Medidas

Para salvar acordo nuclear iraniano, Alemanha quer transações sem Estados Unidos

Ministro das Relações Exteriores defendeu sistema independente de pagamentos do governo norte-americano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

BERLIM - O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, afirmou ontem que a Europa precisa elaborar um sistema de pagamentos independente dos EUA se quiser salvar o acordo nuclear iraniano de 2015, recentemente abandonado pelos Estados Unidos - o que deixou Reino Unido, França, China, Rússia, além da própria Alemanha, seus outros signatários, com a missão de encontrar uma forma de manter o pacto vivo.

"É indispensável que nós reforcemos nossa autonomia europeia ao criar canais de pagamento que são independentes dos EUA, um Fundo Monetário Europeu e um sistema SWIFT autônomo. O acordo continuar vigorando ainda é melhor que uma crise explosiva que atingiria o Oriente Médio se ele tivesse desaparecido", disse Maas em um artigo para o jornal alemão "Handelsblatt".

A rede de pagamento global SWIFT, que tem sede na Bélgica, facilita as transações entre países e foi encerrada no Irã em 2012, depois que os EUA e a UE concordaram em aplicar sanções contra a República islâmica em retaliação às suas atividades nucleares. O acordo de 2015 entre o governo iraniano e os outros seis países foi responsável por suspender essas sanções internacionais e, em troca, o país concordou com restrições ao seu programa nuclear, aumentando o tempo que demoraria até produzir uma bomba atômica, caso desejasse - o que o Irã sempre negou.

"Dadas as circunstâncias, é de importância estratégica que possamos dizer a Washington claramente: queremos trabalhar juntos. Mas não deixaremos que atinjam nossos interesses sem nos consultar", disse Maas no artigo.

Trump retirou os EUA do acordo em maio, chamando o pacto de "o pior possível" e impondo novas sanções no início de agosto. Potências europeias têm se mobilizado para assegurar que o Irã tenha contrapartidas econômicas suficientes para continuar no acordo. A estratégia tem se provado difícil, porém, uma vez que várias empresas europeias já anunciaram sua saída do país após as sanções, entre elas a Total, gigante francesa do setor petroquímico. Por conta disso, nesta semana o Irã pediu que a Europa agilize os esforços para manter o acordo funcionando.

A decisão de Trump sobre o Irã e as tarifas aplicadas nas importações de produtos como aço e alumínio vindos da União Europeia deixaram tensa a relação do país e seus aliados europeus. A UE prometeu contrariar as novas sanções de Trump contra o Irã, inclusive por meio de uma lei para proteger as empresas europeias de medidas punitivas.

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