Unicef alerta

Mais de 1 milhão de crianças correm risco em ataque na Síria

Região de Idlib é último reduto rebelde no país e deve sofrer ofensiva em breve; planos de contingência já foram preparados

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Crianças deslocadas em campo na província de Idlib, no Norte da Síria; fugindo de ataques
Crianças deslocadas em campo na província de Idlib, no Norte da Síria; fugindo de ataques (Crianças sírias)

GENEBRA - Mais de 1 milhão de crianças sírias correm riscos no caso de um ataque militar na província rebelde de Idlib, de acordo com o Unicef. Manuel Fontaine, diretor de programas de emergência da agência, afirmou que planos de contingência já foram preparados, incluindo o abastecimento de água limpa e suprimentos para um número entre 450 e 700 mil pessoas que podem fugir do ataque em pouco tempo.

É estimado que 2,9 milhões de pessoas vivam na região de Idlib, metade delas já deslocados de outras áreas da Síria, em grande parte apoiadores dos combatentes rebeldes que viviam em áreas já capturadas pelas forças do governo.

"É mais de 1 milhão de crianças. Quando ouvimos a retórica militar sobre uma possível ofensiva, acho que é importante relembrar que não é apenas contra um grupo de homens armados. Há uma grande proporção de mulheres e crianças que não têm nada a ver com isso, além de idosos", afirmou Fontaine em Genebra, depois de ter se encontrado nesta semana, em Damasco, com o vice-ministro sírio das Relações Exteriores, Faisal Mekdad.

Idlib e as áreas ao redor são o último grande enclave controlado por rebeldes que se opõem ao presidente sírio, Bashar al-Assad. De acordo com uma fonte anônima ouvida pela Reuters, Assad está preparando uma ofensiva em diferentes estágios para recuperar o controle da província.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou na sexta-feira,31, que o governo sírio tem todo o direito de forçar "terroristas" para fora de Idlib, além de que negociações sobre o estabelecimento de um corredor humanitário já estavam sendo feitas. O enviado especial da ONU, Staffan de Mistura, pediu que Rússia, Irã e Turquia tentem atrasar a batalha, pedindo que os civis sejam retirados do local. Junto com o Irã, a Rússia é o maior aliado do regime sírio.

De acordo com Fontaine, várias das famílias hoje em Idlib foram retiradas de suas cidades no passado recente, conforme as linhas de frente na guerra mudam, segundo Fontaine.

"Há crianças que já foram deslocadas sete vezes, indo de uma cidade para outra. Isso quer dizer que seus mecanismos de defesa já estão bem gastos e eles são mais vulneráveis. Essa é uma preocupação imensa", afirmou Fontaine.

No caso de um ataque, é esperado que os civis fujam para Aleppo, Hama ou Homs, ao invés da Turquia, segundo o diretor.

"Estamos antecipando cenários em que um grupo entre 450 e 700 mil pessoas se desloquem. Isso inclui 400 mil apenas na primeira semana. Não estamos fazendo parte de nenhuma discussão sobre corredores humanitários no momento. Eu acredito, no entanto, que o importante é que as pessoas consigam se deslocar em segurança", completou Fontaine.

Frase

"Acho que é importante relembrar que não é apenas contra um grupo de homens armados. Há uma grande proporção de mulheres e crianças que não têm nada a ver com isso, além de idosos"

Manuel Fontaine

Diretor de programas de

emergência do Unicef

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