Pena branda para crimes ambientais

Acusada de atropelar dois cães foi interrogada e sofre ameaças

Ana Giselle Ferreira Atan Fraga, autora da agressão, está escondida, por causa das ameaças de morte que vem recebendo, de acordo com a Polícia Civil; com lesão abdominal, a cadela Dukesa já chegou à clínica sem vida

Daniel Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

[e-s001]Acusada de ter atropelado um casal de cães da raça pastor alemão na terça-feira (14), a enfermeira Ana Giselle Ferreira Atan Fraga foi interrogada no final da tarde da última quinta-feira (16), na Delegacia de Polícia Civil Especial do Meio do Ambiente (Dema). De acordo com a titular da unidade policial, Ana Giselle Atan poderá responder pelo ato em liberdade. Segundo a polícia, a suspeita, sua filha e seus familiares estão escondidos, por causa das ameaças de morte que vêm recebendo.

Com lesão abdominal causada pelo atropelamento, a cadela Dukesa já chegou à clínica sem vida. O outro cão, Peppe, sobreviveu, sofrendo apenas escoriações.

Responsável pelos trâmites do caso, Caroliny Fernandes dos Santos Santana, delegada titular da Dema, relatou ontem a O Estado a versão da enfermeira. “Em interrogatório, Ana disse que estava acompanhando os dois cachorros, que estavam soltos nas ruas, porque os animais tinham avançado em cima de outros e que eles poderiam ir para cima das pessoas. Ela disse que tentou afastá-los, para não haver alguma tragédia, e que não teve a intenção de atropelá-los. Fizemos um levantamento no local onde ocorreu o caso e estamos aguardando uma testemunha, que virá aqui na delegacia, para obtermos mais esclarecimentos”, explicou Santana.

A delegada também afirmou que as penas por crimes ambientais são brandas. Caso a suspeita seja condenada, não passará nem dois anos presa. “Estamos investigando o caso, que é o nosso papel, o papel da Polícia Civil. Se a enfermeira for condenada por esse crime, ela ficará entre um a um ano e alguns meses presa. Mas geralmente a pena regride. Ela também poderá pagar fiança ou com serviços comunitários”, acrescentou a titular da Dema, Caroliny Fernandes dos Santos Santana.

LEIA TAMBÉM:

Maus-tratos a animais ainda é comum em São Luís e no país

Justiça com as próprias mãos
A delegada Caroliny Santana ressaltou que as pessoas que estão ameaçando a suspeita de morte poderão ser presas e disse que um empresário, tido como sócio e cúmplice da suspeita, está também recebendo ameaças.

“Não podemos justificar um crime com outro. No Brasil, não existe pena de morte. Se ela (Ana Giselle) for condenada, pagará pelo crime, como diz a lei. Entendemos a revolta da população e até alguma falha no que determinam algumas leis, mas não se pode fazer justiça com as próprias mãos, porque, se alguém fizer isso, infringirá a lei, assim como Ana, caso for condenada. O caso tomou tanta repercussão que até um empresário, que não tem nada a ver com a suspeita, nenhum vínculo, está recebendo ameaças, pelo fato da Giselle ter conversado com ele nas redes sociais sobre um serviço. Isso é grave. A família desse empresário está assustada. Ele nem a conhece”, acrescentou a delegada.

[e-s001]Repercussão
Câmeras de segurança de uma residência no bairro Residencial Pinheiros, em São Luís, onde o atropelamento aconteceu, flagraram toda a ação. O caso foi registrado na última terça-feira (14), mas só na quinta-feira (16) o vídeo viralizou nas redes sociais e causou revolta nos internautas, inclusive pessoas famosas, em nível nacional.

No vídeo, uma condutora aparece em um carro de cor prata acelerando e passando por cima dos cães, que são da raça pastor alemão. Após o atropelamento, é possível ver o veículo indo embora. Em seguida, os cachorros aparecem nas imagens sangrando e mancando. Um dos cachorros morreu e o outro sobreviveu, com escoriações. A principal suspeita, Ana Giselle Ferreira Atan Fraga, foi suspensa da empresa onde trabalha, após a repercussão do caso.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.