Fraude?

Emissora tira do ar dados de pesquisa Econométrica

Após revelação de que levantamento feito pela empresa foi assinado por técnica falecida, TV Guará decidiu tirar de suas redes sociais e seu site os números que apontam Flávio Dino com 60% dos votos

Carla Lima/Subeditora de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Econométrica foi retirada do ar após irregularidades
Econométrica foi retirada do ar após irregularidades (Econométrica)

Depois da revelação de que a pesquisa do Instituto Econométrica foi assinada por uma técnica em estatística já falecida, a contratante do levantamento, TV Guará, decidiu retirar os dados sobre a sucessão eleitoral do ar. Em nota emitida pela direção da emissora, a direção disse que os números foram retirados até que uma explicação para a situação seja dada pela empresa de pesquisas eleitorais.

A pesquisa da Econométrica, registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) com o número MA-08877/2018, foi assinada por Celene Raposo Aquino, uma senhora de mais de 80 anos que faleceu – após passar cinco meses em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – 19 dias antes do registro do levantamento encomendado pela TV Guará.

Diante do escândalo, a direção da emissora, 24 horas depois, emitiu nota de esclarecimento afirmando que os dados foram divulgados seguindo as exigências legais do TRE. No entanto, ao tomar conhecimento do problema, a direção entrou em contato com o proprietário da Econométrica, Sergio Oscar Zubicueta Goic, que classificou de “equívoco” a pesquisa ter sido assinada por Celene Raposo.

“O responsável pela empresa que realizou a pesquisa, Sr. Sergio Oscar Zubicueta Goic, informou na ocasião, procurando justificar o fato já do amplo domínio público, que quando do registro oficial da pesquisa no site do TRE, realmente ocorreu um equívoco, informando em seguida que já estava tomando as devidas providências para saná-lo”, diz a nota da emissora.

Diante da irregularidade, a TV Guará decidiu retirar do ar os dados da pesquisa. “Diante do lamentável ocorrido, o Sistema Guará, reafirmando o seu compromisso com a verdade, a imparcialidade e procurando sempre manter, em sua missão, a ética e o dever de bem informar, mandou retirar de todos os meios e canais de comunicação, a divulgação de todos os dados atinentes à referida pesquisa, até que fique tudo devidamente esclarecido e regularizado perante o TRE, como informou a empresa responsável por eles”, diz a nota.

Governistas

Mesmo diante da irregularidade no registro da pesquisa – o que deixa os números em suspeita – o governador Flávio Dino, candidato a reeleição pela coligação “Todos pelo Maranhão”, mantém em suas redes sociais números referentes ao levantamento da Econométrica.

No Instagram, a publicação do dia 1º é mantida com todos os comentários a respeito. No twitter e Facebook, o candidato e seus aliados – até funcionários do governo também – mantém as publicações fazendo referência e comemorando aos números da pesquisa assinada por uma técnica já falecida.

Lotado no governo

Além desta irregularidade envolvendo a Econométrica, outros dois fatos chamam atenção. O primeiro é que no registro da empresa, a localização dela fica no Maiobão, em Paço do Lumiar. No entanto, a sede oficial fica no bairro São Francisco, em São Luís.

O número de telefone registrado na nota fiscal não é da Econométrica e sim de um escritório de contabilidade que não presta, atualmente, serviço a empresa de pesquisas de opinião pública.

Além do problema no registro, o governador Flávio Dino mantém nos quadros dos servidores comissionados de sua gestão um dos donos da Econométrica, Jorge Andres Zibicueta Goic. Ele é lotado na Casa Civil como assessor especial de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas. O assessor também participa do Conselho de Gestão Estratégicas das Políticas Públicas, o conhecido Conselhão, que permite a Zibicueta e todos os que fazem parte receber jetons pela participação de uma reunião mensal.

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