Editorial

Longe da última página

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

O jornal impresso resiste em meio à diversidade dos meios digitais que, todos sabem, saem na frente quanto ao preço de produção, recursos humanos necessários e rapidez em difusão da informação. Essa resistência se deve ao fato de que o jornal mantém uma credibilidade construída desde os tempos em que as manchetes eram cantadas e os exemplares disputados no meio da rua.

Hoje, essa característica é reforçada pelo próprio tempo que o jornal dispõe para a produção do material, checagem, edição, tudo para que a notícia chegue redonda, com todo o conteúdo necessário ao leitor. Daí vem a credibilidade e é isso que mantém o impresso firme, ainda.

E essa força também é comprovada pela presença desses veículos quando o assunto é posicionamento da imprensa. O caso mais recente teve repercussão em todo o mundo e envolveu um dos homens mais poderosos do planeta.

Semana passada, nos Estados Unidos, mais de 300 jornais, entre os quais The New York Times, Dallas Morning News, The Denver Post, The Philadelphia Inquirer e Chicago Sun-Times, se uniram numa reação às afirmações do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o alardeado fake news e a acusação de que a imprensa é “inimiga do povo”.

Apesar da repercussão nas redes sociais, com direito a hashtag #EnemyOfNone (inimigos de ninguém, em tradução livre), a ação começou e ganhou força por meio dos veículos impressos. A campanha foi organizada pelo jornal The Boston Globe e ganhou a adesão tanto de publicações de peso e de jornais menores. Todos em defesa da liberdade de expressão e de imprensa.

Um momento, no mínimo, reconfortante para todos que trabalham para manter vivo o jornal impresso. A campanha dos americanos, com todo o seu alcance, serviu para marcar território e mostrar do que o impresso ainda é capaz. O ato conjunto chamou a atenção para o tema, mostrou a seriedade do problema e balançou as estruturas do poder, fazendo com que o próprio Trump respondesse - e foi para a rede social como a querer negar o impacto causado.

A ação também comprovou que muito pode ter mudado no mundo nesses últimos 20 anos, mas acima de tudo é preciso buscar fontes seguras para saber realmente todas as nuances acerca dessas mudanças. O jornal impresso, na atualidade, é um sinônimo de fonte segura.

O preço de produção, os recursos humanos necessários para a sua produção e a rapidez em difusão são três pontos que até estão encurtando a vida de muitos veículos impressos, mas também são esses mesmos pontos que acabam fazendo com que o jornal se sobressaia em suas edições todos os dias de manhã, já que o tempo é um aliado, possibilitando um produto final mais confiável ao leitor.

Na guerra por publicar furos de reportagem, muitos veículos digitais acabam divulgando informações imprecisas ou incorretas, que vão sendo corrigidas ao longo da apuração de uma reportagem. E é esse fator que, muitas vezes, pode causar desconfiança no leitor.

Assim, não é à toa que a campanha americana nasceu em um jornal impresso e reuniu diversos veículos do gênero. E que esse seja só mais um ato de uma história que ainda parece estar longe da última página.

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