Degradação humana

Idoso mora no lixo e ainda paga aluguel no São Francisco

Genésio de Sousa, de 82 anos, reside no bairro São Francisco, em local tomado por metais enferrujados, madeira apodrecida, plástico velho, garrafas pet e infestado por ratos e cobras

Daniel Matos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Genésio de Sousa, de 82 anos, reside no bairro São Francisco.
Genésio de Sousa, de 82 anos, reside no bairro São Francisco.

O idoso Genésio de Sousa, o Boliviano, de 82 anos, mora sozinho há seis anos em um casebre de um cômodo cheio de lixo, localizada na Rua Pedro Neiva de Santana, no São Francisco, e ainda é obrigado a pagar uma quantia de R$ 200 para ficar nesse local insalubre. O caso já foi denunciado à Delegacia do Idoso e ao Ministério Público do Maranhão.

Na entrada do imóvel já é possível observar o sinal de descaso. O cheiro insuportável e o lixo tomando conta do espaço. Metais enferrujados, pedaços de madeira apodrecida, plástico velho, garrafas pet, bacia quebrada e mato.

A situação é ainda mais caótica na parte interna. O telhado está coberto de mato. A cama onde o idoso dorme é coberta por resto de comida, sacolas plásticas e cacos de vidro. No local, também é possível encontrar baldes cheios de água apodrecida, lama e até mesmo ratos e cobras. “Moro nessa situação e estou com o dinheiro guardado para pagar a dona da casa, Maria do Ceará, pois ela vem todos os meses buscar o aluguel”, revelou o idoso. Ele admitiu que precisa sair do local, pois tem receio de contrair alguma doença, citando os ratos como ameaças mais perigosas.

Genésio de Sousa contou, ainda, que deixou de fazer a comida no local e que dorme no escuro, porque tem medo de acender alguma chama, causar um incêndio e morrer carbonizado. “Aqui tem muito lixo e caso ocorra algum incêndio posso morrer queimado. Tenho dificuldade para andar e problema na coluna”, relatou o idoso.

O ancião demonstrou ter consciência de que precisa deixar o casebre, admitindo que não tem mais condições de morar sozinho. Porém, informou que o único parente seu que reside em São Luís é um irmão, que também é idoso. “Não quero mais morar aqui, principalmente nessas condições precárias”, declarou o idoso.

Jefferson Sousa, de 49 anos, que é vizinho do idoso, disse que Genésio de Sousa mora há vários anos no imóvel, mas nunca recebeu uma visita de parente. Contou também que a dona do casebre acabou enchendo o imóvel de lixo e que, ainda assim, vai mensalmente buscar o pagamento do aluguel das mãos do idoso. Semana passada, ele ficou trancado na residência insalubre por um período de três dias. Foi necessário chamar a polícia e uma guarnição do Corpo de Bombeiros Militar para retirá-lo.

Genésio foi encontrado muito debilitado, pois estava sem comer, deitado no meio do lixo. Jefferson Sousa ainda relatou que o caso já foi denunciado ao Ministério Público Estadual e à Delegacia do Idoso, que ainda não tomaram providências efetiva para que o problema seja resolvido. “A vizinhança teme que Boliviano venha morrer no local, no meio do lixo e de ratos”, afirmou Jefferson Sousa.

O Estado tentou manter contato, na tarde de ontem, com a Delegacia do Idoso, via telefone, mas não obteve êxito.

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