Tensão

Rússia fará maiores exercícios militares no país em 40 anos

Jogos de guerra terão 300 mil soldados, mil aviões de combate e duas frotas da Marinha russa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Soldados num tanque russo perto de Moscou: jogos de guerra serão em larga escala
Soldados num tanque russo perto de Moscou: jogos de guerra serão em larga escala (Tanque russo)

MOSCOU - No mês que vem, a Rússia vai fazer os maiores exercícios militares do país em quase 40 anos, revelou ontem o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. As Forças Armadas da China e da Mongólia também vão participar dos jogos de guerra russos.

Os exercícios, batizados de Vostok-2018 (Leste-2018), vão acontecer nos distritos militares das regiões central e oriental da Rússia e contarão com aproximadamente 300 mil soldados, mais de mil aviões de combate, duas frotas da Marinha russa e todas as Unidades Aerotransportadas do país, informou Shoigu num comunicado.

As manobras militares vêm num momento de extrema tensão entre o Ocidente e a Rússia de Vladimir Putin. Segundo o governo russo, os exercícios seriam uma resposta ao aumento injustificado das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua fronteira ocidental.

A Otan diz que incrementou sua capacidade militar para deter potenciais agressões russas, em especial depois que o país anexou a Crimeia, tomando a região da Ucrânia em 2014, e apoiou uma rebelião pró-Kremlin no leste ucraniano. A Rússia argumenta o contrário: que a anexação da Crimeia foi uma reação à expansão da aliança militar ocidental para países que pertenciam à antiga União Soviética e ao antigo Pacto de Varsóvia.

Maiores manobras

Os jogos de guerra russos, chineses e mongóis vão começar dia 11 de setembro e terminar no dia 15. Os exercícios, segundo especialistas, vão irritar o Japão, que já vem reclamando há algum tempo do que classifica como um aumento das forças militares russas no Extremo Oriente.

Durante as manobras, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, estará num fórum em Vladivostok. Segundo uma autoridade do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Tóquio está sempre prestando atenção às idas e vindas na cooperação militar entre Rússia e China.

Segundo Shoigu, as manobras serão as mais poderosas desde um exercício militar sovético de 1981, conhecido como Zapad-81 (Oeste-81).

"Em alguns casos, elas repetirão certos aspectos dos exercícios de 1981, mas em outros a escala será maior", afirmou o ministro a repórteres durante uma visita à região da Cacássia, no Sul da Rússia.

Mais ofensiva

Perguntado se o custo de um exercício militar tão maciço era justificável num momento em que a Rússia enfrenta demandas por maiores gastos sociais, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu que os jogos de guerra eram fundamentais.

"A capacidade de se defender na atual situação internacional, frequentemente agressiva e nada amigável em relação ao nosso país, é importante, e por isso as manobras se justificam", disse numa entrevista coletiva.

Indagado se o envolvimento chinês nos jogos de guerra significava uma possível aliança entre Moscou e Pequim, Peskov retrucou que os dois países já cooperam em todas as áreas.

China e Rússia já fizeram exercícios militares conjuntos antes, mas não em tamanha escala.

O porta-voz da Otan, Dylan White, disse que a Rússia já havia informado a organização em maio sobre os exercícios, e que a entidade vai monitorá-los. O Kremlin convidou adidos militares da Otan em Moscou para comparecer às manobras, e White afirmou que a oferta estava sendo estudada.

"Todas as nações têm o direito de exercitar suas Forças Armadas, mas é essencial que tais manobras sejam feitas de maneira transparente e previsível",disse White em um e-mail. "A operação Vostok demonstra o foco da Rússia em simular um conflito em larga escala. Isso segue um padrão que já vemos há algum tempo: uma Rússia mais ofensiva, que aumenta significativamente seu orçamento de Defesa e sua presença militar".

Segundo Shoigu, já neste mês haverá verificações de prontidão de combate nos distritos militares russos antes das manobras em setembro.

"Imagine 36 mil veículos militares, entre tanques, blindados de infantaria e artilharia, se movendo e operando simultaneamente", descreveu o ministro. "E tudo isso será testado em condições o mais próximas possível de eventos militares".

No ano passado, os exercícios Zapad-2017 (Oeste-2017) reuniram 12.700 soldados na Rússia e na Bielorrússia, de acordo com Moscou, mas a Otan rejeitou os números e citou quase 100 mil militares.

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