Editorial

Educação em perigo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29

Um episódio ocorrido na tarde da última terça-feira (14), na Unidade de Ensino Básico Roseno de Jesus Mendes, na Vila Janaína, bairro vizinho à Cidade Operária, evidenciou ainda mais a onda de violência nas escolas da região metropolitana de São Luís, onde uma minoria de alunos pratica atos criminosos para intimidar diretores, professores e colegas, com consequências terríveis para toda a sociedade. A vítima mais recente foi um professor, que teve o seu carro furtado de dentro do pátio da unidade de ensino, após a chave do veículo sumir em plena sala de aula.

O educador ministrava uma aula quando percebeu que a chave do seu carro havia desaparecido. Em um primeiro momento, interrompeu as atividades e foi à área externa da escola verificar se o automóvel estava no lugar onde ele havia estacionado. Como o veículo permanecia no local, o docente não se preocupou e retornou ao seu trabalho na classe.

Ao fim do turno de aulas, o professor dirigiu-se ao estacionamento para ir embora no carro. Tamanha foi a sua surpresa ao se deparar com a vaga vazia. Desesperado, o educador comunicou o fato à direção da escola e registrou ocorrência policial. Ao realizar buscas com o intuito de recuperar o automóvel, a polícia prendeu dos indivíduos maiores de idade e um menor, que teriam sido os autores do furto. O carro também foi localizado e devolvido ao proprietário, após ter sido usado para a prática de assaltos na Ilha.

A polícia investiga se houve participação de um ou mais alunos no delito. Mas o sumiço da chave do carro em plena sala de aula é uma forte evidência de envolvimento de, pelo menos, um estudante da UEB Roseno de Jesus Mendes, situada em uma área dominada por facções criminosas. Formados, em sua maioria, por adultos jovens e até por adolescentes, os grupos praticam todo tipo de violação à lei, desde furtos e assaltos e a tráfico de drogas, com confrontos quase diários, muitas vezes com troca de tiros.

Nem mesmo o trabalho providencial realizado pela Ronda Escolar, espécie de patrulha instituída pela Polícia Militar para atuar no combate à violência nas unidades de ensino, tem sido capaz de conter a ação de criminosos na rede educacional pública. Palestras, dinâmicas de grupo e nem mesmo as medidas repressivas têm levado à regressão das estatísticas, que sempre apontam para um cenário desfavorável, tanto para a segurança, quanto para o processo de ensino e aprendizagem.

Desesperados diante de tanta criminalidade, os pais, muitas vezes, ficam na dúvida se mandam ou não os seus filhos para a escola. E, na maioria das vezes, entre comprometer o futuro dos seus descendentes ao mantê-los fora de sala de aula e perdê-los de vez para a violência, escolhem a primeira opção. Trata-se de um dilema que a muitos cidadãos aflige.

O caso serve de alerta, mais uma vez, para a audácia dos criminosos que agem no entorno e até mesmo dentro das escolas, muitos deles travestidos de estudantes.

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