Após décadas

Famílias separadas pela Guerra da Coreia se reencontram

Nova série de reuniões de famílias divididas foi decidida após reaproximação diplomática na península desde o início do ano

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

PYONGYANG - Idosos sul e norte-coreanos se reencontraram ontem na Coreia do Norte, pela primeira vez desde que as suas famílias e a península foram separadas pela Guerra da Coreia (1950-1953).

Esta nova série de reuniões de famílias divididas, que é a primeira em três anos, foi decidida após a reunião do líder norte-coreano, Kim Jong-un, e do presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, em abril deste ano.

Os reencontros acontecem em um resort na cidade de Monte Kumgang, sob a supervisão de agentes norte-coreanos. Até amanhã, 22, 89 idosos sul-coreanos e seus companheiros de viagem passarão 11 horas com os familiares do Norte nesse local.

Entre os familiares que se reencontraram ontem, estão Lee Keum-seom, de 92 anos, e seu filho Ri Sang Chol, de 71 anos. Eles não se viam desde a guerra, quando ficaram presos nos dois lados da Zona Desmilitarizada, que hoje separa as duas Coreias. Lee Keum-seom ficou separada do marido e do filho, que na época tinha quatro anos, e partiu em uma balsa para o Sul com sua filha, que a acompanha neste reencontro.

"Quantas crianças você tem? Você tem um filho?", perguntou a mãe durante o reencontro. "Mãe, meu pai era assim", disse o filho mostrando uma foto de seu pai, que também ficou na Coreia do Norte.

Antes de partir para o encontro, Lee disse que queria perguntar ao filho como ele cresceu sem a mãe e como seu pai o tinha criado. "Não sei o que sinto, se é positivo, ou negativo. Não sei se é real, ou um sonho", afirmou a idosa antes do encontro.

No Sul, ela voltou a se casar e criou sete crianças, mas nunca deixou de se preocupar com aquele filho.

Reencontros

A Guerra da Coreia separou milhões de pessoas: irmãos, pais e filhos, maridos e mulheres. O conflito acabou com um armistício, sem a assinatura de um tratado de paz. Por isso, Norte e Sul ainda estão tecnicamente em estado de guerra e as comunicações civis permanecem proibidas.

Após o encontro em abril, Moon e Kim Jong-un se comprometeram a assinar um acordo de paz ainda em 2018.

Desde 2000, os dois países organizaram 20 séries de reuniões de famílias divididas, geralmente graças à melhoria das relações bilaterais. Mas o tempo está contado, devido à idade dos sobreviventes.

Um total de 130 mil sul-coreanos se apresentou como candidatos a essas reuniões, mas a grande maioria morreu, e muitos estão com mais de 80 anos, um deles, inclusive, com 101.

As pessoas que participaram das reuniões anteriores deste tipo lamentaram o pouco tempo e recordam que foi muito difícil se despedir após três dias. Outras comprovaram com tristeza a enorme brecha ideológica que foi estabelecida entre as famílias após décadas de separação.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.