Acidente

Decretado estado de emergência em Gênova após ponte desabar

Primeiro-ministro Giuseppe Conte diz que concessão deve ser cancelada e empresa responsável, punida com multas severas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
O premiê Giuseppe Conte (ao centro) anuncia a decretação de estado de emergência em Gênova
O premiê Giuseppe Conte (ao centro) anuncia a decretação de estado de emergência em Gênova (Conte, premiê da Itália)

GÊNOVA - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, decretou estado de emergência na região de Gênova após o desabamento de uma ponte que deixou 39 mortos e cortou a ligação terrestre da cidade portuária italiana com o Sul da França.

Em entrevista coletiva em Gênova, Conte disse ter tomado a decisão após um pedido das autoridades regionais. Como no Brasil, a emergência permite ao governo fazer gastos e adotar medidas excepcionais.

O premiê fez duras críticas à concessinária Autostrade, responsável pela manutenção da ponte e controlada pelo grupo Atlantia (que também atua no Brasil). A concessionária administrava a ponte e também cuida da rodovia A10, da qual a estrutura fazia parte.

Conte afirmou que a empresa deveria ter garantido a segurança da ponte, e que o governo tomará providências imediatas a respeito. Segundo ele, o contrato com a Autostrade deve ser revogado e a empresa, punida com pesadas multas.

O governo italiano já está exigindo a demissão dos diretores da concessionária Autostrade per l'Italia, do grupo Atlantia, responsável pela manutenção da ponte.

"Para começar, os diretores da Autostrade per l'Italia da devem pedir demissão. E, como houve falhas graves, já iniciamos os procedimentos para uma possível revogação das concessões e para infligir até €150 milhões (R$ 656 milhões) de multa", anunciou no Facebook o ministro da Infraestrutura e Transportes, Danilo Toninelli. "Se eles não são capazes de manter nossas estradas, o governo o fará."

A ponte foi construída nos anos 60 e se sustentava sobre pilares estreitos, atravessando rios, ferrovias e edificações para levar o tráfego até o centro de Gênova.

"Quando pagamos pedágio, imaginamos que o dinheiro será reinvestido na manutenção de pontes e estradas", disse o vice-premiê Luigi Di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas. "Se [a concessionária] só reparte os lucros, é aí que a ponte desaba". Só na Itália, a Atlantia faturou em 2017 € 3,9 bilhões (R$ 17 bilhões) com os pedágios em estradas, o que corresponde a 62% da receita do grupo.

Investigação

O desastre da Ponte Morandi, em Gênova, na Itália, deixou, até o momento, 39 mortos. Equipes de resgate buscam por mais sobreviventes em meio aos escombros.

Ainda não se sabe o que provocou o colapso parcial da estrutura, que atravessa uma área densamente habitada da cidade, no noroeste do país. Por ela, passa a rodovia A10, que liga cidades no Norte da Itália ao Sul da França.

Roberto Robbiano, de 44 anos, e Ersilia Piccinino, de 41, viajavam com seu filho Samuele, de 8 anos, para a área de Voltri, na parte oeste de Gênova, para almoçar com familiares. Eles eram de Campomorone. Relatos da imprensa local afirmam que, enquanto seus corpos eram retirados do veículos destruído, um celular com a palavra “Mamma” tocava em seu interior.

Outra família aniquilada no desastre foi a de Andrea Vittone, de 49 anos, e sua mulher Claudia Possetti, de 48, que passavam no local com os dois filhos dela, Manuel e Camilla Bellasio, respectivamente com 16 e 12 anos.

Amigos em viagem

Entre as vítimas está também um grupo de amigos de Torre Del Greco: Matteo Bertonati, Giovanni Battiloro, Gerardo Esposito e Antonio Stanzione, todos na casa dos vinte anos, estavam atravessando Gênova para viajar a Nice e depois para Barcelona.

Os franceses Axelle Nèmati Alizee Plaze, de 21 anos, Nathan Gusman, de 20 anos, e Melissa Artus, de 22, saíram de Montpellier e estavam a caminho da Sardenha, mas sua viagem foi interrompida na Ponte Morandi.

Celebração da vida

Elisa Bozzo tinha 34 anos e era da província de Gênova. Em seu perfil no Facebook perguntava "Como posso não celebrar você, vida?"

Juan Carlos Pastenes, de 64 anos, era chef. Originalmente de Santiago do Chile, ele morava em Gênova há mais de 30 anos.

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