A cultura da paz não significa unicamente o contrário da cultura da violência. A paz não é apenas uma sensação de estar livre das mazelas da violência e sim um estado de espírito em que as pessoas encontram estabilidade mental e emocional, além da calma, em que não há lugar para os sentimentos negativos como a inveja, o orgulho e a vingança. Estar em paz é pôr à serviço do bem as qualidades humanas, tornando-se um ser livre. Na paz sempre encontraremos a serenidade.

A cultura da paz é aquela que tem a paz como maior manifestação e aspiração de um povo ou de uma civilização na prática da vida. Paz significa tranquilidade e equilíbrio. Não diz respeito apenas à segurança das pessoas e das nações. Paz não representa somente a sensação de estarmos protegidos dos riscos e perigos que ameaçam nossa segurança privada. A Igreja Católica em seu mais importante ato de fé - a missa - dedica tempo para que os fiéis se cumprimentem desejando a paz. É uma forma de toda a comunidade católica participar do desejo comum de paz. Belo gesto!

A cultura do medo nem sempre está aliada à cultura da violência que, no mundo moderno, está por toda parte. Espalha-se na vida humana: medo de sermos descobertos, medo de perder, etc. Baruch Espinoza, filósofo holandês do século XVII, chegou a dizer “que o medo é originário de uma ideia equivocada sobre algo e somente poderá nos libertar com o conhecimento”. Para o filósofo holandês, precisamos de sabedoria para vencer o medo.

Hoje a luta humana pela paz e contra o medo não conta muito com as redes sociais. O mundo virtual é onipresente e vivemos um mundo real em que na evolução da espécie humana e da tecnologia não há dosagem entre o físico e o virtual. A Internet funciona mais como grupo de propagação disposto a ganhar dinheiro: prazeres, remédios milagrosos, cura de depressão, muito pouco se dedicando à cultura e à paz. Ela está à disposição da sociedade do espetáculo e ainda não há vacina contra as redes sociais. Cada vez mais aumenta a popularização das redes sociais e sua origem está nos baixos abismos, formando o caldo em que se afronta os direitos humanos, incita-se a violência, aumentando o clamor por justiça.

Cultura é um fator que leva o país ao enriquecimento, baseada em valores essenciais da sociedade, entre eles a espiritualidade, a moralidade e a ética, sem o que não haverá integridade, responsabilidade, respeito aos direitos alheios, respeito às leis e às normas estabelecidas, costumes e hábitos.

Para as Ciências Sociais, fundamentadas na Sociologia e na Antropologia, cultura é um conjunto de ideias, símbolos e práticas sociais que levam a um tipo de comportamento adquirido de geração em geração através da vida. A cultura envolve um conjunto de manifestações comportamentais de um povo ou de uma civilização.

Cada um de nós é o gestor da própria vida, buscando o interesse motivacional - aquele que acena com a felicidade e o sucesso. Por tudo isso não devemos nos transformar num novo Fantasma da Ópera.

Aldy Mello

Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, membro fundador da Academia Ludovicense de Letras e efetivo do IHGM

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