Editorial

Ponto fraco

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

Um esgoto estourado na Rua das Cegonhas, no Parque Atlântico, bairro vizinho ao Olho d’Água, é um transtorno para a coletividade e parece não ter fim. Os dejetos jorram em uma área com tráfego movimentado e densamente povoada, com residências, estabelecimentos comerciais e até uma creche. Na manhã de ontem, o problema voltou a atormentar moradores, motoristas e pedestres que se locomoviam pela via. Até um carro caiu na imensa cratera aberta no asfalto por causa do vazamento.

A cena caótica de dejetos escorrendo em via pública e motoristas disputando espaço e fazendo malabarismo para se esquivar do rio de excrementos é mais um duro golpe no governador Flávio Dino (PCdoB), que tem na falta de saneamento um dos pontos mais fracos da sua gestão. O desempenho pífio em uma área tão importante e o risco à saúde pública decorrente de tamanho descaso e a visível incompetência para lidar com questão tão delicada é um dos fatores que ameaçam frustrar os planos de reeleição do comunista.

O esgoto estourado fica em uma esquina onde milhares de motoristas e motociclistas fazem conversões diariamente. A manobra está prejudicada, pois o buraco toma parte da pista. No sentido da via em direção ao retorno do Caolho, o fluxo também está comprometido, pois a cratera ocupa a faixa inteira. São múltiplos inconvenientes, que tornam ainda mais difícil o dia a dia de uma população já atormentada pela violência, pela falta de infraestrutura, pelo risco do trânsito e por tantos outros dramas urbanos.

Como o vai e vem de veículos nunca para, os congestionamentos e a poluição sonora causada pelas buzinas acionadas pelos condutores impacientes são constantes. Também há risco de acidentes, provocados pela imprudência e falta de educação dos que se negam a ceder passagem, mesmo que não tenham preferencial. Localizada exatamente em frente ao ponto crítico, uma creche também é afetada pelo problema, tanto em relação ao acesso, que foi dificultado, quanto ao incômodo causado pelo barulho excessivo.

O transtorno público causado pela cratera é apenas um pequeno recorte de uma realidade extremamente cruel para os maranhenses, que viram todos os esforços empreendidos em um passado recente esvaírem-se em rios de esgoto, que deságuam nos mais diversos pontos da Ilha de São Luís. Se a situação nunca foi favorável, pelo menos vislumbrava-se, a médio e longo prazos, a melhoria significativa dos indicadores incômodos que posicionavam o Maranhão entre os últimos estados no quesito saneamento.

Antes de Flávio Dino tomar assento no Palácio dos Leões, um expressivo conjunto de esforços foi adotado para tentar reverter os índices alarmantes de saneamento, que representavam grave risco à saúde pública. A obra mais representativa desse esforço concentrado foi a construção da Estação de Tratamento Sanitário do Vinhais, projetada para tratar os dejetos de toda a faixa litorânea da capital e bairros adjacentes, como São Francisco, Ponta d’Areia, Renascença, Calhau, Ponta do Farol, dentre outros. Ao assumir o mandato, em 1º de janeiro de 2015, o comunista encontrou um equipamento público em vias de operação, mas não teve competência para levar adiante plano tão ousado e que tinha tudo para ser a redenção em uma área historicamente crítica.

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