Saúde

Estado estaria recebendo R$ 2,8 mi das UTIs retiradas de Imperatriz

Município vai representar no MPMA contra o Governo do Estado, que há 10 meses recebe repasses da União para manutenção dos 20 leitos de UTI fechados em setembro do ano passado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
Imperatriz ficou oito meses com 20 leitos a menos para atendimento a pacientes em UTI
Imperatriz ficou oito meses com 20 leitos a menos para atendimento a pacientes em UTI (UTI Imperatriz)

IMPERATRIZ - O setor jurídico da Prefeitura de Imperatriz vai representar no Ministério Público contra o Governo do Estado, que há 10 meses recebe e se apossa dos repasses feitos pelo Governo Federal para manutenção dos 20 leitos de UTI fechados em setembro do ano passado. A alegação, para o fechamento, foi de desacertos contratuais com a empresa STI (Serviço de Terapia Intensiva). Dezenas de vidas se perderam por falta dessas UTIs, até que a Prefeitura, com recursos próprios (em sacrifício de outras prioridades), implantasse novos 20 leitos nas instalações do Hospital Alvorada, em junho passado.

Em setembro de 2017, o Governo do Estado rompeu com a STI e fechou os 20 leitos que funcionavam dentro do Hospital da Unimed. Esse apoio do Estado se dava há alguns anos, desde quando ainda era governadora Roseana Sarney, que socorreu a região imperatrizense em virtude da grande demanda gerada por cidades de três estados, Maranhão, Pará e Tocantins.

A Prefeitura de Imperatriz, a partir de então, só pode contar com os 20 leitos do Socorrão e os 10 do Socorrinho. Doente em estado gravíssimo, vítimas principalmente de traumas, AVCs e infartos, só têm chance de sobreviver se forem para uma UTI. Pelo que se vê no Portal da Prefeitura, que disponibiliza a evolução dos pacientes dos seus leitos no Socorrão e no Socorrinho, mais da metade de quem recebe esse tipo de suporte sobrevive.

Foram oito meses com 20 leitos a menos, até que na primeira semana de junho o prefeito Assis Ramos inaugurasse 20 leitos novos, instalados dentro do Hospital Alvorada. “Certamente, são incontáveis as vidas que se perderam no período, porque o fechamento desses leitos, abruptamente, tirou a chance de socorro eficiente a mui­ta gente que se viu à beira da morte no período”, observa o prefeito Assis Ramos.

Repercussão
No dia 15 de junho, por conta da repercussão da iniciativa do prefeito, o secretário de Saúde do Estado, Carlos Eduardo Lula, foi à Câmara de Imperatriz para anunciar que “no máximo em uma semana” os 20 leitos de responsabilidade do Estado voltariam a funcionar. “Já se vão quase 8 semanas e o Estado não nos devolveu sequer um leito. Não era verdade o que o senhor Carlos Lula, em nome do governador, veio aqui nos dizer”, diz Assis Ramos.

O mais grave de tudo: de setembro do ano passado até hoje, o Estado recebeu do Ministério da Saúde exatos R$ 2.872.320,00 para pagar a conta dos leitos de UTI que não existem mais em Imperatriz. Esse dinheiro, que continua vindo em cotas mensais, seria exclusivo para isso, mas o Governo Federal sequer foi informado de que o serviço foi interrompido.

“Se o Estado está fazendo algum fundo com esse dinheiro, certamen­te estamos diante de uma poupança macabra, às custas de dezenas de vidas. Alguém vai ter que ser responsabilizado e, para que isso ocorra e para que se dê uma satisfação às famílias das vítimas desse descaso, vamos ao Ministério Público”, afirmou o prefeito Assis Ramos.

SAIBA MAIS

Nota da SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que já realizou processo para contratação de 20 leitos, em Imperatriz. A SES comunica que o processo está em fase de empenho e assinatura do contrato com a empresa Unimed, vencedora do credenciamento. A secretaria esclarece, também, que inabilitou a empresa STI por fraude no credenciamento. Já o recurso repassado para a SES encontra-se represado, em razão da destinação do Ministério da Saúde para STI. Por essa razão, a secretaria já enviou uma exposição de motivos para que esse recurso seja destinado ao Hospital Macrorregional de Imperatriz, que detém serviço de UTI e atende os pacientes do SUS desta região.

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