Denúncia

Denunciada à PRE ligação entre Governo de Dino e instituto de pesquisa

Coligação “Maranhão quer mais” diz que um dos fundadores da Econométrica tem dois cargos no governo e, por isso, teve interesse em fraudar pesquisa

Carla Lima/Ronaldo Rocha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Instituto foi denunciado por suposta relação com o Governo
Instituto foi denunciado por suposta relação com o Governo (Econometrica)

A Coligação “Maranhão quer Mais”, da candidata Roseana Sarney (MDB) denunciou à Procuradoria Regional Eleitoral do Maranhão (PRE) a suposta relação entre o Governo do Estado e o instituto de pesquisa Econométrica.
De acordo com a denúncia um dos fundadores do instituto, o empresário Jorge Andrés Zubicueta Goic, que é natural do Chile, repassou a administração da Econométrica para o irmão, Sérgio Zibicueta e passou a ter duas nomeações em cargo comissionado na gestão Flávio Dino (PCdoB).
Jorge Zibicueta é assessor especial de Monitoramento e Avaliações de Políticas Públicas, Símbolo Isolado (ISO) da Casa Civil e Conselheiro de Gestão Estratégica das Políticas Públicas do Governo, o conhecido Conselhão.
Na peça, a coligação lembra que a Econométrica recentemente acabou envolvido em polêmica na divulgação de uma pesquisa eleitoral (registrada com o número MA – 08877/2018) que apontou para larga vantagem de Flávio Dino, mas os dados tiveram de ser retirados do ar pela TV Guará, que havia contratado o levantamento.
Isso porque a pesquisa havia sido assinada pela professora Celene Raposo Aquino, técnica em estatística, que morreu 19 dias antes do registro da pesquisa (que ocorreu dia 26 de agosto) ter sido efetuado junto à Justiça Eleitoral.
Celene Raposo faria 81 anos de idade no próximo dia 14 de novembro, no entanto, nos últimos cinco meses de vida ela esteve internada em um leito de UTI de um hospital particular da capital em decorrência de problemas de saúde devido a Mal de Parkinson. Ela foi diretora do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado e, durante algum tempo, chancelou pesquisas da Econométrica.
Após o escândalo o Instituto Econométrica reconheceu um suposto “equívoco” para TV Guará, que emitiu nota afirmando que retiraria do ar todos os dados do levantamento, que agora estão sob suspeita.

Ligação
Para a Coligação “Maranhão quer Mais”, a ligação entre o instituto, o Governo e o levantamento de intenção de voto dão sustentação à tese de que a recente pesquisa da Econométrica trata-se de uma fraude.
“Em suma: o dono do instituto de pesquisa possui dois cargos comissionados no Governo do Estado do Maranhão, logo, é ‘funcionário’ do governador do Estado e, como qualquer funcionário, deseja permanecer no cargo. O patrão – governador e candidato – aparece disparado na liderança da última pesquisa realizada pelo seu funcionário, pesquisa esta assinada por uma pessoa já morta e com quase 20 pontos percentuais acima do divulgado em pesquisa realizada por outro instituto (IBOPE), de renome nacional e no mesmo período. A fraude é gritante”, destaca a peça.
Na representação, a coligaçã argumenta ainda que os fatos mostram que a imparcialidade do instituto foi comprometida.
“Toda a imparcialidade do Instituto Econométrica resta absolutamente comprometida e a sua atuação no pleito eleitoral, porquanto de seu proprietário, ocupante der dois cargos comissionados, tem interesse direto e pessoal na reeleição do seu empregador, o governador do Estado”, argumenta.

Estelionato
Na representação, a coligação “Maranhão quer mais” aponta crime de falsidade ideológica – já que a assinatura da estatística foi falsificada – e crime der estelionato, cometido por Jorge Zubicueta. A ação diz ainda que Flávio Dino deve ser responsabilizado também pelas condutas ilícitas já que foi, segundo a coligação, o principal beneficiado das vantagens obtidas por Zubicueta.
A coligação diz ainda que houve uma intenção de Flávio Dino em nomear no primeiro semestre de 2018, Jorge Zubicueta nos cargos que hoje ocupa.
“A conduta, portanto, é recheada de ardis e estratagemas cuja finalidade última é obstaculizar o bom funcionamento da Justiça. Por isso, é que, de todo modo, por mais que não se compreenda que o senhor Flávio Dino é coautor dos crimes expostos, há inúmeras provas indiretas que apontam o mesmo, no mínimo, como partícipe”, diz a coligação.
A coligação pediu ao procurador Pedro Henrique Castelo Branco a formalização de uma denúncia para investigação policial [Polícia Federal]; providências por parte do Ministério Público Eleitoral; responsabilização do governador Flávio Dino e de Jorge Zubicueta por delitos previstos no Código Eleitoral; diligências para que se encontre elementos ainda ocultos e para a identificação de todos os autores de ilícitos e a responsabilização do instituto Econométrica por pesquisa supostamente fraudulenta.
A PRE ainda não analisou a peça.

Dino mantém pesquisa em redes sociais

Mesmo depois de toda a repercussão da fraude na pesquisa da Econométrica/TV Guará, o governador Flávio Dino, candidato a reeleição pela coligação “Todos pelo Maranhão”, mantém em suas redes sociais números referentes ao levantamento da Econométrica.
No perfil do candidato no Instagram, por exemplo, a publicação do dia 1º é mantida com todos os comentários a respeito. No twitter e Facebook, o candidato e seus aliados – até funcionários do governo também – mantém as publicações fazendo referência e comemorando aos números da pesquisa assinada por uma técnica já falecida.

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