Editorial

A esperança de encontrar emprego

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

O fim de ano se aproxima e cresce a expectativa em todo o país por uma oportunidade de emprego. Como é certo, milhares de empresas, grandes e pequenas, costumam oferecer chances para quem quer trabalhar no período que marca as festas de fim de ano em algumas áreas do país. Traduzindo: grande expectativa de vendas, afinal, milhões são tocados pelos sentimento natalino e vão às compras, favorecendo as indústrias e o comércio.

É a esperança para muitos. Não. Para milhões que estão vendo a oportunidade de ganhar algum dinheiro ainda que por um curto período de dois ou três meses. O trabalho, sem nenhuma dúvida, tem impacto profundo na vida das pessoas. É fundamental na formação da identidade, das capacidades.

A falta de estudos, idade, falta de estudos e pouco dinheiro para custear busca por trabalho são alguns dos fatores que fazem milhões de brasileiros a desistirem de procurar emprego. Desespero. Segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, tendo como base dados da Organização Internacional do Trabalho, a taxa de desemprego no Brasil no ano passado foi a segunda maior de toda a América Latina.

Com base no IBGE, os desalentados no país são milhões de pessoas, ou seja, 4,3% da população em idade de trabalhar. Só para lembrar, em meio à crise econômica, o desemprego no ano passado atingiu 12,9% da população brasileira economicamente ativa. Um terço dos jovens entre 15 e 24 anos tentou e não encontrou emprego e 24,8% nem trabalham nem estudam.

Ainda conforme o instituto, o índice é recorde: mais que o dobro do registrado de 2012 a 2015, quando a taxa de desemprego, hoje em 12,3%, era de apenas um dígito. O desalentado fica fora das estatísticas de desemprego pelos critérios de análise das pesquisas oficiais. Por essa peculiaridade, alimentam nas planilhas uma contabilidade inversa à realidade: quanto maior o número de desalentados, menor a taxa de desemprego. Os que perdem a esperança são transferidos para massa de quase 65,5 milhões de pessoas que estão fora da força de trabalho, o universo reservado a estudantes e aposentados, por exemplo.

Para a professora Belinda Mandelbaum, chefe do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP, existe o desemprego oculto, que não aparece nas estatísticas. Melhor dizendo, que os desalentados não são excluídos apenas das estatísticas. Pouco a pouco também são transferidos para uma espécie de limbo social na vida real. Conforme estudo, as pessoas ficam até com restrição de circulação, sem dinheiro para se movimentar pela cidade. O desalento gera até uma imobilidade social, as pessoas ficam restritas a seu âmbito familiar. Não deixa de ser verdade: quem trabalha está inserido no mundo, em outros grupos, tem uma identidade social. Tudo se perde quando está desempregado.

Em se tratando de desemprego, dos 20 países da América Latina, só o Haiti - que tem apenas o 168º maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 189 países avaliados pela ONU - tem uma situação pior que o Brasil, que é o 79º no ranking do IDH. De acordo o Pnud, 14% dos haitianos estavam desempregados no ano passado, percentual que chegava a 36% dos jovens.

O terceiro país da lista é a Colômbia, com 9% da população desempregada e um índice de jovens fora do mercado de trabalho bem menor, de 18,4%. Mesmo a Venezuela, que vive uma crise econômica e política, aparece melhor que o Brasil: 8,1% dos venezuelanos estavam sem emprego, problema que atingia 17,6% dos que têm entre 15 e 24 anos. A menor taxa de desemprego da região é de Cuba, com 2,6%, índice que vai a 5,5% entre os jovens.

A desesperança faz o trabalhador desistir de procurar emprego. E o sinônimo de todo isso é falta de alento, desânimo, abatimento, esmorecimento. Força!!!

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