Eleições

Presença de militares na disputa eleitoral aumenta 92% em 2018

Levantamento aponta 25 representantes das Forças Armadas, das polícias militares e dos corpos de bombeiros na disputa de presidente, vice-presidente, governador e vice-governador

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Jair Bolsonaro estimulou presença de militares em campanha
Jair Bolsonaro estimulou presença de militares em campanha (Jair Bolsonaro)

Incentivados pela reprovação a políticos de carreira, militares ampliaram a participação na disputa por cargos do Poder Executivo neste ano. O número de candidatos originários das Forças Armadas, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros quase dobrou em relação ao pleito de 2014. O jornal "O Estado de S. Paulo" identificou pelo menos 25 militares, da ativa ou da reserva, que vão concorrer a presidente, vice-presidente, governador ou vice-governador, ante 13 nomes na eleição passada, um aumento de 92%. Se comparado com 2010, quando sete militares disputaram esses cargos majoritários, a alta chega a 257%.

Quando considerado todo o universo de candidatos ao Executivo, os militares representam 7% dos nomes já anunciados pelos partidos. Na eleição passada, a proporção era de 3% do total de profissões registradas ao fim do pleito, conforme dados da Justiça Eleitoral. Os números podem sofrer variações porque o prazo para os candidatos requisitarem o registro vai até a próxima quinta-feira. O perfil dos candidatos vai de apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) até militar filiado a partidos de esquerda.

Com mais de 64 mil assassinatos registrados no ano passado e confrontos frequentes entre facções criminosas internacionalizadas, a violência tornou-se uma das pautas mais sensíveis do debate eleitoral.

"Os militares estão sendo alçados a se candidatar como consequência do momento nacional, um País enfrentando tantas mazelas e dificuldades. Pesquisas de opinião junto à sociedade brasileira mostram que, entre as demais instituições, as Forças Armadas têm maior índice de confiabilidade. E a sociedade está em busca disso", afirma o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que promoveu rodadas de conversas com os principais concorrentes à Presidência da República. Essa visão é endossada pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, general Sérgio Etchegoyen.

Para o cientista político Hilton Cesario Fernandes, da FESPSP, com a crise na área da segurança pública, os casos de corrupção e o descrédito nos nomes tradicionais da política "era de se esperar que militares fossem o ‘perfil da vez’ para muitos eleitores". "E esta é uma tendência que não tem dado sinais de mudança para os próximos anos", afirmou ele.

Divisão

Dos 25 nomes, seis são do Exército, a maior das três Forças e a mais influente politicamente. Não há candidatos da Marinha ou da Aeronáutica. Os demais são policiais (17) e bombeiros militares (2). A reportagem não incluiu na contagem candidatos a cargos no Legislativo nem carreiras vinculadas à segurança pública, mas de caráter civil, como guardas municipais, delegados e policiais civis ou federais que também vão disputar cargos majoritários

Três militares concorrem ao Palácio do Planalto, como candidato a presidente ou vice: Bolsonaro, que é capitão da reserva do Exército, e seu candidato a vice, o general da reserva do Exército Hamilton Mourão (PRTB), além do deputado Cabo Daciolo (Patriota), ex-bombeiro.

Os outros 22 nomes disputam cargos de governador ou vice. No Rio, por exemplo, o PRTB lançou uma chapa pura formada por dois policiais militares. Em São Paulo, três mulheres da Polícia Militar foram convidadas para compor chapas como candidatas a vice-governadora do Estado.

Bolsonaro tem encontro

com empresários

O deputado Jair Bolsonaro, candidato à Presidência pelo PSL, ampliou os esforços para conquistar apoio do empresariado com um encontro na sexta-feira, 10, em São Paulo. O evento, que ocorreu na manhã seguinte ao primeiro debate entre presidenciáveis na TV, reuniu cerca de 60 representantes do setor produtivo e foi organizado por Fábio Wajngarten, dono de uma empresa de pesquisas de audiência e colaborador da campanha de Bolsonaro.

Bolsonaro fez um discurso moldado à plateia e enfatizou sua adesão ao ideário liberal na economia. Ele se disse favorável, por exemplo, à análise da venda de algumas partes da Petrobrás. Também manifestou concordar com a associação entre a Embraer e a americana Boeing diante do aumento da concorrência no setor.

Parte do público manifestou dúvida sobre como o candidato, que pertence a um partido pequeno, conseguirá viabilizar seu programa de governo caso seja eleito. Bolsonaro afirmou que a governabilidade virá do apoio das chamadas bancadas da bala, do boi e da Bíblia.

O encontro durou cerca de duas horas, com Bolsonaro respondendo a perguntas dos convidados de maneira informal. "Muitos empresários queriam essa possibilidade de ter um encontro ao vivo. Nossa preocupamos foi ter algo rico em conteúdo", afirmou Wajngarten.

Dono da rede varejista Riachuelo, Flávio Rocha ocupou lugar de destaque na plateia que se formou ao redor do candidato. O empresário chegou a se lançar como pré-candidato pelo PRB, mas recuou da empreitada. Seu partido fechou apoio à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) juntamente com outros partidos do Centrão Ao Estado, Rocha afirmou que esteve no evento, mas que não tem posição fechada em relação à corrida presidencial. "Acho que estamos numa situação que faz todo sentido o voto útil", limitou-se a dizer.

Durante o encontro, o anfitrião chegou a sugerir que Rocha compusesse o ministério de Bolsonaro, que reagiu positivamente à ideia. Entre os presentes, estavam ainda nomes como o dono da construtora Tecnisa, Meyer Nigri; o dono da Centauro, Sebastião Bomfim Filho, e o presidente do conselho da Localiza, Salim Mattar.

Com o evento, Bolsonaro tenta aumentar a adesão à sua candidatura e reduzir a desconfiança do empresariado. Como revelou o Estado em julho, ele se reuniu a convite de Abilio Diniz com Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco; David Feffer, presidente do conselho da Suzano, e José Roberto Ermírio de Moraes, do Votorantim.

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