Artes Plásticas

Pregoeiros com um toque de Debret em exposição de Telma Lopes

Artista visual Telma Lopes inaugura a exposição “Folhas do Tempo”, hoje, às 9h, na Galeria do Sesc; trabalhos são colagens que misturam 21 personagens populares dos quadros de Jean-Baptiste Debret

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Uma das telas de Telma Lopes que faz parte da exposição
Uma das telas de Telma Lopes que faz parte da exposição (tela 3)

SÃO LUÍS- Depois de mais de 20 anos morando no Rio de Janeiro, a artista visual maranhense Telma Lopes está de volta a São Luís e se prepara para apresentar a exposição “Folhas do Tempo”, com vernissage hoje (18), às 9h, na Galeria do Sesc (Praça Deodoro). Os trabalhos poderão ser conferidos até o dia 19 de outubro. Telma Lopes retorna ao Maranhão após anos de trabalho na Fábrica de Cenários da Rede Globo, onde mostrou talento para a pintura artística na produção de cenários de novelas, minisséries e programas da emissora.

Na exposição “Folhas do Tempo”, ela apresenta colagens montadas e desenhadas que misturam personagens populares dos quadros de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), artista francês que morou no Brasil entre 1817 e 1831, e que fazem uma alusão aos pregoeiros do Maranhão. As imagens são criadas com folhas de árvores que, por meio de técnicas de colagem, adquirem textura parecida com a da madeira. Nas composições de Telma Lopes prevalece a cor sépia, com tonalidades em gradações marrons, avermelhadas e amarelas.

Conforme a artista, são 21 telas no total. “Esta é a minha primeira exposição depois que eu voltei para o Maranhão. Lembro que a minha última aqui, antes de ir embora, foi um trabalho utilizando a encáustica, uma técnica grega, na extinta galeria Dona da Arte, do artista plástico Cláudio Costa”, conta Telma Lopes.
As imagens criadas por Telma são construídas com materiais orgânicos reaproveitados. São, principalmente, sementes e folhas selecionadas e separadas por cores, formas e texturas. As cores remetem a lembranças de sítios e quintais de áreas rurais da Ilha de São Luís, onde ela viveu momentos felizes de sua infância. As folhas, quando envelhecem, ficam frágeis e se transformam em estrume.

Por meio de técnicas de colagem, adquirem textura parecida com a da madeira e são usadas à concepção da releitura de personagens captadas das pinturas de Debret. A escolha dos tons é para fazer paleta de cores semelhantes às usadas por Debret. Algumas folhas são desidratadas e coladas à formação do desenho. As obras são dispostas como móbile em vidro e em caixas. Os quadros têm formato oval e retangular, de tamanhos 45 cm por 50 cm.

Homenagem
Desta vez, a maranhense faz uma homenagem aos pregoeiros em grande estilo. Ela conta que admira o trabalho dos pregoeiros maranhenses, que sempre foram uma figura presente em sua porta. “Eu me lembro que eles passavam na minha porta vendendo os mais diversos tipos de produto e eu adorava a pamonha. E, agora, quando retorno à minha terra, vejo que essa tradição ainda se mantém forte e isso é maravilhoso. Inclusive convidei alguns pregoeiros para prestigiar o lançamento e sou muito grata a eles”, afirma.

Trata-se de uma coleção inédita e a artista visual já pensa em outro trabalho, mas enfocando animais da fauna brasileira, a partir da mesma técnica de colagem. Tudo é produzido no ateliê da artista, localizado na rua Dr. Neto Guterres (Beco do Silva), no centro de São Luís. Nascida em São José de Ribamar, Telma mudou-se para o Rio de Janeiro e estudou na Associação Brasileira de Belas Artes. Mais tarde teria seu currículo aprovado pela Rede Globo, onde trabalharia por mais de 20 anos, experiência que ela considera bastante marcante para a sua carreira.

Durante o tempo em que passou no Rio, também apresentou exposições (inclusive na emissora) e ainda se engajou em um trabalho paralelo com crianças carentes da comunidade Novo Palmares, onde ministrava oficinas de artes plásticas.

“Lá, eu também tinha contato permanente com a Casa do Maranhão, onde também cheguei a expor meus trabalhos. Agora, me aposentei e decidi voltar para o Maranhão e quero poder compartilhar tudo o que eu aprendi com os meus conterrâneos e aprender com eles também. Sinto essa necessidade de compartilhar”, revela.

Serviço

O quê

Exposição “Folhas do Tempo”

Quando

Hoje, às 0h

Onde

Galeria do Sesc (Praça Deodoro)

Folhas do tempo

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