INFRAESTRUTURA

Condição de vias prejudica tráfego em faixas exclusivas para ônibus

Motoristas reclamam da quantidade de buracos e ondulações na faixa de ônibus; situação prejudica usuários do serviço, porque coletivos deixam de usar a faixa para não cair em declives e não param para pegar passageiros

MONALISA BENAVENUTO / O ESTADO

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Ônibus deixam de trafegar pela faixa exclusiva por causa de desníveis e falhas no asfalto da avenida
Ônibus deixam de trafegar pela faixa exclusiva por causa de desníveis e falhas no asfalto da avenida (ônibus)

Desníveis e buracos na faixa azul, via exclusiva para ônibus, na Avenida Marechal Castelo Branco, no São Francisco, estão prejudicando o tráfego de coletivos no local. O problema afeta motoristas e usuários do transporte público, além de empresários da região.

É unânime entre a população de São Luís que utilizar o transporte público da cidade não é tarefa fácil. Além das dificuldades comuns, como lotação, congestionamentos e condições dos veículos, em alguns pontos da cidade, os passageiros precisam lidar com motoristas que deixam de transitar pela faixa exclusiva.

A estudante Tájara Correia diariamente aguarda pelos ônibus nos pontos da Avenida Marechal Castelo Branco e contou algumas dificuldades enfrentadas. “Às vezes, a gente está com pressa aqui e o ônibus passa pelo outro lado da avenida e acabamos perdendo. Atrapalha muito, porque a gente acaba se atrasando para a aula”, relatou.

De acordo com os motoristas que circulam pela avenida, a situação se deve pela má qualidade da via. Eles reclamam da quantidade de buracos e ondulações presentes na faixa de ônibus e explicam que muitas vezes preferem passar pela faixa de fluxo comum para evitar prejuízos com os veículos, como ressaltou o motorista Edeilton Nunes.

“É muito complicado passar por aqui, porque tem muito buraco. Os carros sempre quebram peças e os motoristas são responsáveis. Tem trecho dessa faixa de ônibus que a gente até evita passar, porque os buracos quebram as molas dos ônibus”, destacou.

O argumento é comum entre a classe. Jean Macedo também é motorista do transporte público e diariamente passa pela Avenida Marechal Castelo Branco. “A gente nem usa muito as faixas, porque tem muito desnível, e como o espaço é pequeno é preciso passar por fora, para contornar os buracos”, frisou.

Prejuízos
Em julho deste ano, O Estado esteve na mesma avenida, após reivindicação de empresários da área. Eles alegavam que a implantação do sistema de faixas exclusivas para ônibus estava prejudicando o setor comercial e muitos lojistas já haviam deixado o local. Na ocasião, o empresário lotérico Domingos Júnior chamou atenção para os buracos presentes na via que, em dias de chuva, acumulam água que é jogada pelos veículos em fachadas de lojas e pedestres que passam pelas calçadas.

A Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp) informou, em nota, que está trabalhando em diversos bairros da capital, por meio do programa Asfalto na Rua, visando garantir a melhoria da infraestrutura de ruas e avenidas e que o bairro do São Francisco está recebendo serviços esta semana.

A Semosp frisou que, num primeiro momento, as obras priorizam os principais corredores viários e as ruas por onde o transporte público circula nos bairros, mas que os serviços serão estendidos para as vias internas. A secretaria ressalta que diariamente realiza serviços de manutenção corretiva para corrigir deformações e fissuras nas vias, terraplanagem, construção de calçadas, contenção de erosão e desobstrução de bueiros e galerias.

SAIBA MAIS

O que dizem os especialistas
Segundo a professora de engenharia da USP, Rosângela Motta, o asfalto não é ruim, mas pode deformar com o calor. A opção pelo concreto, apesar de mais cara, nesse caso traz vantagens. Ainda de acordo com a especialista, esse tipo de serviço pode custar mais caro, no entanto, a longo prazo, é mais rentável e durador que o asfalto comumente utilizado.
Corredores de ônibus esburacados
A modernização dos sistemas de transporte coletivo é uma necessidade latente, mas também é urgente que se resolva a questão da pavimentação das vias utilizadas por esse sistema. A circulação dos ônibus nos dois sentidos em grandes avenidas e ruas ocasiona excesso de carga pesada repetidas vezes em um mesmo local. O problema está tanto no peso dos veículos e suas frenagens quanto no volume de viagens realizadas. Além disso, existem outros agravantes que contribuem para o desgaste mais rápido do asfalto, como as altas temperaturas e as vias com curvas acentuadas e muito íngremes.
Pavimento rígido pode ser uma solução
O pavimento de concreto é uma alternativa adequada para o problema dos corredores de ônibus, devido ao custo competitivo, resistência e alta durabilidade do material, sendo necessário o mínimo de manutenção. O Brasil foi um dos primeiros países a utilizar o pavimento de concreto já no início do século XX. Seu uso foi intensificado até a década de 1970, diminuindo a partir daí por problemas de conjuntura econômica e financeira. Nos anos 90, o produto voltou a ser utilizado por garantir durabilidade e economia às gestões públicas. A mudança ocorrida nos últimos anos foi a forma de execução da pavimentação, que adotou técnicas modernas que garantem a excelência no conforto de rolamento, como se vê em outros países.

Vantagens do pavimento de concreto

• Não promove aquaplanagem, mantendo a superfície seca e drenada;
• Melhor visibilidade por reflexão, economizando 30% nos gastos de iluminação pública;
• Menor custo operacional dos veículos (suspensão, freios e pneumáticos);
• Maior durabilidade com pouca manutenção, comparado ao pavimento flexível;
• Não sofre deformação plástica, buracos e trilhas de rodas;
• Não sofre deformação na frenagem e aceleração;
• Não sofre ataque de substâncias derivadas do petróleo;
• Economia de combustível na ordem de 20% em ônibus e caminhões carregados;
• Redução de até 14ºC na temperatura de superfície do pavimento;
• Conforto de rolamento;
• Custo de construção competitivo ao longo de sua vida útil, comparado ao sistema flexível

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