Editorial

Retorno ao mercado aeroespacial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

Na última sexta-feira, o presidente da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais, o major-brigadeiro Luiz Fernando Aguiar esteve na cidade de Alcântara e anunciou que até 2019, o Brasil deverá concluir um acordo de cooperação técnica com os Estados Unidos que prevê a utilização comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA). Localizado na cidade de Alcântara, o centro possui a posição privilegiada para lançamentos aeroespaciais com mais precisão e eficiência nos resultados.

Segundo o anúncio, esse acordo, além de, finalmente, colocar o Brasil com mais projeção entre os países que dominam a tecnologia espacial, não afetaria a soberania brasileira, em relação a parcerias com outros países, permitindo a troca de experiências tecnológicas e uso comercial do centro de lançamento do Brasil com outros países interessados em realizar lançamentos a partir de Alcântara.

A não – interferência da soberania do Brasil em relação ao uso dos sítios de lançamento de Alcântara é algo de grande importância em relação as negociações do país com os Estados Unidos, cujas tentativas de negociações não foram bem-sucedidas até agora. No início dos anos 2000, uma das tentativas de acordo entre os dois países foi interrompida justamente por trazer cláusulas no contrato que desrespeitavam a soberania brasileira no comando do seu centro de lançamento, impedindo o governo brasileiro de negociar com outros países para o uso do sítio de lançamento no Maranhão.

Com as negociações suspensas, o Brasil amargou a tragédia do incêndio em 2003, durante a tentativa de lançamento do Veículo Lançador de Satélites (VLS), que resultou na morte de 21 técnicos brasileiros.

Em 2005, assinou um acordo de cooperação técnica com a Ucrânia, para lançamentos do Cyclone 4, veículo de lançamento de satélites com tecnologia ucraniana. O acordo entre os dois países avançou na criação da empresa binacional Alcântara Cyclone Space, mas foi encerrado em 2016, sem nenhum lançamento e um prejuízo que chegou a R$ 483 milhões aos cofres públicos do Brasil.

A nova aproximação entre os dois países tem uma formatação mais madura, respeitando os dois países. Embora os Estados Unidos estejam mais avançados em tecnologia e conhecimentos espaciais, o Brasil não se encontra em posição de desvantagem, pois detém do melhor centro de lançamento do mundo. O Centro de Lançamento de Alcântara, criado em 1980, é um dos mais cobiçados pelos países que detém a tecnologia aeroespacial, por ele ser localizado próximo a Linha do Equador, o que permite um lançamento com ainda mais precisão, além da economia do combustível dos veículos de lançamentos, ou seja, o Brasil leva vantagem em termos de localização geográfica e o que possibilita que tenha poder de barganha para negociações internacionais.

O que se espera é que se de fato for consolidado esse acordo de cooperação técnica, os dois países tenham vantagens iguais e que traga bons frutos para a população brasileira, principalmente, em Alcântara, local onde o centro de lançamento está situado. Geração de empregos, aquecimento do comércio local, do turismo, além de outros benefícios, sempre valorizando a soberania do Brasil na execução das atividades aeroespaciais.


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