Suprema Corte

Denúncia de abuso sexual põe em risco indicação de Trump

Democratas pedem adiamento da aprovação do nome do juiz Brett Kavanaugh; ele e sua denunciante podem depor no Congresso

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

WASHINGTON - Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente Donald Trump para a Suprema Corte, informou ontem que aceita prestar depoimento à Comissão de Justiça do Senado sobre a acusação de má conduta sexual nos anos 1980. Da mesma forma, Debra Katz, a advogada que representa a acusadora Christine Blasey Ford, afirmou que sua cliente está disposta a testemunhar no Congresso sobre o episódio. Essa situação coloca a nomeação de Kavanaugh, que daria maioria sólida aos conservadores na Suprema Corte, em risco, com os democratas já pedindo o adiamento da sessão em que a nomeação dele seria votada,originalmente prevista para quinta-feira, 20.

Katz confirmou em três noticiários na manhã desta segunda-feira que Ford quer confirmar suas acusações contra Kavanaugh perante os senadores. Ela já havia contado sua história à senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia, e em uma entrevista ao jornal "The Washington Post".

"Ela está disposta a fazer o que for preciso para contar sua história", disse a advogada na NBC. Em resposta, Kavanaugh se colocou à disposição dos senadores e disse que a acusação é “completamente falsa”.

"Esta é uma alegação completamente falsa. Eu nunca fiz nada parecido com o que a acusadora descreve, com ela ou com qualquer pessoa", disse ele, que foi filmado caminhando para a Casa Branca pouco antes do comunicado ser divulgado, segundo o site “The Hill”.

Em entrevista ao “Washington Post”, Christine Blasey Ford disse que, quando ainda era uma estudante de ensino médio, em uma festa num subúrbio de Maryland, perto de Washington, Kavanaugh e um amigo, "ambos completamente bêbados", a encurralaram em um quarto. O primeiro teria então cometido os abusos. No relato, Ford contou que "enquanto o seu amigo observava, Kavanaugh a forçou sobre uma cama e a apalpou sobre as suas roupas, esfregando seu corpo contra o dela e desajeitadamente tentando tirar suas roupas". Quando ela tentou gritar, segundo Ford, Kavanaugh tapou sua boca. Ela tinha 15 anos e ele, 17.

O caso pode afetar a nomeação de Kavanaugh de duas maneiras. A primeira opção é fazer com que o indicado de Trump perca o apoio de senadores republicanos. Hoje o partido tem 51 votos, mesmo número necessário para aprovar a indicação de um juiz ao Supremo, depois que, em uma manobra do governo Trump, o quórum foi reduzido de 60 votos para a maioria simples entre os cem senadores. O republicano Jeff Flake, por exemplo, já afirmou que não se sente confortável para votar a indicação de Kavanaugh sem que antes as denúncias sejam ou não comprovadas. Desde o ano passado, denúncias de abusos ou má conduta sexual varreram a política americana.

O segundo impacto possível vem com o adiamento da votação. Trump gostaria que o nome de Kavanaugh fosse aprovado até outubro, antes das eleições legislativas de novembro. Há o sério risco do Partido Republicano perder a maioria no Senado e, assim, depender de votos democratas para aprovar as indicações para a Suprema Corte.

Neste cenário, Kavanaugh provavelmente não passaria: além desta acusação, pesa contra ele uma série de dúvidas, a ponto do presidente Trump ter ordenado o sigilo de 100 mil páginas de documentos públicos de Kavanaugh em seu trabalho como assessor do ex-presidente George H. W. Bush. Sua sabatina de três dias no Comitê de Justiça do Senado foi uma das mais tensas da história recente do órgão.

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