Corrupção

Juiz abre processo contra Cristina Kirchner e pede sua prisão

Claudio Bonadio acusa ex-presidente de associação ilícita para arrecadar propinas em concessões de obras públicas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
A ex-presidente Cristina Kirchner acena ao entrar no prédio da Justiça em Buenos Aires
A ex-presidente Cristina Kirchner acena ao entrar no prédio da Justiça em Buenos Aires (Kirchner/Divulgação)

BUENOS AIRES - O juiz argentino Claudio Bonadio processou e pediu ontem a prisão preventiva da senadora a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), por considerá-la chefe de uma associação ilícita estruturada a partir do Estado para arrecadar fundos ilegais através de concessões de obras públicas.

Esta é a segunda vez que Bonadio solicita a detenção da ex-presidente e, também, a suspensão de sua imunidade parlamentar. A primeira vez foi no final de 2017, no caso sobre a suposta negociação de um acordo secreto com o Irã para acobertar ex-funcionários iranianos envolvidos no atentado à Associação Mutual Israelita (AMIA), que matou 85 pessoas, em 1994.

Mais uma vez, o futuro de Cristina está em mãos do Senado, que até agora não avançou com a discussão do primeiro pedido de suspensão da imunidade parlamentar da senadora e ex-presidente.

Bonadio também processou o ex-ministro do Planejamento, Julio De Vido, preso desde 2017 por outros casos de corrupção, entre outros ex-funcionários e empresários, muitos dos quais aceitaram colaborar com as investigações na categoria de “arrependidos” com a expectativa de conseguir reduções em suas futuras condenações.

Para Bonadio, foi confirmada a existência de uma “organização criminosa formada por funcionários públicos, que usando meios oficiais (automóveis, servidores, celulares, etc…) e comandados pelos chefes do Executivo Nacional (Néstor e Cristina Kirchner) e do Ministério do Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços, atuou entre 2003 e 2005”, segundo consta em sua resolução. No mesmo documento, o juiz assegura que esta estrutura de corrupção teve como objetivo “obter dinheiro ilegítimo por parte de diversos particulares, muitos dos quais eram empresários contratados para obras públicas pelo Estado Nacional”.

A decisão de Bonadio era esperada desde o fim de semana passado e coloca a ex-presidente numa situação extremamente delicada. Esta é a primeira vez que um juiz pede a detenção de Cristina por um caso de corrupção.

Danos em imóvel

Fim de semana passada, a senadora divulgou através das redes sociais um vídeo no qual mostra sua casa de El Calafate e os danos que, segundo ela, foram provocados pelos oficiais que participaram das buscas (autorizadas pelo Parlamento) realizadas no começo deste mês, entre eles, paredes quebradas. Cristina nega as acusações, diz ser uma perseguida política e se compara com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Muitos dos empresários “arrependidos” confirmaram ao juiz a existência desta rede de corrupção e a entrega de malas com dinheiro a funcionários dos governo Kirchner, como forma de pagamento de propina para serem beneficiados em concessões de obras públicas. Segundo ex-funcionários kirchneristas que também aceitaram colaborar, as malas com dinheiro eram levadas para a Casa Rosada, a residência presidencial de Olivos e até mesmo para El Calafate, em aviões da Presidência argentina.

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