respiratórios se propagam melhor em extremos de temperatura. Lugares muito frios ou quentes viabilizam o contágio. Por isso, é necessário evitar essas variações e também mudanças bruscas de temperatura. Também devem ser evitados lugares de grande aglomeração, devido à pré-disposição em adquirir o vírus”, frisou.

Além dos cuidados para tratar a gripe, os especialistas chamam atenção para a prevenção, principalmente por meio da vacinação disponibilizada pelo Serviço Único de Saúde (SUS), em postos públicos, e também em clínicas particulares, com valores que podem variar de R$ 70,00 a R$ 100,00.

“É essencial que todos os idosos sejam imunizados contra o vírus da influenza, para que se mantenha protegido e não ofereça risco de contágio a outras pessoas. É importante ressaltar também que essas vacinas estão disponíveis no SUS, não só nos períodos de campanha, além das clínicas particulares”, destacou Luiz Ângelo Viveiros de Souza.

A aposentada de 82 anos, Maria de Lourdes Cunha, mantém a vacinação atualizada e garante a imunização contra o vírus. “Desde abril não tenho gripe, porque sempre tomo a vacina, todo ano. Já tive gripes fortes, inclusive com começo de pneumonia, por isso me preocupo em me manter protegida”, relatou.

SAIBA MAIS

Cuidados
O médico André Lago, otorrinolaringologista da rede Hapvida Saúde, apontou os cuidados principais para evitar o contágio de idosos pelo vírus da gripe. Confira:

O corpo dos idosos fica mais propenso a vírus e bactérias, em especial, diante de mudanças de temperatura. Por isso, o fim do ano, com ventos fortes e calor intenso, costumam ser propícios para o registro de casos.

De um modo geral, o que se deve é evitar compartilhar objetos de uso pessoal, adotar sempre os hábitos de higiene, como lavar as mãos com frequência; se puder ter sempre em mãos um pouco de álcool em gel, melhor ainda, pois a substância é capaz de eliminar instantaneamente os germes que causam as doenças.

É bom evitar banhos muito quentes antes ou logo após um período no ar-condicionado, por exemplo, para evitar o choque térmico.

Uma boa higiene nasal também pode ser muito eficiente. Por isso, é sempre bom ter em casa soro fisiológico para lavar as narinas, de preferência, dias vezes ao dia.

Vacina
A vacinação é a melhor alternativa para se prevenir[4], podendo ser feita tanto na rede privada quanto pública. Nas clínicas particulares, há duas vacinas contra o vírus influenza: as trivalentes e as quadrivalentes. As trivalentes protegem contra três tipos de vírus, pois contêm as duas cepas A (subtipos H1N1 e H3N2) e uma cepa B. As quadrivalentes oferecem proteção mais ampla, pois contém um vírus a mais: duas cepas A (subtipos H1N1 e H3N2) e duas cepas B (subtipos Victoria e Yamagata). Já o sistema público de saúde oferece apenas a vacina trivalente.

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