Eleições 2018

Bolsonaro chama de analfabetos críticos do seu programa de governo

Candidato do PSL participou de formatura de sargentos da Polícia Militar de São Paulo, ambiente de forte concentração de seus eleitores

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Bolsonaro posa com criança e tenta fazer gesto de arma em sua mão
Bolsonaro posa com criança e tenta fazer gesto de arma em sua mão (Bolsonaro)

São Paulo - No seu primeiro evento público desde o início oficial das campanhas nas ruas, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, participou sexta-feira, 17, pela manhã, da formatura de sargentos da Polícia Militar, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Rodeado de um segmento no qual costuma ter muitos eleitores, Bolsonaro se sentiu em casa e, entre afagos e tietagens, aproveitou para atacar os críticos que chamaram de superficiais suas propostas de governo. "Eu não posso responder a esse analfabeto que falou isso". E destacou que as pessoas que "realmente estão preocupadas com o futuro do País" gostaram do plano.

As diretrizes do governo de Bolsonaro foram divulgadas nesta semana. O documento é obrigatório para o registro na Justiça Eleitoral. "Ele (o documento) é uma diretriz. É uma intenção. Vocês nunca cobraram plano de ninguém", questionou o candidato.

Marcado para começar às 10h, Bolsonaro chegou por volta das 8h30 ao evento. O candidato ao Palácio do Planalto aproveitou para cumprimentar os formandos, momento em que foi cercado por vários presentes. "Queremos lembrar que a solenidade não para por aqui", disse o apresentador no microfone, tentando continuar a programação prevista para o evento.

Bolsonaro não foi o único que aproveitou o espaço para um corpo a corpo com o eleitorado no segundo dia de campanha oficial nas ruas. Outros candidatos militares a cargos públicos, como o Major Olímpio, também do PSL, compareceram. Do lado de fora, foi possível encontrar santinhos de alguns candidatos no chão, além de pessoas portando faixas.

O governador Marcio França (PSB), que tenta a reeleição neste ano e apoia o tucano Geraldo Alckmin na Presidência, negou na saída do evento que Bolsonaro tenha se aproveitado da ocasião. "Ele é um militar. Quando ele vai nas solenidades militares, as pessoas gostam dele. Também é um direito das pessoas se manifestar. Ele, na minha visão, não fez nada. Nem falou em público", disse.

Candidato força crianças

a fazer gesto com armas

Repetindo um gesto polêmico, Bolsonaro posou para foto com várias crianças simulando, com elas, o gesto de uma arma com as mãos. Como de praxe em cerimônias deste perfil, algumas destas crianças usavam uma "farda em miniatura".

Procurado pela reportagem na saída, Bolsonaro não comentou o caso. O major Olímpio, candidato ao Senado pelo PSL, negou que o gesto induza as crianças a um comportamento violento. "(O gesto) acabou sendo uma brincadeira", disse, afirmando que as críticas são "bobagens".

"Não é mau exemplo. Eu era criança e brincava de bandido e mocinho. Hoje, as crianças estão brincando de bandido e bandido", acrescentou o candidato ao Senado.

Mudança de poder pós-eleições

pode influenciar futuro da Lava

Jato, diz juiz federal

Marcelo Bretas entende que as prioridades dos ministérios e o novo presidente pode afetar os trabalhos

Mudanças de viés ou prioridades dos Ministérios no próximo governo podem afetar os trabalhos das delações da Lava Jato, disse o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas. Ele afirmou ainda que a mudança de presidente também é relevante, já que o líder do governo tem por atribuição indicar os membros do Supremo Tribunal Federal (STF).

"A mudança de poder é importante e a figura do presidente da República é de importância ímpar, já que ele indica os membros do Supremo Tribunal Federal, a composição mais importante no combate a corrupção", afirmou em conversa com jornalistas paralelamente a evento na Amcham, em São Paulo, sobre Compliance. "A depender do viés que os Ministérios adotem e o que priorizem, deve repercutir nos trabalhos das delações da Lava Jato", acrescentou.

Bretas comentou ainda ser importante que o poder econômico compreenda seu papel e trabalhe de forma legítima com o poder político, dentro de regras de transparência, para que não se repitam erros do passado.

O juiz disse durante sua apresentação no evento que várias tentativas de frear as investigações da Lava Jato foram barradas e que, apesar de todos os ataques, o judiciário tem conseguido trabalhar.

Segunda Turma

Bretas afirmou que a decisão da Segunda Turma do STF, que rejeitou denúncias feitas pela Procuradoria Geral da República contra três acusados na Operação Lava Jato com base em delações, deve ser respeitada, mas que os juízes são livres para decidir questões que não vêm diretamente do plenário do Supremo.

"Não tenho autoridade para comentar essa decisão, embora possa divergir doutrinariamente. O importante é que o que vier de forma vinculante será obedecido, que significa o que vier do plenário do Supremo Tribunal Federal. O que vier de órgãos fracionários são decisões importantes, mas se não for no processo em especial, o juiz é livre para decidir de forma independente", afirmou.

Nesta semana, a Segunda Turma do STF rejeitou denúncia da PGR contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e outros dois acusados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato, argumentando que a denúncia se baseou em delação sem provas suficientes. Bretas não quis comentar o arquivamento nas acusações do Ciro nogueira.

Bretas disse ainda que a decisão não deve implicar em mudança nas delações. "Não vejo mudanças, parece que houve uma decisão de não prestigiar alguns acordos. Mas é preciso ser analisado caso a caso e não conheço as provas daquele processo", comentou.

O juiz defendeu, no entanto, que provas sejam apresentadas nas colaborações, quando essas existirem, lembrando que toma tal cuidado nos seus processos. "O que a lei proíbe, o que o juiz não pode inventar, é que haja condenação exclusivamente no depoimento, palavra. Então, obviamente, se a palavra é confirmada com provas, (o juiz) tem a capacidade de tomar medidas que são necessárias", comentou.

Bretas frisou não estar se referindo a essa decisão recente do Supremo - sobre Ciro Nogueira. "Não conheço as provas e não posso comentar decisão de outro juiz, principalmente do STF", disse.

Bretas defendeu a regulamentação das criptomoedas para evitar o surgimento de um "paraíso fiscal virtual". "Sem regulamentação não faz sentido, porque acaba-se com paraíso fiscal para a criação de um paraíso fiscal virtual. Há discussões no mundo sobre como regulamentar, mas não tenho autoridade para inferir se as criptomoedas devem ou não acabar", comentou na sessão de perguntas e respostas de evento sobre Compliance na Amcham.

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