Coluna do Sarney

Olhem o Senado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

Nas eleições atuais, com a reforma eleitoral que foi feita - aliás, péssima -, há um esquecido, a que todo mundo aspira, mas ninguém se aprofunda no seu significado e na sua importância. Ele é a cúpula do regime democrático e representa a união dos estados, aquilo que chamamos Federação. Tão importante que na Constituição a primeira disposição intocável é a Federação. E o que representa e expressa a Federação é o Senado. Lá todas as unidades são iguais, têm todas direito a três senadores; lá São Paulo, com todo seu poderio econômico, é igual ao Acre, Roraima igual a Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.

O Senado evita que os estados menores sejam massacrados pela junção dos maiores, daí porque cada lei que ali é votada representa os interesses de todos.

O Senado não é lugar para aventureiros, demagogos ou principiantes. A sua história de 192 anos assegura que ele tenha sido o responsável pela unidade nacional, pois ali foi que o país se fez na estrutura geográfica que hoje tem. Ali foi feita a organização política do país. O Brasil, ao contrário da América espanhola, não teve a sua independência, nem a grandeza do seu território de quinto país do mundo, conquistado em batalhas, como a de Carabobo, a de Boyacá, a de Ayacucho, como aconteceu com a Grã-Colômbia, nas mãos de Bolívar, o Napoleão das Américas, mas pelo patriotismo e o espírito civilista de políticos como José Bonifácio, Diogo Antônio Feijó, Bernardo Pereira de Vasconcelos, sem esquecer-nos de que estes de nada valeriam se não fosse essa figura excêntrica e indevassável de dom Pedro I, que foi, ao mesmo tempo, responsável pela separação com Portugal, pela unidade nacional e, além-mar, saindo do Porto, tuberculoso e herói, por expulsar do trono o reacionário Dom Miguel, seu irmão, tendo nele colocado sua filha, Maria da Glória, isto é, dois monarcas, uma, rainha de Portugal, o outro, imperador do Brasil, Dom Pedro II. É de Capistrano de Abreu a constatação de que, ao Senado e ao poder moderador, devemos a construção do Brasil.

O Maranhão sempre teve grandes nomes naquela Casa. Eu mesmo incorporo o título de ser o senador que mais tempo esteve no Senado republicano. Por ali passaram Gomes de Castro, de quem Rui Barbosa dizia ser um dos maiores oradores do país; Cândido Mendes de Almeida; Urbano Santos da Costa Araújo, duas vezes vice-presidente da República. No Senado nasceram todas as grandes obras que o estado do Maranhão obteve desde o Império até à República.

O Senado é formado, em grande parte, por ex-governadores e ex-ministros: ali é necessário se ter capacidade, experiência e prestígio.

Não vamos, portanto, esquecê-lo na hora de escolher e votar.

José Sarney

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