Variação de marés

Banho nas praias requer mais cuidados nesta época do ano

Elevação das marés é mais intensa neste período do ano e aumenta o risco de afogamentos; fiscalização orienta mais atenção dos banhistas ao entrar no mar

IGOR LINHARES / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Fiscalização orientou os banhistas sobre variação das marés
Fiscalização orientou os banhistas sobre variação das marés (Prevenção de afogamento)

SÃO LUÍS – A Praia do Araçagi, em São José de Ribamar, na Região Metropolitana de São Luís, teve movimentação intensa na manhã de ontem, 26. e o movimento aumentou a fiscalização de guardas-vidas.
Nos meses de agosto, setembro e outubro, a capital registra marés de alta elevação que chegam a atingir 7 m, além disso, as rajadas de vento são mais fortes, o que contribui para com que a maré desça e suba mais rápido que o normal, formando as correntes de retorno, que puxam os banhistas com mais força para alto-mar, aumentando o risco para afogamentos, uma vez que qualquer descuido pode resultar em tragédia.

No último dia 12, os irmãos Mauro Gabriel da Silva Pires, de 13 anos, e Felipe da Silva Pires, de 14 anos, morreram afogados. De acordo com o Grupamento de Bombeiros Marítimo do Maranhão (GBMar), um dos principais motivos que contribuíram para tal fatalidade foi a maré que estava vazante – situação em que tende a puxar o banhista que está no mar para mais longe da faixa de areia.

Movimentação

O Estado foi a praia do Araçagi ontem e constatou a intensa movimentação, além de, também, perceber que os pais estão mais atentos quanto o banho de mar dos seus filhos, como contou o construtor José Maria Pereira, que acompanhava as duas filhas, ainda crianças. “Eu sempre falo para elas ficarem sempre aqui na ponta, sempre fico atento, porque com crianças a gente tem que ter um pouco mais de atenção, porque não adianta só falar, o certo é ficar de olho”.

“Com o acidente com os dois irmãos estou mais atenta. Quanto às crianças, já que eu tenho dois irmãos pequenos, eu fico pedido para que não vá ao fundo, já que as crianças são mais vulneráveis. Até vi uns bombeiros fazendo o patrulhamento, e tem que ser sempre assim, daqui para melhor para não acontecer mais nenhum acidente”, ressaltou a estudante Mayanne Santos.
Verificou-se a presença de 10 guarda-vidas na praia, quatro deles, em quadriciclos, faziam o patrulhamento. “O serviço agora tem sido mais preventivo. Com a maré vazante, estamos orientando as pessoas sobre os perigos para evitar afogamentos ”, frisou o sargento Mouzaniel de Ribamar.

Fiscalização

Mesmo com o patrulhamento, houve quem dissesse que o número de guarda-vidas não era o suficiente. “Precisamos de mais para dar conta da demanda e evitar que mais afogamentos aconteçam”, alegou o universitário João Pedro Sousa, de 24 anos.

O Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA) informou que o efetivo do Batalhão de Bombeiros Marítimo (BBMar) trabalha, por meio da ação de guarda-vidas, operadores de embarcações, mergulhadores, viaturas, quadriciclos, ambulância, motoaquáticas e botes salva-vidas.

Um efetivo, com aproximadamente 71 homens, presta serviço nas praias que estão sob a responsabilidade do Corpo de Bombeiros: São Marcos, Calhau, do Meio, Araçagi e São José de Ribamar.

O CBM informou ainda que, em parceria com o Núcleo de Oceanografia da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), está identificando os pontos de incidência das correntes de retorno, e assim concentrando os esforços nestas áreas para evitar incidentes. Além disso, realiza um trabalho preventivo, a exemplo das 3.911 abordagens feitas na operação de férias que resultaram em números positivos, como a falta de registro de afogamentos durante o mês de julho.

Reiterou que os banhistas tenham atenção redobrada para evitar acidentes e transtornos como não entrar no mar sob o efeito de álcool, manter as crianças sempre próximas aos adultos, não mergulhar em águas desconhecidas e profundas, além de respeitar as sinalizações visuais e sonoras dos guarda-vidas.l

DICAS PARA EVITAR AFOGAMENTO

Sendo a variação da maré no Maranhão uma das maiores do mundo, os perigos são iminentes, necessitando da atenção dos banhistas, que devem seguir à risca as orientações do Corpo de Bombeiros.

As principais orientações dadas pelo GBMar para evitar, sobretudo, a ocorrência de afogamentos é sempre nadar em áreas próximas ao posto de bombeiros ou guarda-vidas e não deixar as crianças sozinhas.

- Evite nadar sozinho
- Não tome bebida alcoólica antes de entrar na água
- Não se afaste da margem
- Não salte de locais elevados para dentro da água
- Não tente salvar pessoas em afogamento sem estar devidamente habilitado
- Prefira lançar flutuadores para salvar pessoas ao invés da ação corpo a corpo
- Identifique nas proximidades a existência do salva-vidas e permaneça próximo a ele
- Evite navegar com carga em excesso
- Somente conduza embarcações se for habilitado

Saiba mais

Variação de maré

O Maranhão tem a maior variação de marés do Brasil e a terceira maior do mundo. Em apenas seis horas, a diferença entre preamar e a baixa-mar pode chegar a 7 m. A Baía de São Marcos, em São Luís, é um dos melhores exemplos disto.

Esse sobe e desce das marés permite que as praias maranhenses estejam em constante mudança. Na maré alta a faixa de areia praticamente some e na maré baixa a extensão da areia pode chegar a dois quilômetros até o mar.

As marés também determinam a coloração da água do mar, que no Maranhão tem um tom turvo, meio verde-musgo. Nas marés de lua nova e cheia, as águas ficam ainda mais turvas por conta da força das correntes que arrastam sedimentos para o mar.

Nas marés de quarto crescente e quarto minguante, com correntezas mais leves, as águas ficam transparentes e podem ganhar os tons de verde e azul.

O fenômeno se dá pelo formato do litoral, fases da lua e pela proximidade com a Linha do Equador.

O que são as correntes de retorno?

Elas podem ser definidas como um refluxo do volume de água que retorna da costa em direção ao mar, em virtude da força gravitacional. Apesar das correntes de retorno existirem independentemente da força das marés, elas podem intensificar o perigo das correntes de deriva, em especial na maré baixa.

As correntes de retorno podem variar em tamanho, largura, profundidade, forma, velocidade e potência. São formadas da seguinte maneira: quando as ondas quebram, acabam empurrando a água acima do nível médio do mar, e uma vez que a energia dessa água é despendida, a água que ultrapassou aquele nível médio é empurrada de volta pela força da gravidade.

Quando a água empurrada retorna, mais ondas podem continuar a empurrar mais água acima daquele nível médio, criando o efeito de uma barreira transitória (temporária). A água de retorno continua a ser empurrada pela gravidade e procura o caminho de menor resistência, podendo ser um canal submerso na areia ou a areia ao lado de um quebra-mar ou píer, por exemplo.

Como a água de retorno se concentra nesse canal, ela se torna uma corrente e se move em direção do mar. Algumas correntes de retorno terminam próximas à praia, mas há casos mais raros, em que elas terminam a centenas de metros de distância da areia da praia.

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