Eleições 2018

Pressionado pelo centrão, Alckmin decide partir para a desconstrução de Bolsonaro

Estagnado nas pesquisas, candidato do PSDB muda postura na propaganda eleitoral para evitar que aliados dos partidos que compõem sua coligação decida abandonar o barco tucano nos estados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

São Paulo - A campanha do ex-governador Geraldo Alckmin, candidato à Presidência pelo PSDB nas eleições 2018, decidiu retomar em seu horário eleitoral os ataques ao presidenciável do PSL e líder nas pesquisas de intenção de voto, Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada após reunião com aliados do Centrão na tarde desta terça-feira, 18, em São Paulo. Além disso, Alckmin vai reforçar o tom antipetista de sua campanha. A ideia é pregar o voto útil com o argumento de que votar em Bolsonaro significa carimbar o passaporte do PT no 2° turno.

A reunião foi convocada pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, coordenador político da campanha de Alckmin, e reuniu dirigentes do PR, PSD, PTB, PRB, SD e PSDB no comitê do programa de governo, no Jardins, na zona sul da capital paulista. Entre os participantes estavam Valdemar Costa Neto, do PR, Roberto Freire, do PPS, Guilherme Mussi, do PP, Silvio Torres, do PSDB, e o marqueteiro Lula Guimarães.

No encontro, Alckmin e seus auxiliares apresentaram aos aliados do Centrão as mudanças que serão feitas na estratégia de campanha e tentaram tranquilizar o grupo. Segundo relatos de participantes do encontro, os dirigentes dos partidos da coligação que apoiam Alckmin temem que Bolsonaro possa vencer no 1.° turno ou ir para o 2.° com Fernando Haddad, candidato do PT. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira, Alckmin tenta impedir uma debandada do Centrão - o tucano está estagnado nas pesquisas de intenção de voto.

"Não há hipótese dessa eleição acabar no 1° turno. Esqueça. Essa é a eleição mais pulverizada desde 1989", disse ACM aos jornalistas na saída do encontro. Ainda segundo o prefeito de Salvador, o ataque a Bolsonaro em Juiz de Fora (MG) deixou todos os candidatos em "compasso de análise".

"Enquanto um dos candidatos lutava pela vida, não era razoável fazer um determinado tipo de enfrentamento político. Mas não iremos, em 7 de outubro, viver uma eleição entre a prisão e uma facada", disse ACM. "Não podemos deixar de evidenciar as fragilidades da candidatura de Bolsonaro", concluiu.

Quando questionado sobre as traições de aliados nos Estados, o prefeito minimizou. "Isso está acontecendo em todos os partidos, e não só da nossa coligação".

Rejeitado pelo eleitorado

feminino, Bolsonorado

busca discurso familiar

Candidato do PSL usa a filha, de oito anos, para passar mensagem contra a violência sexual

SÃO PAULO - Em reação ao movimento na internet "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", a campanha do candidato do PSL ao Palácio do Planalto começou nesta segunda-feira, 17, a divulgar imagens de família e mensagens de repúdio à violência sexual.

O presidenciável Jair Bolsonaro apareceu em um vídeo ao lado da filha, Laura, de 8 anos, e relatou, em tom de emoção, que desfez uma vasectomia para que a mulher, Michelle de Paula, pudesse engravidar. Casada há cinco anos com Bolsonaro, Michelle - que acompanha o marido no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde ele se recupera do atentado que sofreu em Juiz de Fora (MG), no dia 6 deste mês, - evita a exposição e resiste a apelos de aliados para aparecer nas peças de propaganda política.

A equipe de Bolsonaro está focada em mobilizar os simpatizantes para neutralizar nas redes sociais manifestações contrárias ao candidato previstas para ocorrer nas capitais no dia 29. No tarde de segunda, a conta dele no Twitter saiu em defesa de sua atuação na Câmara dos Deputados, que não é marcada pela aprovação de um grande número de projetos. Foi a deixa para entrar na questão da violência sexual, um tema da agenda dos grupos em defesas das mulheres.

"Se aprovar leis fosse o mais importante, o Brasil seria um paraíso", destacou a mensagem na conta do candidato na rede social. "Fazemos a nossa parte propondo penas mais duras para estupradores, redução da maioridade penal, etc."

Aliados do presidenciável relataram à reportagem que Bolsonaro está atento à ofensiva para buscar o voto feminino, mas pediu prudência.

'Sentimento'

Ao divulgar vídeo do pai com Laura, o deputado estadual e candidato ao Senado pelo Rio Flávio Bolsonaro (PSL) escreveu em sua conta no Twitter que "ele sempre resistiu em externar isso, mas é o mais puro e verdadeiro sentimento" em relação às mulheres. Já o filho Carlos, vereador licenciado do Rio, optou por atacar os adversários petistas. Ele usou a hashtag #ForçaManu para dizer que a candidata Manuela d'Ávila, do PCdoB, vice do candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, é ignorada nas peças de propaganda da chapa petista.

As mais recentes pesquisas apresentadas por Ibope e Datafolha mostram que Bolsonaro enfrenta maior rejeição entre as mulheres, com índices que chegam a 50% e 49%, respectivamente. Imagens do embate de Bolsonaro com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) na Câmara, em que ele chegou a dizer que não a estupraria porque ela não merecia, foram usadas pela propaganda política do candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB). Por causa do episódio, Bolsonaro virou réu no Supremo Tribunal Federal por injúria e incitação ao crime de estupro.

O atentado contra Bolsonaro em Juiz de Fora conteve o bombardeio tucano durante o horário eleitoral e atenuou a preocupação do PSL com a marca de "machista".

Nova preocupação

O aumento de seguidores do grupo de Facebook "Mulheres Unidas contra Bolsonaro", que chegou a 2 milhões de participantes e pedidos de entrada, entretanto, voltou a preocupar a campanha de Bolsonaro. Na madrugada de domingo, o grupo foi hackeado e, daí em diante, centenas de outros foram criados contra o candidato. As hashtags #Elenão e #Elenunca, usadas nas redes sociais em referência negativa ao presidenciável, também têm causado preocupação na equipe do candidato.

Desde o início do ano, aliados de Bolsonaro tentam convencer a mulher do candidato a participar da campanha. Michelle de Paula sempre resistiu à ideia e procurou, ao longo dos últimos meses, evitar encontros políticos na casa em que mora com Bolsonaro, num condomínio na Barra da Tijuca, no Rio. "Se dependesse de mim, ele nem seria candidato", disse, em tom de brincadeira, numa conversa recente com aliados.

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