Eleições 2018

Ministro põe dúvidas sobre fato de Bolsonaro assumir como réu

Candidato a presidente já responde a uma ação penal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Bolsonaro agrediu Maria do Rosário em plena Câmara e virou réu por isso
Bolsonaro agrediu Maria do Rosário em plena Câmara e virou réu por isso (Bolsonaro)

Brasília - O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 22, que é uma questão "em aberto" a possibilidade de réus em ação penal serem eleitos para a Presidência da República e assumirem o comando do Palácio do Planalto. Na avaliação do ministro, essa dúvida gera insegurança para a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), que é réu no STF por incitação ao crime de estupro.


Bolsonaro já é réu em duas ações penais no STF por injúria e incitação ao crime de estupro por ter declarado que "não estupraria" a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) "porque ela não mereceria".

No próximo dia 4 de setembro, com o horário eleitoral já sendo veiculado no rádio e na televisão, a Primeira Turma do STF decidirá se recebe ou não uma outra denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, desta vez por crime de racismo. A data do julgamento foi confirmada nesta quarta-feira pelo presidente do colegiado, ministro Alexandre de Moraes.

"O País não para por causa de campanha eleitoral. A Justiça continua normalmente", disse Moraes a repórteres, ao chegar para a sessão plenária do STF nesta tarde.

De acordo com denúncia apresentada em abril pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em uma palestra no Clube Hebraica do Rio de Janeiro, em 2017, Bolsonaro "usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais".

Implicações

Relator do caso, o ministro Marco Aurélio Mello foi questionado por jornalistas nesta quarta-feira sobre as implicações do julgamento para a candidatura de Bolsonaro.

Marco Aurélio destacou que, ao julgar o afastamento de Renan Calheiros (MDB-AL) do comando do Senado Federal, o STF firmou o entendimento de que réus em ação penal (como os presidentes da Câmara e do Senado) não podem eventualmente substituir o presidente da República.

Já a situação de Bolsonaro traz uma outra discussão: a possibilidade de um candidato - réu em ação penal - ser eleito especificamente para a Presidência da República e assumir o comando do Planalto. Ou seja, não se trataria de eventualmente substituir o presidente da República, e sim de ser eleito diretamente para o cargo e assumi-lo.

"Isso ainda está em aberto, nós assentamos, no caso do Renan, que não pode substituir (o presidente da República). Quem é réu pode ser eleito e tomar posse? O presidente da República, quando recebida denúncia pelo Supremo ou impedimento na Câmara, é afastado. Agora, ele já é réu", comentou Marco Aurélio.

"Por enquanto (a questão sobre réu em ação penal assumir a Presidência após ser eleito para o cargo) está em aberto, não decidimos", prosseguiu Marco Aurélio.

Indagado se a questão não gera insegurança para a candidatura de Bolsonaro, o ministro respondeu: "Gera. O ideal seria ter a matéria pacificada num sentido ou no outro."

Sobre a sua opinião particular sobre a possibilidade de réus em ações penais poderem ser eleitos para a Presidência e assumirem o cargo, o ministro disse: "Eu não sei. Com a palavra, o julgador."

Mais

Essa questão já foi trazida ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Em maio, por unanimidade, o TSE rejeitou uma consulta do deputado federal Marcos Rogério (DEM-RO), que questionou o tribunal sobre a possibilidade de réus em ações penais assumirem o mandato de presidente da República. A avaliação dos ministros do TSE foi o de que um pronunciamento do tribunal naquela ocasião seria uma antecipação de entendimento em torno de questões que só deverão ser avaliadas em outro momento, após o pedido de candidaturas.

Mendes quer definição sobre Lula

antes do início da propaganda

Para ministro, sem um posicionamento do TSE, ex-presidente poderá aparecer nos programas eleitorais sem restrições

Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 22, que sua expectativa é de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) resolva até o final de agosto a situação do registro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso e condenado na Lava Jato. O início do horário eleitoral está marcado para o dia 31 de agosto. Se o caso não obtiver decisão até lá, Gilmar Mendes considera que Lula poderá ser apresentado como candidato no horário eleitoral.

"Se não tiver (decisão), vai para a televisão, acho que sim. Mas minha expectativa é que o TSE vai resolver o mais rápido", respondeu o ministro, que deixou de integrar o tribunal em fevereiro deste ano.

A sinalização do ministro Luís Roberto Barroso, relator do registro de Lula no TSE, é de que irá respeitar os prazos de tramitação do registro da candidatura, o que deve levar o caso ao plenário da Corte Eleitoral apenas no início de setembro. Nesse período, a propaganda partidária já estará sendo veiculada no rádio e na televisão.

Barroso pretende imprimir ao registro de candidatura de Lula o mesmo rito previsto para qualquer outro candidato que dispute o Palácio do Planalto, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Nesta quarta-feira, se encerra o prazo para as impugnações da candidatura de Lula, que já é alvo de 14 contestações no TSE.

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