Justiça

Trump acusa ex-advogado de inventar fatos para acordo

Ele diz que soube ''mais tarde'' de pagamentos feitos a mulheres; ex-advogado disse que foram realizados a pedido do presidente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou ontem pelo Twitter seu ex-advogado Michael Cohen de inventar fatos para conseguir um acordo com a justiça. Além disso, em uma entrevista à Fox News, o presidente afirmou que soube "mais tarde" dos pagamentos feitos a mulheres que alegam ter tido um caso com ele e que o dinheiro não veio de sua campanha presidencial.

Na terça-feira,21, Cohen, de 51 anos, se declarou culpado em 8 acusações em uma investigação federal. Ele assumiu evasões fiscais, violação de financiamento de campanha e falsas declarações a uma instituição financeira, além de confirmar ter feito pagamentos para silenciar mulheres que disseram ter tido casos com o presidente.

Segundo Cohen, esses pagamentos foram feitos em coordenação e a pedido do presidente. Em julho, foi divulgado um audio apreendido pelo FBI nos escritórios do advogado em que ele e Trump discutem o pagamento que fariam a uma dessas mulheres.

No mesmo tuíte em que criticou Cohen, Trump voltou a elogiar seu ex-chefe de campanha Paul Manafort, que foi condenado nesta terça por oito das 18 acusações de fraude bancária e fiscal por um tribunal na Virgínia.

"Eu me sinto muito mal por Paul Manafort e sua maravilhosa família. A 'Justiça' pegou um caso fiscal de 12 anos, entre outras coisas, aplicou uma tremenda pressão sobre ele que, ao contrário de Michael Cohen, recusou-se a ceder e criar histórias para conseguir um acordo. Meu respeito a esse homem valente".

Na análise de Trump, Cohen se declarou culpado de duas acusações de violações de financiamento de campanha "que não são um crime", embora procuradores e o próprio Cohen tenham concordado que são. Porém, o presidente americano não deixa claro a quais acusações ele se refere.

Em coletiva de imprensa na Casa Branca, a porta-voz de Trump, Sarah Sanders, foi muito questionada por jornalistas sobre o assunto, mas respondeu apenas que "o presidente não fez nada de errado, não há acusações contra ele e só porque Michael Cohen chegou a um acordo [judicial, em que se declara culpado], não quer dizer que esteja implicado".

Pelos crimes que admitiu, Cohen poderia receber uma pena de até 65 anos de prisão. No entanto, ele fechou um acordo pelo qual deve receber uma multa e um tempo de prisão bastante reduzido, por volta de três a cinco anos, segundo a imprensa americana.

Admitiu culpa

Em uma audiência num tribunal federal em Manhattan, em Nova York, Cohen se declarou culpado por cinco acusações de evasões fiscais entre os anos de 2012 e 2016 e uma de falsas declarações a uma instituição financeira, entre fevereiro de 2015 e abril de 2016.

O advogado admitiu ter violado leis de financiamento eleitoral ao se responsabilizar por uma contribuição corporativa ilegal entre junho e outubro de 2016 e por ter feito uma contribuição de campanha excessiva no dia 27 de outubro de 2017.

Durante a audiência, Cohen afirmou ainda que, sob ordens do então candidato Donald Trump, organizou pagamentos que tinham "como principal objetivo influenciar a eleição".

O advogado relatou que "em coordenação e sob a direção" de Trump, impediu que informações que seriam prejudiciais ao candidato e à campanha se tornassem públicas.

Cohen admitiu que agiu sob o comando de Trump ao realizar um pagamento para silenciar a ex-modelo da Playboy Karen McDougal, que afirma ter tido um caso com o atual presidente. Ele disse também que "com e sob ordens do mesmo candidato" providenciou o pagamento de US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels, outra mulher que alega ter tido um relacionamento com Trump.

No caso da atriz pornô Stormy Daniels, o presidente já tinha admitido que Cohen chegou a um acordo de confidencialidade com a mulher em seu nome e que reembolsou o valor de US$ 130 mil, que segundo ele não vinha de sua campanha.

Condenação

Também na terça, 21,Trump sofreu um outro abalo com a condenação do seu ex-chefe da campanha em por oito das 18 acusações de fraude bancária e fiscal que ele enfrentava na Virgínia: cinco acusações de apresentação de declarações fiscais falsas, uma acusação por não declarar contas no exterior e por duas acusações relacionadas a fraudes bancárias.

O julgamento teve duas semanas de depoimentos de mais de 20 testemunhas. O ex-braço direito de Manafort, Rick Gates, bem como seus ex-contadores, testemunharam contra o acusado. Eles disseram que Manafort escondeu milhões de dólares em contas bancárias estrangeiras que não foram reportadas ao fisco americano, e depois mentiu para os bancos, a fim de obter empréstimos milionários.

Manafort esteve na reunião organizada por Donald Trump Jr., filho de Trump, com cidadãos russos, em junho de 2016, supostamente marcada para discutir informações que poderiam comprometer Hillary Clinton, rival de Trump naquelas eleições. Ele fez anotações da reunião difíceis de decifrar - e talvez queira explicá-las para o procurador especial em troca de uma diminuição de sua pena.

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