Venezuela

Corte ordena prisão de opositor acusado de ataque a Maduro

O ex-presidente do Parlamento, Julio Borges, foi preso por supostamente ter planejado um atentado, no último sábado, 4, contra o presidente

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
No Palácio Miraflores, o presidente Maduro anuncia repressão contra opositores
No Palácio Miraflores, o presidente Maduro anuncia repressão contra opositores (Presidente Maduro)


CARACAS - A Suprema Corte da Venezuela ordenou ontem a prisão do líder da oposição Julio Borges, ex-presidente do Parlamento, por supostamente ter planejado um atentado para assassinar o presidente Nicolás Maduro. Duas explosões durante uma parada militar do último sábado, 4, na qual o chefe do Palácio de Miraflores discursava, desencadearam uma ofensiva do governo contra a oposição, a que acusa de responsabilidade pelo suposto ataque.

Em nota, o Tribunal Supremo de Justiça, dominado por juízes alinhados ao governo chavista de Maduro, ordenou a detenção imediata de Borges sob a acusação de tentativa frustrada de homicídio doloso qualificado contra o presidente. Na terça, 7, Maduro já afirmara que as declarações de seis detidos pelo suposto atentado apontavam para Borges, que e atualmente vive na Colômbia, país vizinho à Venezuela.

Além disso, o tribunal máximo venezuelano julgou procedente a acusação pelo presidente do deputado Juan Requesens, um dos opositores mais críticos do governo de Maduro, que já fora preso na terça-feira. Ex-líder estudantil, Requesens foi levado de casa com a irmã, a dirigente estudantil Rafaela (depois libertada, segundo a família), por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), a polícia política do país. Câmeras de segurança da casa de Requesens mostram que houve violência na prisão.

Especificamente, o presidente afirmou que Borges e Requesens foram citados pelo sargento da reserva Juan Carlos Monasterios Vanegas, um dos supostos autores do ataque, em depoimento às autoridades. Maduro apresentou um vídeo que mostra Monasterios afirmando que Requesens, "por intermédio de Julio Borges", engendrou sua viagem à Colômbia para treinar os autores do atentado. O governo de Caracas garante que os autores materiais do atentado foram treinados numa fazenda na localidade colombiana de Chinácota, com dinheiro de pessoas que residem na Flórida, EUA.

Requesens, 29 anos, havia discursado na terça no Parlamento convocando a população a "tirar Nicolás Maduro" do poder e a "acabar com esta tragédia".

"Vamos poder receber todos os venezuelanos que estão loucos para voltar ao país. Os que permanecem aqui não têm outra alternativa que seguir esticando a corda até que se rompa e que possamos tirar Nicolás Maduro", conclamou Requesens.

Já nesta quarta, o procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, disse que 19 pessoas estavam diretamente vinculadas com o suposto ataque, identificando mais dois nomes: Argenis Valero Ruiz e José Rivas. Segundo ele, ambos foram, assim como Monasterios, levados a tribunais e receberam ordens de detenção, congelamento de contas bancárias e apreensão de bens. Eles foram acusados pelos crimes de traição da pátria; tentativa frustrada de homicídio doloso contra o chefe de Estado e por motivo ignóbil; lançamento de dispositivo explosivo; terrorismo; dano violento a propriedade; e associação criminosa.

Operadores

O procurador também identificou os operadores de um dos drones como Brayan Oropeza e Alberto Bracho. Eles teriam sido levados ao local de onde guiaram a ação por Yanin Pernía numa picape de cor azul. Não está claro se estas pessoas já foram detidas. Os operadores do segundo drone seriam Valerio Ruiz e Monasterios - cuja família vem denunciando a falta de fornecimento de informações sobre a detenção pelas autoridades para seus advogados e parentes.

Além disso, os supostos financiadores do ataque, identificados por Saab como Rayder Russo, Oswaldo Garcia (um coronal da Guarda Nacional Bolivariana) e Osman Delgado viveriam no exterior. Os dois primeiros teriam atuado da Colômbia, e o último dos Estados Unidos. O governo venezuelano diz ainda que pedirá apoio internacional aos dois países para buscar os suspeitos.

"Este é só o início da justiça. Depois dos interrogatórios realizados, de várias operações e de perícias, ficou estabelecida a vinculação de 19 pessoas diretamente envolvidas com o atentado", disse o procurador-geral.

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