Pleito americano

Para 71% dos russos, governo Putin não influenciou eleição

Segundo pesquisa do Pew Research Center, 58% da população ''confiam muito'' na política externa do presidente russo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

MOSCOU - Enquanto os russos mantém seu tradicional alto nível de confiança no presidente Vladimir Putin, 71% da população acreditam quando o seu governo diz que não tentou influenciar as eleições americanas de 2016, aponta uma pesquisa do Pew Research Center. Apenas 15% acham que o Kremlin tentou manipular a votação que elegeu o presidente Donald Trump, conforme acusa a Inteligência dos EUA. A investigação sobre uma suposta interferência russa e um possível conluio com a chapa republicana durante a campanha presidencial começou em 2017 e vem sendo desde então desqualificada por Trump e Putin.

O Kremlin costuma alegar que as acusações de interferência fazem parte de uma campanha anti-Rússia para justificar novas sanções ao país. Numa entrevista coletiva de julho último ao lado de Trump, Putin desafiou um repórter a citar "um único fato" capaz de provar que houve ingerência russa no processo eleitoral americano. Segundo ele, "o Estado russo nunca interferiu e nunca vai interferir" em eleições de outros países. O presidente americano, em resposta, disse que acreditava no seu homólogo russo, o que gerou grande controvérsia dentro da classe política americana.

A pesquisa mostra que os russos mais velhos estão mais convencidos da não interferência do governo russo na votação americana: é a opinião de 77% dos russos acima de 50 anos, enquanto o índice para quem está abaixo desta idade é de 66%. Já dentre os jovens, na faixa etária de 18 a 29 anos, 56% do total acreditam que a Rússia tente influenciar outros países, superando em 15 pontos percentuais o mesmo índice (41%) para os russos acima de 50 anos.

A suposta interferência está sendo investigada pelo procurador especial americano Robert Mueller. Até agora, Mueller fez duas acusações principais: a de que uma "fábrica de trolls" russa criou perfis falsos para influenciar o debate eleitoral americano nas redes sociais; e a de que agentes da espionagem russa foram responsáveis pela invasão dos computadores da campanha de Hillary Clinton, com a divulgação de e-mails que mostravam como a cúpula democrata atuou contra o rival dela no partido, Bernie Sanders.

No geral, os russos se dividem quando perguntados se acreditam que o seu governo tenta influenciar em questões internas de outros países: 45% afirmam que sim, e 46% dizem que não. E, ainda, a vasta maioria de 85% dos russos acha que o governo americano interfere nos assuntos domésticos de diferentes Estados.

O presidente Putin inspira "muita confiança" em 58% dos russos para lidar com questões de política externa, de acordo com as respostas dos entrevistados à pesquisa. Outros 23% expressaram "alguma confiança" no presidente, e 14% afirmaram ter "pouca ou nenhuma" confiança nas suas habilidades como líder internacional. A confiança no chefe do Kremlin, afirma o Pew Research Center, tem se mostrado especialmente alta desde 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia.

Tensa relação

Sobre as relações da Rússia com o Ocidente, que enfrentam um momento especialmente sensível desde a tentativa de envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e da sua filha Yulia no Reino Unido, 80% dos entrevistados consideram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) uma ameaça. E também oito em dez pessoas sentem que as sanções impostas a seu país têm impacto na economia.

Ontem, os Estados Unidos impuseram novas sanções contra dois cidadãos russos, além de uma empresa da Rússia e outra da Eslováquia, como parte de um programa de medidas contra atividades cibernéticas maliciosas.

Em comunicado, o governo americano disse que os cidadãos e companhias afetados - a Vela-Marine, com sede em São Petersburgo, e a Lacno S.R.O., com sede na Eslováquia - tinham ligações com a Divetechnoservices, uma entidade que já havia alvo de sanções por tentar obter equipamentos submarinos e de mergulho para repassar a agências governamentais russas de inteligência, como a FSB. Esta foi acusada, no governo Obama, de assediar moralmente funcionários americanos e de atuar em ciberoperações que tinham as eleições de 2016 como alvo.

Em relação à percepção internacional sobre a Rússia, 61% dos entrevistados disseram que a Rússia deveria ser mais respeitada pelo resto do mundo, enquanto 32% acreditam que país já tenha o nível de respeito que merece. Além disso, tem crescido nos últimos anos a sensação entre os russos de que o seu país tem um papel de liderança internacional mais importante hoje do que há dez anos. É a opinião atual de 72% das pessoas, em comparação aos 59% registrados em 2017.

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