PERIGO

Perigo: retorno em trecho da BR-135 tem recorde de acidentes

Ocorrência de acidentes no local é maior do que em outros trechos da referida BR; mortes já foram contabilizadas; retorno precisa de intervenção estrutural

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

A quantidade de acidentes registrados no retorno do Maracanã, no Km 7,6 da BR-135, em São Luís, é superior a outros que são atendidos em diferentes trechos distribuídos ao longo da referida rodovia federal, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal no Maranhão (PRF-MA). O motivo dos acidentes é a falta de sinalização adequada, segundo quem já presenciou acidentes que vêm ocorrendo frequentemente, e, principalmente, a imprudência dos condutores, que não realizam a meia-lua para cumprir devidamente o retorno.

Não é nenhuma novidade que o melhor amigo de quem está no controle do volante, é a consciência do próprio condutor. Diante de tamanha verdade, outra questão, não menos importante, é a obediência diante das leis de trânsito, que têm sido descumpridas, numa relação direta de causas e (infelizes) efeitos, que resultam no óbito do sujeito ativo ou passivo das ações inconscientes de infringir regras que podem salvar vidas: a de quem segue as normas e, principalmente, a de quem sofre as inconsequências de outrem. Em suma, há quem vitime e há quem seja a vítima.

Um mototaxista, que não quis se identificar e que oferece os serviços em um ponto fixo às margens do retorno do Maracanã, no mesmo km 7,6 da BR-135, disse que ocorrências são frequentes no trecho. “Quase todos os dias acontecem acidentes aqui. Os únicos que ainda realizam o trajeto correto para fazer o retorno são os [motoristas] de ônibus; nenhum dos outros fazem isso”, destacou. “A responsabilidade não é só da PRF, mas dos motoristas também!”.

Nesta perspectiva, conforme destacou o mototaxista, o melhor adjetivo para quem se envolveu, causou e/ ou beira os riscos de acidentes no retorno do Maracanã, na BR 135, próximo ao Terminal de Integração do Distrito Industrial, é inconsequente. No momento em que O Estado esteve no local, na manhã de ontem, 6, constatou corriqueiras imprudências de condutores ao realizar o retorno sem cumprir a meia-lua obrigatória, grande parte por condutores de carretas - que comportam e carregam toneladas -, que negligenciam a própria integridade física e a de outros condutores.

“A obrigação do condutor é fazer a meia-lua, exatamente para evitar acidentes, mas eles não fazem. Colocaram uma placa e a gente pensou que fosse para auxiliar nessa questão, mas não, porque a placa é mostrando a distância de outros destinos”, ressaltou o também mototaxista Agnaldo Lima, de 46 anos. “É necessário investir em sinalização, redutores de velocidade ou mesmo um viaduto”, sugeriu.

Retorno contundente
As ocorrências registradas no alto do retorno do Maracanã, no Km 7,6, da BR-135 são muitas. O descumprimento de regras de trânsito é o principal causador de acidentes, até fatais, que, também, não se limitam apenas ao trecho.

“Já presenciei muitos acidentes aqui, e muitas mortes também. O último acidente grave, e que resultou em óbito, foi de um motociclista que bateu em um carro de uma segurança privada”, contou o comerciante Nelson Alves dos Santos, de 49 anos. “Acidentes com óbito são menos frequentes, mas batidas e colisões são mais corriqueiras”.

Segundo o comerciante, no dia anterior à entrevista (5) dois condutores haviam se envolvido em acidentes no local, também por causa de imprudência em não contornar o retorno cumprindo a obrigação: pegar o acesso através da meia-lua.

Além desta imprudência, uma outra é o excesso de velocidade que também já foi, também, muitas vezes responsável por acidentes no local, haja que o retorno - até para quem não vai acessá-lo - precisa da atenção de todos os condutores, para evitar que o pior e imprevisível aconteça.

De quem é a responsabilidade?
Por se tratar de uma questão de infraestrutura da rodovia, o órgão responsável, neste caso, é do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit - superintendência do Maranhão), conforme alegou, por meio de nota, a Polícia Rodoviária Federal (PRF-MA) que esclareceu que “o Dnit já está ciente do problema, pois já foi ao local diversas vezes e, inclusive, já se reuniu com representantes das comunidades prejudicadas e a PRF para tratar do problema”, e afirmou, ainda, que “os problemas no local só serão totalmente resolvidos quando houver intervenção na infraestrutura do retorno”, mas que ainda não há prazos.

Em vista do informado, O Estado manteve contato com o Dnit, para saber se já foi estudado um projeto de intervenção e se há prazos para ser desenvolvido, considerando tantos casos - principalmente aqueles que resultaram no pior -, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

Outro problema
Ainda no mesmo perímetro da rodovia, e também por causa da confusão com o retorno do Maracanã, em horários de pico a fila de congestionamento chega a 1 km – pela manhã e fim de tarde. Sobre isto, a PRF-MA esclareceu que existe um problema crônico de lentidão e de engarrafamento no local e que disponibiliza equipes para melhorar a fluidez no local, mas que possui limitações de seu efetivo.

Em decorrência dessas limitação, o resto é empregado no atendimento de acidentes, na fiscalização de veículos e pessoas, no combate à criminalidade, o que, conforme informou a PRF-MA, dificulta a permanência de equipes no trecho citado.

SAIBA MAIS

De acordo com a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código Brasileiro de Trânsito, é obrigação dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito assegurar o direito a todos, como define o inciso 2º.
§ 2º (inciso II): O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito.

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