Atentado

EUA negam envolvimento em suposto ataque contra Maduro

O grupo Soldados de Franelas assumiu a autoria da ação em redes sociais; governo diz que drones provocaram explosões

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
O presidente Nicolás Maduro e esposa durante evento militar em Caracas
O presidente Nicolás Maduro e esposa durante evento militar em Caracas (Nicolás Maduro)

WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos negou ontem envolvimento no suposto ataque de drones contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, ocorrido no sábado,4, durante um evento militar em Caracas. Maduro disse que o objetivo era matá-lo e acusou os Estados Unidos e a Colômbia de estarem por trás do incidente. Um grupo reivindicou a autoria da ação, mas pairam dúvidas sobre o que realmente ocorreu.

O governo da Venezuela disse ontem que seis pessoas foram detidas após um suposto ataque de drones contra o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, informa a agência Reuters. Políticos de oposição no país alertaram sobre uma possível repressão

"Eu posso dizer inequivocamente que não há nenhum envolvimento do governo dos EUA nisso tudo", disse o assessor de segurança nacional dos Estados Unidos, John Bolton, ao "Fox News Sunday" em uma entrevista.

Em um discurso transmitido pelos canais de rádio e televisão oficiais, Maduro afirmou logo depois do incidente que os financiadores do que ele chamou de ataque estão na Flórida (EUA) e pediu ajuda ao presidente americano, Donald Trump, para enfrentá-los.

O presidente venezuelano também relacionou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao incidente. "Tentaram me assassinar no dia de hoje e não tenho dúvida de que tudo aponta para a direita, a ultradireita venezuelana em aliança com a ultradireita colombiana e que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado, não tenho dúvidas", afirmou o chefe de estado venezuelano.

Em uma mensagem publicada nas redes sociais, o grupo Soldados de Franelas assumiu autoria da ação. Os equipamentos, de acordo com o grupo, foram derrubados por seguranças de Maduro antes de chegarem perto do presidente.

A conta de Twitter @SoldadoDfranela, foi criada em março de 2014 e conta com 95 mil seguidores. O grupo afirma ser composto por militares patriotas e civis leais ao povo venezuelano, que buscam resgatar a democracia de uma nação sob ditadura.

"Demonstramos que são vulneráveis. Não conseguimos (alcançar o objetivo) hoje, mas é questão de tempo", diz o Soldados de Camiseta num tuite.

Drones ou explosão em apartamento?

No sábado,43, o ministro das Comunicações, Jorge Rodriquez, afirmou que "dois artefatos voadores, tipo drone" explodiram enquanto Maduro discursava no aniversário da Guarda Nacional Venezuelana. O presidente Maduro saiu ileso no que o governo chamou de "ataque", mas sete militares ficaram feridos.

Porém, bombeiros que estavam no local contestaram a versão do governo, segundo a Associated Press. Segundo três oficiais ouvidos pela agência em condição de anonimato, o incidente foi na verdade uma explosão de um tanque de gás dentro de um apartamento.

Alguns minutos após a explosão, as forças de segurança inspecionaram um prédio próximo, cuja fachada estava escurecida, segundo a agência France Presse.

Uma imagem retirada de um vídeo feito nas imediações mostra uma grande quantidade de fumaça saindo detrás de um edifício.

Transmissão pela TV

Parte do incidente pôde ser visto pelas imagens da emissora estatal VTV. O presidente venezuelano estava de pé, prestes a terminar seu discurso, quando ouviu um barulho. Maduro olhou para o alto, assim como a primeira-dama, Cilia Flores, e o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López.

A transmissão foi interrompida e, logo depois, as imagens mostraram dezenas de militares correndo de forma desordenada. Fotos mostram seguranças protegendo Maduro com escudos à prova de bala, após o suposto atentado.

Maduro disse que as investigações estão adiantadas e anunciou a detenção de vários suspeitos. O general Tarek William Saab anunciou que os presos seriam apresentados publicamente na segunda (6), de acordo com a BBC.

Por que há dúvidas?

Essa não é a primeira vez que Maduro denuncia ter sofrido um atentado, de acordo com a BBC. Apesar das imagens do momento em que o episódio ocorreu, há dúvidas sobre se realmente foi um atentado, porque não foram apresentadas provas para respaldar as acusações.

O ceticismo se explica em parte porque, na transmissão oficial do evento, não é possível ver qualquer drone e testemunhas que estavam presentes ao evento disseram à imprensa que não viram esses "artefatos voadores", ainda segundo a BBC.

A Frente Ampla Venezuela Livre, que é da oposição, também questiona a versão oficial. "Ainda é preciso ver se realmente foi um atentado, um acidente fortuito ou alguma das outras versões que circulam pela internet", disse.

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