DOAÇÃO DE ÓRGÃOS

Falta de conhecimento mantém estagnada a doação de órgãos

Setembro Verde, mês de sensibilização para a causa, mobiliza profissionais de saúde e estudantes da área para fórum promovido por hospital em SL

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Entre altos e baixos, desde que o serviço de transplante de órgãos passou a ser realizado em São Luís e no Maranhão no ano de 2000, a capital e o estado sofrem os desafios de quem luta pela vida e compõe a numerosa fila para receber um órgão. Atualmente, 600 pessoas aguardam por transplante de órgãos ou tecidos no estado. No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), 30 mil pessoas estão na lista de espera.

O número de doadores efetivos no estado ainda é pequeno e não atende a demanda. Conforme os últimos registros, de 2017, o número de doadores efetivos, que não supera a margem daqueles que aguardam na fila de espera, era de apenas 14 – realidade que se deve à falta de conhecimento acerca do assunto – e a demanda de receptores, que poderiam ser ajudados por doadores vivos, corresponde a 591, ou seja, cerca de 42,21 pacientes para cada doador efetivo.

“A barreira principal a ser vencida é a desinformação. Com a disseminação do conhecimento acerca da causa e a reeducação das pessoas é que poderemos projetar, para os próximos anos, um aumento significativo no número de doadores efetivos e no número de transplantes, que é uma consequência”, ressaltou a coordenadora da Central de Notificação, Captação de Distribuição de Órgãos e Tecidos do Maranhão, a médica Maria Inês Oliveira.

Ação de sensibilização
Foi pensando nos ainda grandes e frequentes desafios do cenário de doação no estado, e a fim de sensibilizar colaboradores e sociedade, o Hospital São Domingos (HSD) realizou durante o dia de ontem (25), em seu Centro de Estudos, o I Fórum de Doação de Órgãos e Tecidos do Hospital São Domingos, evento que visou ao diálogo e melhores perspectivas para a doação de órgãos e tecidos no Maranhão.

“Considerando o mês de setembro, alusivo à sensibilização e incentivo à doação de órgãos e tecidos, pensamos realizar esse fórum para fomentar e melhorar os nossos números em termos de doação e transplantes. Dispomos de uma comissão para tirar dúvidas acerca do assunto, principalmente para acolher as famílias, que são importantes para a efetividade quanto à doação, a partir de doadores falecidos”, pontuou o coordenador do Programa de Transplantes do HSD, o médico Romerito Neiva.

O fórum contou com a presença de convidados como o médico Tadeu Thomé, coordenador do Programa de Transplantes do Hospital Sírio-Libanês; José Santos Júnior, gestor do Centro de Transplantes do Hospital Unimed de Sorocaba; Inês Oliveira, chefe da Central de Transplantes do Maranhão, além de profissionais especialistas no assunto. Na ocasião, foram tratados temas como acolhimento familiar, panorama do transplante no Maranhão e no Brasil, manejo do protocolo de morte encefálica, importância e gerenciamento das Cihdotts (Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes).

“É de extrema importância que se foque nos principais problemas que perdem os doadores, ou seja, a família tem uma parcela de responsabilidade, visto que cerca de 38% das causas de perdas de doações são por recusa da família. Faz-se necessário, mais que nunca, disseminar conhecimento acerca do tema, realizar campanhas, trabalhos em redes sociais divulgando os benefícios da doação e transplantes para a sociedade. Resumindo, é necessário que haja mais ações de educação, para contribuir para o conhecimento da população leiga e aumentar o número de doações e, consequentemente, diminuir o número de mortalidade de pacientes na lista de espera”, elencou o coordenador do Programa de Transplantes do Hospital Sírio Libanês, Tadeu Thomé.

VOCÊ SABIA?

1. É possível doar rim, medula óssea, parte do fígado ou do pulmão em vida
2. Após a constatação da morte encefálica, os órgãos e tecidos que podem ser doados são rins, coração, pulmões, fígado, pâncreas, córneas, pele e ossos
3. O diagnóstico clínico de morte encefálica utiliza protocolo mundialmente reconhecido para garantir a segurança da constatação
4. Os órgãos são transplantados para os primeiros pacientes compatíveis em lista única da central de transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado
5. No Brasil, são mais de 30 mil pessoas na lista de espera por órgãos. No Maranhão, mais de 600 pessoas na lista.

SAIBA MAIS

Necessidade de órgãos anual estimada

Córnea – 626
Rim – 417
Fígado – 174
Coração – 56
Pulmão – 56

Número de transplantes realizados

Córnea – 264
Rim – 47
Fígado – 0
Coração – 0
Pulmão – 0

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